A persistência política das mulheres na construção de um modelo social mais humano, mais digno e mais igual caracteriza a marcante trajetória das socialistas através da história. Transformações sociais que caminham lado a lado de estagnações que fluem do arraigado cotidiano refletem processos obstinados de luta que transcendem o agora e motivam a busca de novos horizontes e perspectivas. As socialistas de todos os tempos dialogam sobre o papel das mulheres em contextos históricos, nacional e internacional, e a ousadia das ideias e ideais seguem de mãos dadas com as feministas socialistas pelo mundo. Nesse cenário, surge a alemã Clara Zetkin, que em 1910, durante a II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas realizada na Dinamarca, junta-se às norte-americanas, anunciando que as mulheres socialistas de todas as nações vão organizar um dia específico de mulheres. Enfim, o 8 de Março é criado pelas mulheres socialistas! Em 1921, durante a III Internacional Socialista, em Moscou, a data ficou definida como sendo o dia para se disseminar internacionalmente as lutas pela emancipação e igualdade das mulheres. Era, também, uma homenagem ao dia em que tecelãs e costureiras de Petrogrado deflagraram uma greve que foi o estopim do começo da primeira fase da Revolução Russa de 1917. Essa greve memorável está retratada em um trecho do livro História da Revolução Russa, de Leon Trotsky, nos seguintes termos: “O 23 de fevereiro era o Dia Nacional das Mulheres. Programava-se, nos círculos da socialdemocracia, de mostrar o seu significado com os meios tradicionais: reuniões, discursos, boletins. Na véspera, ninguém teria imaginado que este Dia das Mulheres pudesse ter inaugurado a revolução.” Pelo calendário Juliano, a data dessa greve é 23 de fevereiro, mas no calendário Gregoriano cai no dia 8 de Março, data atual de comemorações do Dia Internacional da Mulher. As socialistas do PSB Com a coragem, a impaciência revolucionária e a determinação de uma Clara Zetkin, as mulheres socialistas vêm construindo uma nova história junto com a história do Partido. Ainda na década de 1950, período marcante do Partido Semente (1947/1965), a nossa militante Patrícia Galvão, conhecida como Pagu, cometeu a ousadia de concorrer, a uma vaga de deputada estadual para a Assembleia Legislativa de São Paulo. Pagu não conseguiu se eleger, mas deixou para o PSB e para o mundo, o legado de uma mulher além do próprio tempo, uma revolucionária, corajosa e visionária. Por volta de 1960, outra referência socialista, Adalgisa Nery, foi convidada por João Mangabeira, líder do Partido Socialista Brasileiro, a ser candidata como constituinte da Guanabara. Elegeu-se deputada constituinte pelo PSB sendo inclusive líder partidária. Essa jornalista, escritora e poetisa é referência feminina na publicação de artigos que tratavam de questões ligadas à política e à economia. O Partido Socialista Brasileiro, com o passar dos anos, se consolidou como espaço de uma presença feminina qualificada. Mulheres expoentes em cargos públicos de poder fazem parte da atualidade da legenda. São exemplos dessa trajetória, Ana Arraes, que em 2010 foi reeleita deputada federal por Pernambuco com a maior votação do estado, consagrando-se, em seguida, como a segunda mulher na história a ocupar o posto de Ministra do TCU; Wilma de Faria, atual vice-prefeita de Natal, e a primeira mulher a governar o estado do Rio Grande do Norte; Kátia Born, secretária de Estado da Mulher em Alagoas, tendo sido a primeira mulher a presidir a Câmara Municipal de Maceió; Cristina Buarque, secretária da Mulher de Pernambuco foi a única brasileira a trazer para o País a premiação da ONU na categoria Inclusão de Gênero nos Serviços Públicos. No parlamento, mulheres que abraçaram o PSB ao longo das próprias trajetórias têm histórias políticas de grande relevância no desenvolvimento do País. Janete Capiberibe é eleita deputada federal mais votada pelo Estado do Amapá; Sandra Rosado, no terceiro mandato pelo Rio Grande do Norte, já foi líder do PSB na Câmara Federal; e Keiko Ota é a primeira mulher nikkey na história do País a ocupar tal cargo político. Fazem parte, ainda, dessa importante lista, Luiza Erundina, deputada federal, primeira prefeita de São Paulo, e a autora da proposta vencedora que destina 5% da aplicação do Recurso do Fundo Partidário para promoção de políticas para as mulheres, e 10% do tempo fixado da propaganda partidária para promover e difundir a participação política feminina e Lídice da Mata, eleita a primeira senadora na Bahia, com mais de três milhões de votos. A Secretaria Nacional de Mulheres do PSB (SNM/PSB), constituída no ano de 1999 durante o VII Congresso Nacional do Partido, inaugurou uma nova etapa para as mulheres no partido. Mari Trindade ocupou, então, pela primeira, vez o posto de Secretária Nacional e atuou, por três mandatos, com o foco na formação política das mulheres. Dora Pires, atual secretária, cumpre o seu terceiro mandato, em reconhecimento a perseverança com que defende os ideais socialistas. Militantes e ex militantes como Lila Rollemberg, consideram a Secretaria de Mulheres um poderoso instrumento de educação política. Leyde Pedroso militante no Mato Grosso vê no Partido o reconhecimento da luta pela valorização das mulheres. Já Amélia Freire, do Rio Grande do Norte, acredita na incorporação do olhar das mulheres nas demandas socialistas e Neide Lima, do Espírito Santo confia na construção da cidadania por meio do socialismo e do feminismo. Lúcia Carvalho entende que as questões de gênero devem ser discutidas, sistematicamente, dentro e fora do PSB. Todas essas mulheres fazem parte da SNM/PSB. A nossa marca socialista As socialista usam o símbolo do Espelho de Vênus, no pescoço da Pomba da Paz do PSB, para marcar o ambiente político com a presença das mulheres. O símbolo do círculo com uma pequena cruz equilateral representa o feminino e simboliza um espelho na mão da deusa. Na mitologia romana, a imagem remete à deusa Vênus, e na mitologia grega, à deusa Afrodite. Ambas são deusas do amor e da beleza. O espelho é a revelação da verdade. Reflete a face e os olhos de quem o usa. Longe de ser um símbolo meramente de orgulho e vaidade, ele simboliza a janela da alma. |
Virgínia Rapôso Ciarlini – Imprensa SNM/PSB
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