O “Seminário de Mulheres Socialistas: Força, Luta e Resistência”, que aconteceu em Brasília entre os dias 30 de maio e 02 de junho, teve como objetivo central discutir os próximos passos das mulheres e articular as bases, tornando sólida a luta contra os retrocessos, visando as eleições municipais de 2020 e a resistência ao governo Bolsonaro.
Antes da abertura oficial, a Executiva da Secretaria de Mulheres realizou reunião a fim de deliberar e compartilhar informações que foram abordadas nos dias do encontro. A abertura do evento foi dada a introdução do movimento, da motivação de se realizar um seminário com tanta força e resistência. A secretária nacional de mulheres do PSB, Dora Pires, fez as iniciações, agradecendo as representantes de cada estado pelo comprometimento com a causa das mulheres. “Estamos aqui pelo que nos une”, afirmou.
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, também deu seu parecer, afirmando que “todos os militantes, nossas bancadas, nossos segmentos, precisam ir para as ruas, porque não é só no parlamento que precisamos vencer essas batalhas”, e lembrou da recente união de estudantes, contra os cortes na educação, “acho que surtiram alguns efeitos”, complementou.
A manhã do segundo dia de seminário teve as presenças da vice-governadora do Espírito Santo, Jacqueline Moraes, e da Secretária Geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), Thaisa Silva. Durante sua fala, Thaisa reforçou e pediu apoio a todas as socialistas para a realização da Marcha das Margaridas, que ocorrerá em Brasília durante os dias 13 e 14 de agosto.
Durante o painel, foi aventado a necessidade de os segmentos da Negritude Socialista e das Mulheres Socialistas realizarem, em conjunto, curso de formação política sobre as mulheres negras, tendo em vista que este público é o que mais sofre com violências, falta de acesso a informações e políticas públicas específicas.
No mesmo dia, Yara Gouvêa, professora, militante e presa política durante a ditadura militar brasileira, explanou sobre o tema ‘ O GOLPE, A DITADURA, A TORTURA E AS MULHERES’. “No atual momento, é de fundamental importância que todas, independente da idade, mas em especial as mais jovens, saibam e ouçam como foi aquele período monstruoso da nossa história.” Gouvêa, que precisou sair do Brasil para não ser assassinada, é, ainda hoje, umas das principais vozes dentro do PSB na luta contra os retrocessos.
A tarde do segundo dia de seminário foi protagonizado pelas deputadas estaduais Cida Ramos, [PB], Simone Santana [PE] e Estela Bezerra [PB]. Elas discutiram sobre os desafios da inserção das mulheres nos espaços de poder, e os meios de se combater o machismo nesses locais democráticos, mas que ainda se encontram em extrema decadência no quesito de igualdade de gênero. Uma clara representação do atual Brasil. Pontuaram, também, a importância de novos quadros políticos visando as eleições municipais de 2020, para se combater a onda reacionária e conservadora que se instaurou no país com a eleição de Jair Bolsonaro.
No fim do segundo dia, a jornalista e professora da Universidade de Brasília Márcia Marques falou sobre “a afirmação e visibilidade das mulheres através das mídias sociais e sua comunicação com as bases”. Apresentou um manual para se compreender a lógica das redes sociais, e como ficar atenta às manipulações dos algoritmos, visto que mais de um presidente foi eleito usando robôs de redes sociais.
Ao final, Gina Vieira, professora e idealizadora do Mulheres Inspiradoras, apresentou às socialistas um pouco sobre este projeto que visa resgatar o valor e a memória das crianças, jovens e mulheres negras. “O nome Mulheres Inspiradoras tem como premissa essencial apresentar para os jovens outras representações do que significa ser mulher.”
No penúltimo dia do Seminário de Mulheres Socialistas, 1º de junho, o sexto painel realizado na manhã de sábado tratou do tema fundamental: a Reforma da Previdência. A deputada federal Lídice da Mata [BA], expôs como essa reforma é absolutamente cruel e porquê impacta, principalmente, a vida das mulheres brasileiras. A proposta apresentada pela gestão do governo de Jair Bolsonaro foi explicada pela parlamentar a fim de sanar dúvidas das secretárias estaduais.
É fundamental que se compreenda os detalhes e os impactos que podem ser causados com a PEC 06/2019. Só assim, estando munidas de informação, é que as socialistas conseguirão se empoderar e, desta forma, mobilizar o maior número de pessoas, sanar dúvidas em seus estados e frear essa balbúrdia que tem sido o governo atual.
Na tarde do dia 1º de junho, o filósofo Ademar Bogo palestrou no sétimo e último painel sobre “Partidos Políticos, mulheres e ativismo partidário na formação de quadros e no trabalho de base”. Bogo falou sobre a trajetória da mulher na política desde os primórdios e destacou “Na Inquisição, as mulheres que eram alvo de processos – 80% dos processos da época, eram tidas como ‘bruxas’, porque o ideal de mulher socialmente aceitável eram as obedientes e passivas”.
Ademar Bogo falou também acerca da unidade que os partidos devem ter, unir a força feminista aos ideais democráticos em prol de um vislumbre de ideal político.
Após o último painel, as secretárias estaduais iniciaram debates internos a fim de estruturar o planejamento para os anos de 2019 a 2021. As companheiras estaduais compartilharam com o coletivo a situação que se encontra cada secretaria de seu estado. O que proporcionou à secretária , Dora Pires, ter um panorama sólido sobre o cenário nacional da SNM nos estados.