Os segmentos do Partido Socialista Brasileiro (PSB) se uniram para pedir a expulsão do vereador em Maceió (AL), o bolsonarista delegado Fabio Costa (PSB-AL). Além de assumir postura de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), totalmente contrária ao que defende o PSB, ele protagonizou episódio de misoginia, autoritarismo e tentativa de censura contra outra vereadora da capital alagoana, Teca Nelma (PSDB). O vereador enviou ofício a Bolsonaro denunciando a vereadora por crime contra a honra.
“É pública, notória, manifesta, explícita, ostensiva, e comprovada a conduta de descumprimento e afronta aos princípios e fundamentos definidos nos documentos e na história do nosso partido, bem como de decisões de instâncias diretivas, por parte do Vereador ora representado, particularmente por apoiar publicamente o presidente da República, Jair Bolsonaro”, ressaltam os socialistas no documento enviado ao presidente do PSB, Carlos Siqueira.
O documento é assinado por Tony Sechi, secretário nacional da Juventude Socialista Brasileira (JSB); Tathiane Araújo, secretária nacional do Movimento LGBT Socialista; Luciana Macedo, coordenadora nacional do Movimento PSB Inclusão; Valneide Nascimento, secretária nacional da Negritude Socialista; Dora Pires, secretária nacional de Mulheres do PSB; e Joilson Antônio Cardoso do Nascimento, secretário nacional do Movimento Sindical Socialista.
PSB não é lugar de bolsonarista
O presidente da JSB, Tony Sechi, é enfático sobre a posição do partido.
“O PSB tem lutado e recebido lideranças à esquerda, como o deputado Marcelo Freixo (RSJ) e o governador Flavio Dino (MA). Não vamos tolerar nenhum bolsonarista infiltrado em nosso partido. Os segmentos sociais do PSB estão vigilantes e o que aconteceu em Alagoas envergonha o PSB no país inteiro. Iremos às últimas consequências para a expulsão desse vereador.”
Tony Sechi
Homenagem descabida
Em junho, o vereador se aliou ao colega bolsonarista Leonardo Dias (PSL) na tentativa de conceder a Bolsonaro o título de Cidadão Honorário de Maceió. Já no início da tramitação foi comprovado que além de inoportuna, já que Bolsonaro tem notoriamente agido contra a população, especialmente, na gestão da pandemia da covid-19, que já matou mais de 520 mil pessoas no país, a homenagem também feria o Regimento Interno da Câmara de Vereadores e a Lei Orgânica de Maceió.
Relatora do projeto, Nelma demonstrou a ilegalidade da proposta. Tanto por informações falsas inseridas na justificativa, como pela legislação ser explícita sobre a concessão do título. Isso porque é destinada exclusivamente a pessoas de outras cidades que tenham prestados serviços ao município, ao estado, à União, à democracia, ou à casa da humanidade.
“O que, evidentemente, não era o caso do pretenso homenageado”, ressaltam os coordenadores dos segmentos no documento.
Ataque bolsonarista à vereadora
Apesar do posicionamento da relatora, a proposta foi a plenário. Contudo, temendo a derrota, o próprio autor da proposta pediu a retirada da pauta de votações. No dia 23 de junho, porém, a proposta foi reapresentada de surpresa em plenário e aprovada com apoios explícitos do líder do PSB na Casa, Siderlane Mendonça, e do vereador delegado Fábio Costa. Siderlane usou seu posto de líder e pediu apoio para a proposta aos demais vereadores.
Foi nesse dia que ao se manifestar contra a homenagem a Bolsonaro, Nelma foi atacado por Costa. Ele a interrompeu enquanto discursava e pediu que ela fosse censurada pela Presidência da Câmara.
“O presidente Bolsonaro não assassinou absolutamente ninguém, pelo contrário, há pessoas por aí desviando dinheiro, que nós devíamos condenar, mas a gente não vê isso por parte de algumas pessoas. Então quero invocar ao presidente essa solicitação, para censurar essa expressão injuriosa da vereadora Teca Nelma”, afirmou Costa em Plenário.
Mais ameaças
Não satisfeito, o vereador delegado Fábio Costa reforçou suas ameaças.
“Eu vou oficiar à presidência da República e à AGU, Advocacia Geral da União, essa fala da vereadora Teca Nelma. Vou solicitar a íntegra da fala dela, nas duas falas, quando ela taxou o presidente de genocida e quando disse que tinha consciência do que estava dizendo. E também vou oficiar o Conselho de Ética daqui da Câmara, para saber se de repente a vereadora Teca Nelma não incorreu em quebra de decoro ao usar essa infeliz expressão na sessão de hoje”, completou.
Atitude foi corroborada pelo líder do PSB, Siderlane Mendonça, que manifestou “total apoio” a Costa. Ele ainda pediu aos demais vereadores a aprovação da homenagem e a punição da vereadora.
Fonte: Socialismo Criativo