Índia vive em estado de tensão pelas contínuas acusações de agressões sexuais Após um tribunal de Nova Déli ter declarado culpados nesta terça-feira (10) os quatro acusados pelo estupro e o assassinato de uma jovem na capital ocorrido em dezembro de 2012, caso que chocou o país, diversos setores da sociedade indiana pediram que os criminosos sejam executados na forca. O tribunal avaliará na quarta-feira (11) a condenação contra Pawan Gupta, vendedor de frutas; Mukesh Singh, desempregado; Vinay Sharma, monitor escolar, e Akshay Thakur, faxineiro, que foram considerados culpados de 13 acusações e podem ser sentenciados à morte. “Condeno todos os acusados. Foram considerados culpados de estupro em grupo, destruição de evidências e de assassinar uma vítima indefesa”, disse o juiz Yogesh Khanna em um tribunal lotado. Os pais da vítima escutaram o veredicto com “lágrimas nos olhos”, relataram testemunhas presentes na sala. “Estamos contentes com a condenação. Agora esperamos que o juiz sentencie todos à morte”, pediu o pai, segundo a imprensa indiana. O mesmo desejo foi expressado por amplos setores da sociedade, de políticos até manifestantes, incluindo o ministro do Interior, Sushilkumar Shinde. — Aprovamos leis rígidas contra o estupro. A pena de morte está assegurada nestes casos. Os culpados serão enforcados em casos similares no futuro. Sushma Swaraj, líder da oposição no Parlamento e dirigente do partido Bharatiya Janata, tem opinião semelhante. — Deveriam ser sentenciados à pena de morte. Estabeleceria um exemplo para o futuro. A ativista pelos direitos humanos e da mulher, Ranjana Kumari, disse à agência Efe que considera a pena de morte uma relíquia em um país democrático, mas sustentou que os condenados devem receber a pena máxima estabelecida pela lei. — A pena de morte só é aplicada em casos excepcionais entre os excepcionais. Este é assim. Foram considerados culpados das 13 acusações. Os advogados dos acusados anunciaram que recorrerão da condenação pois consideram que seus clientes são inocentes e irão defender a prisão perpétua, a pena mínima para os delitos pelos quais foram declarados culpados. “Foram condenados pela pressão política. Os acusados são pobres sem nenhum poder. Por isso foram condenados”, afirmou um dos advogados, A. P. Singh. Os pais de Mukesh, um dos condenados, deixaram o tribunal entre lágrimas e a mãe se atirou aos pés de um dos advogados, que defendeu que o condenado conduzia o veículo no qual o crime foi cometido mas não teve participação nos fatos. Um quinto envolvido no crime, menor de idade, foi condenado há 10 dias a três anos de reclusão em uma casa de correção, decisão que causou indignação na família da vítima e grupos sociais, que pediram para que o acusado fosse julgado como adulto e condenado à morte. Um sexto acusado, maior de idade, suicidou-se na prisão, segundo a versão oficial. A vítima, uma estudante de fisioterapia de 23 anos, retornava do cinema em 16 de dezembro do ano passado com um amigo em um ônibus, quando foi estuprada e torturada por seis homens em Nova Déli. A jovem morreu 13 dias depois em um hospital de Cingapura. O ataque gerou uma onda de protestos na Índia e provocou um profundo debate sobre a discriminação e violência das mulheres no país. Diante da magnitude dos protestos, o governo se viu forçado a modificar a lei e endurecer as penas contra os delitos sexuais e estabeleceu a pena de morte para os estupros nos casos em que a vítima morra ou fique em estado vegetativo. A lei também estabeleceu penas de entre seis meses e dois anos de prisão para os policiais que se neguem a registrar uma denúncia de agressão sexual, situação denunciada por grupos feministas. Desde o crime contra a jovem, a Índia vive em um estado de tensão pelas contínuas acusações de agressões sexuais divulgadas pela imprensa local e internacional. Os crimes afetaram o turismo na Índia, segundo dados oficiais e de operadoras. |
Fonte: Portal R7
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