Cerca de 25% dos homens entrevistados em uma pesquisa sobre violência contra mulher em países da Ásia admitiram ter cometido estupro ao menos uma vez. O levantamento, conduzido pelas Nações Unidas em seis países do continente, sugere que o estupro é comum dentro de relacionamentos. No entanto, um em cada dez homens admitiu ter estuprado uma mulher com quem não estava se relacionando. A pesquisa, que teve trechos publicados na revista científica Lancet, ouviu 10 mil homens em Papua Nova Guiné, Indonésia, China, Camboja, Sri Lanka e Bangladesh. Este é o primeiro estudo a fazer uma radiografia da violência contra mulher em vários países e a tentar entender as razões por trás dos abusos. Entre os homens que admitiram ter cometido estupro, menos da metade disse ter repetido o feito mais de uma vez. O estudo mostrou que a prevalência dos abusos variou de acordo com o país. Na Papua Nova Guiné, 62% dos homens entrevistados confessaram já ter forçado uma mulher a fazer sexo. Em áreas rurais da Indonésia, este índice foi de 48%. Os casos de estupro parecem ser menos comuns em áreas urbanas de Bangladesh (9,5%) e no Sri Lanka, onde 14,5% dos homens admitiram ter praticado estupro. Os autores afirmam que os resultados não representam a totalidade da região da Ásia e do Pacífico, mas que fornecem dados importantes sobre a ocorrência de estupro na região. Direito a sexoCerca de 75% dos homens que cometeram estupro disseram que se achavam no “direito de fazê-lo”. “Estes homens achavam que tinham direito a fazer sexo com a mulher independentemente de seu consentimento”, afirmou Emma Fulu, autora do estudo Ainda segundo a pesquisadora, a segunda maior motivação para os abusos era “diversão” ou porque os homens estavam “entediados”. Alguns homens também justificaram ter estuprado uma mulher para puni-la ou porque estavam com raiva. “Surpreendentemente, a razão menos comum foi o álcool”, acrescentou Fulu. Abusos na infânciaHomens que haviam sofrido abusos sexuais durante a infância têm maior tendência de cometer estupros, indica a pesquisa da ONU. “Estes dados criam indignação global principalmente por causa de casos recentes, incluindo o estupro coletivo brutal de uma estudante na Índia”, afirmou a médica Michele Decker, da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, em Baltimore, nos Estados Unidos. Para ela, o desafio agora “é transformar evidências em ações para criar um futuro mais seguro para a próxima geração de mulheres e meninas”. |
Fonte: BBC Brasil
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