“Assim como a Lei Maria da Penha ajuda a combater e prevenir a violência doméstica, nós podemos também evitar a violência sexual, que acontece nos lares mas também em outros ambientes”, argumentou a coordenadora do instituto Me Too Brasil, Marina Ganzarolli. Fundado em 2020, o instituto tem o mesmo nome da hashtag do movimento internacional #Me Too, que tornou público o assédio na indústria do cinema de Hollywood.
Acompanhada da jornalista Patrícia Marins, que é também conselheira da organização que atua contra o assédio e a violência sexual, Marina visitou a Procuradoria Especial da Mulher do Senado nesta 3ª feira, 23 de maio, para conversar com a senadora Zenaide Maia, procuradora Especial da Mulher do Senado.
“Eu quero colocar o Me Too à disposição de todas as pautas que envolvem assédio sexual”, disse a coordenadora. Criado em 2020 para dar apoio e visibilidade a mulheres vítimas de violências no contexto da pandemia, hoje o Instituto atende a amplo público que é vítima de violência sexual, inclusive masculino, que, muitas vezes, relata abuso na infância.
Cartilha
“O estuprador não tem cura”, lamentou a senadora. A procuradora da Mulher do Senado se interessou pelo trabalho que o Me Too quer fazer de levar às escolas material educativo e preventivo, como a cartilha “Como conversar com homens sobre a violência contra as mulheres”, que a Federação Brasileira dos Bancos imprimirá como parte de acordo com os bancários para investir no enfrentamento à violência contra as mulheres.
A pauta do enfrentamento ao assédio sexual ganhou muita força no setor bancário desde junho de 2022, quando o então presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, foi denunciado por assédio sexual contra várias funcionárias e deixou o cargo após o escândalo que abalou a opinião pública.
Psicopatia
Para a senadora, muitos algozes da mulher são psicopatas que não se sentem culpados de forma nenhuma pela violência. “É como naquela música do Luiz Gonzaga, em que o cara diz só deu uns risquinhos, uma facadazinha, o cabra é que era morredor”, lembrou.
“Na violência contra a mulher, ela se sente como se fosse a culpada”, disse a senadora, lembrando casos de sua experiência de atendimento médico no setor público, quando diversas vezes atendia mulheres vítimas de violência de gênero.
“A primeira coisa que os algozes das mulheres tiram é a autoestima da mulher – você tem filhos, mas não pode ter estrias, não pode engordar!”, criticou a senadora Zenaide.