O seminário nacional As Mulheres e as Eleições 2014, realizado nesta terça e quarta-feira (12 e 13) em Brasília, no salão Vermelho do Hotel Nacional, trouxe para o debate discussões que aproximaram as mulheres do que de fato acontece no mundo da política. “Foi um evento que nos aproximou da política em si – e não da velha posição de sermos somente um apêndice nessa área”, destacou a Secretária da Mulher do governo de Pernambuco, Cristina Buarque, na palestra final do seminário.
Abordando o tema “A Plataforma Política das Mulheres Socialistas em 2014”, ela diferenciou a inclusão da mulher proposta nos discursos masculinos da verdadeira inclusão. “Esta só acontece quando um bloco se abre para acolher o que de novo traz o outro; não é inclusão a gente se limitar a se adaptar ao bloco para ser aceita nele”, afirmou Cristina. De acordo com ela, a verdadeira inclusão é o grande potencial da aliança programática firmada entre o presidente Nacional do PSB, governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a fundadora da Rede Sustentabilidade, Marina Silva.
“É um encontro entre duas grandes e respeitadas lideranças de nosso país: uma do Nordeste, outra do Norte, um homem e uma mulher”, enfatizou. “Isso não é tão somente uma terceira via para as próximas eleições, mas sim uma terceira etapa do processo de redemocratização do país. E por ter compreendido a enorme importância disso e realizado esse nosso encontro justamente neste momento crucial para o PSB, parabenizo a companheira Dora Pires, secretária Nacional de Mulheres do partido”.
Cristina Buarque falou também sobre a constatação das pesquisas, de que a classe C concentra hoje 52% da população brasileira, a qual, por sua vez, é formada por iguais 52% de mulheres e que estas é que são as responsáveis, com seu trabalho, pela grande ascensão da classe C. Ela fez questão de lembrar que as mulheres estão cientes desse seu papel e força há décadas, porém, não conseguem transformar isso em votos na hora da eleição.
“Há muito tempo que dizemos isso e não somos ouvidas, mas, agora, podemos aproveitar essa explosão da classe C – aliás, conduzida por nós, como revelam as pesquisas – para inserir o nosso discurso na campanha eleitoral” defendeu. “Há 40 anos que trabalho para que as mulheres tenham o seu espaço na política e, mesmo tendo maioria em número de eleitores, não conseguimos voz. Agora, se soubermos juntar esses dois fatores – do quantitativo eleitoral com a predominância da classe econômica no eleitorado – poderemos finalmente falar dos nossos temas específicos, do que realmente interessa às mulheres”.
As mulheres elegerão as mulheres – A socialista disse estar convencida de que as candidatas mulheres em 2014 somente serão eleitas com o voto das mulheres, ou seja, pela força da sua condição de mulher. Por exemplo, falando sobre temas como mais creches – não apenas com o discurso de que é importante para as crianças, mas para libertar as mães a fim de que possam continuar trabalhando e evoluindo, porém, com a tranquilidade de que os filhos estão bem cuidados. Ou falando sobre o estupro, com propostas que interessam diretamente às mulheres, como mais segurança nas ruas.
Ou, ainda, abordando questões quase tabus, como as pequenas doenças venéreas que incomodam tão comumente as mulheres “durante toda a vida”. “Podemos e devemos defender ambulatórios específicos para essas questões, que inexistem hoje, o foco ginecológico é basicamente relativo às questões vinculadas à gravidez e parto”, propôs ela.
Para Cristina Buarque, a candidata mulher precisa ter uma fala direta para as suas companheiras mulheres. “Ela precisa primeiro se sentir importante como mulher, para aí dar importância às outras mulheres. E para isso é bom que passem a se tratar por eleitoras, no feminino, afinal, somos maioria nesse universo, temos uma força real”, lembrou. “Eu não quero mais ser chamada de guerreira, nós somos construtoras, que é algo muito maior”.
Segundo a secretária da Mulher de Pernambuco, a plataforma política é, em última instância, a construção de uma fala, de um discurso próprio. E sem ler, sem pesquisar, sem se informar sobre o que se quer falar ou sobre os verdadeiros interesses de para quem se quer falar, não se constrói uma fala autêntica nem que soe verdadeira. “Não podemos dar ouvidos ao conselho típico de que as candidatas mulheres devem seduzir os eleitores homens, porque o que nós queremos é seduzir as mulheres, precisamos ter coerência neste processo”, ponderou. “A nossa plataforma não pode, portanto, defender o que os homens querem, mas incluir no discurso da política o que nos preocupa, o que é importante para as mulheres – e as eleitoras vão entender isso, certamente”.
O espaço das decisões – Cristina Buarque ressaltou, por fim, que quem não tem a fala perde a capacidade de intermediação e, portanto, de participar das decisões. “E decidir é não se submeter, como lembrou na abertura do Seminário a ex-vereadora paulistana Soninha Francine (PPS-SP), pré-candidata à Presidência da República”, citou. Para a socialista, o que fará a diferença em 2014 é o novo e “o novo no Brasil somos nós – PSB-Rede”. “Não podemos perder de vista que a eleição é uma briga de poder e, nela, quem ficar quieto é porque não quer mudar o mundo. Sem dúvida, nós mulheres já ajudamos muito nessa luta e, agora, queremos o nosso espaço político – o da ação e o da decisão, e isso só se resolve numa eleição”.
Encerrando o seminário, a secretária Nacional das Mulheres Socialistas, Dora Pires, conclamou todas as presentes: “Fizemos o melhor, tentamos trazer o melhor para o debate das mulheres socialistas – especialmente das nossas candidatas – e esperamos que saiam daqui estimuladas, aguerridas, conscientes e preparadas para o grande embate que nos espera em 2014”.
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Márcia Quadros – Assessoria de Imprensa do PSB Nacional 40
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