Realizada a cada quatro anos desde 2000, em Brasília, a Marcha das Margaridas 2019 receberá mais de 100 mil trabalhadoras rurais de todo o país entre terça (13) e quarta-feira (14). Agricultoras e agricultores irão protestar contra ‘toda a forma de exploração, dominação, violência e em favor de igualdade, autonomia e liberdade para as mulheres’.
Organizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura (Contag), que reúne 27 federações e mais de 4 mil sindicatos filiados, a marcha conta com o apoio do Partido Socialista Brasileiro (PSB), que estará representado por seus seis segmentos sociais organizados (Movimento Popular, Mulheres, Negritude, LGBT, Juventude e Sindical).
Sob o lema ‘Margaridas na Luta por um Brasil com Soberania Popular, Democracia, Justiça, Igualdade e Livre de Violência’, a marcha conta também com amplo apoio de movimentos feministas, de mulheres trabalhadoras, centrais sindicais e organizações internacionais.
A mobilização começa na terça (13), com uma sessão solene a partir das 9h no plenário da Câmara dos Deputados, e, às 14h, com a Mostra de Saberes e Sabores das Margaridas, no Parque da Cidade, onde haverá ainda, à noite, um ato político cultural.
Na quarta (14), as ‘margaridas’ marcharão em direção à Esplanada dos Ministérios, levando uma pauta de reivindicações de bens sociais, econômicos e ambientais ameaçados pelo governo de Jair Bolsonaro, entre outras pautas.
“Viemos a Brasília para defender uma ampla agenda de reivindicações importantes para os trabalhadores do campo, mas, ao final, para toda sociedade. Em resumo, vamos marchar em defesa de um país ecologicamente sustentável, economicamente justo e socialmente igualitário, que reserve um futuro melhor para as gerações que virão. Infelizmente, o atual governo avança na contramão desse país que queremos e, por isso, vamos protestar”, afirma a secretária-geral da Contag, Thaísa Daiane, que também coordena o Núcleo da Base Camponesa, Agricultura Familiar e Comunidades Rurais do Movimento Popular Socialista do PSB.
A agenda de reivindicações é extensa, inclui a defesa da terra, água e agroecologia; da autodeterminação dos povos, com soberania alimentar e energética; da proteção e conservação da sociobiodiversidade; da autonomia econômica, trabalho e renda; da previdência e assistência social pública, universal e solidária; da saúde pública e em defesa do SUS; da educação sexista e antirracista e direito à educação do campo; da autonomia e liberdade das mulheres sobre seu corpo e sua sexualidade; da vida livre de todas as formas de violência; da democracia com igualdade e fortalecimento da participação política das mulheres.
A marcha se caracteriza pelas camisetas na cor lilás e pelos chapéus de palha decorados com margaridas usados pelas manifestantes. De 20 mil participantes no ano 2000, a marcha multiplicou-se para 40 mil em 2003, 70 mil em 2007 e 100 mil nos anos de 2011 e 2015.
Quando surgiram no espaço público, as Margaridas se afirmaram como trabalhadoras rurais. A partir da Marcha de 2007 passaram a se nomear “mulheres do campo e da floresta”.
Em 2015, a denominação “mulheres das águas” foi incluída, para afirmar a diversidade das mulheres rurais, como agricultoras familiares, camponesas, sem-terra, acampadas, assentadas, assalariadas, trabalhadoras rurais, artesãs, extrativistas, quebradeiras de coco, seringueiras, pescadoras, ribeirinhas, quilombolas, indígenas e tantas outras identidades construídas no país.
Desde o ano 2000, assim que acaba uma marcha a próxima já começa a ser organizada. Entre uma e outra, as mulheres fazem caravanas, seminários, debates, de forma que todos os documentos produzidos sejam fruto de uma produção coletiva.
A primeira Margarida
Trabalhadora rural nordestina, Margarida Maria Alves, a “força inspiradora” da Marcha, ficou conhecida por sua luta pelo direito à terra e pela reforma agrária. Foi assassinada aos 40 anos de idade, em 12 de agosto de 1983, por pistoleiros armados.
O crime foi uma retaliação às denúncias que a sindicalista fazia contra abusos e desrespeito aos direitos dos trabalhadores nas usinas da região.
Fundou o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural. Seu nome se tornou um símbolo nacional de força e coragem cultivado pelas mulheres e homens do campo, da floresta e das águas.
“É em nome dessa luta que a cada quatro anos, no mês de agosto, milhares de Margaridas de todos os cantos do País marcham em Brasília, num clamor por justiça, igualdade e paz no campo e na cidade”, afirma trecho da cartilha da Marcha das Margaridas.
Fonte: PSB Nacional