* Este conteúdo é de responsabilidade do autor, não necessariamente expressa a opinião do PSB.
*Por Dora Pires
Que novo Brasil é esse?
Quando mais precisamos reequilibrar o Brasil, já tão castigado por atitudes pouco republicanas e irresponsáveis, o presidente interino, Michel Temer inicia sua gestão com retrocessos em relação as conquistas do povo brasileiro. Povo negro e povo mulher. Povo de cor e de gênero. Assim é desenhada a maioria da população brasileira e, em nenhum momento, vimos qualquer traço dessa representação na nova composição do primeiro escalão deste novo governo. Um grande retrocesso para os direitos humanos.
Em relação as mulheres, nitidamente, uma grande perda para os avanços da igualdade de gênero no País. Um retrocesso na representação de mulheres no alto escalão do governo. Inclusão, equidade e justiça deixaram o primeiro plano e o enfrentamento das desigualdades estruturais, aquelas desigualdades que suprimem e tolhem os direitos adquiridos, fica enfraquecido.
É importante perceber, que num governo verdadeiramente democrático, laico, largo e igual, os segmentos sociais, sujeitos à desigualdades, possam se fazer representar nos ambientes institucionais. As mulheres, para exemplificar, não deveriam ser marginalizadas, subalternizadas e/ou invisibilizadas, como estiveram ao longo da vida na história brasileira e como estão agora, equidistantes ao poder central e as tomadas de decisão, inclusive em relação às políticas, próprias de sua natureza, já que o ministro da pasta onde está, invisibilizado, o organismo de políticas públicas para mulheres, é um homem.
O que isso significa? Retrocesso!
Como as mulheres vão poder continuar os avanços conquistados, considerando que as transformações efetivas para a consolidação de uma política de promoção de igualdade de gênero, dependem e só acontecem quando apoiadas por representantes do executivo e legislativo.
E notem bem! Representante no executivo já não existe, e no legislativo os números são bem desequilibrados. Ou seja, essa composição de governo não nos representa. O clamor do povo, pela igualdade, foi cuidadosamente silenciado. E mesmo com a “boa vontade” do presidente interino, que em entrevista disse querer trazer uma “representante do mundo feminino” para o governo, deixamos o nosso recado de que o mundo feminino não é cor de rosa e sim, um mundo impulsionado por grandes lutas e conquistas árduas. Além do mais, é um mundo representado por 52% da população brasileira e mãe dos outros 48%.
É de muito pouca graça e de um retrato muito mal colocado e que não se sustenta na parede, as falas do novo presidente interino, que parece querer nos convencer, que qualquer cargo vá nos encantar. Presidente, nossa questão não é cargo, nossa questão é respeito com nossa luta, com garantia de nossas conquistas e sobretudo, de nossos direitos. Quando, onde e quem, deu a certeza aos homens que eles sabem constituir políticas públicas para às mulheres?
Ora, senhor presidente, queremos dizer, que considerando este mister, seu governo não nos representa e vez e voz não podem e nem vão ser silenciadas. Já chegou a hora de deixar o comum de lado, jogar o machismo pra seu devido lugar e inovar garantindo oportunidades, pautas, condições equilibradas e equidade de gênero neste país, incluindo os excluídos e sem tapar o sol com a peneira. A felicidade é de todos e todas e para todos e todas, devidamente como cada um é.
Dora Pires
Executiva Nacional de Mulheres do PSB
*Dora Pires é Secretária Nacional de Mulheres do PSB