O debate que abriu o IV Encontro Internacional de Mulheres Socialistas, que acontece no Rio de Janeiro, entre os dias 1 e 2 de dezembro, teve como tema “Direitos Reprodutivos, um panorama do Brasil e América Latina – como enfrentar o conservadorismo neoliberal”. Compuseram a mesa Karina Mussa, vice-presidente das Mulheres do Partido Socialista – PS – e Presidente do Instituto Igualdade; a deputada estadual pela Paraíba, Estela Bezerra; Mônica Xavier, senadora do Partido Socialista do Uruguai; e Gabriela Rondon, advogada, pesquisadora e representante da ANIS (Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero). A mediação da mesa foi de responsabilidade da ex-deputada Janete Capiberibe.
A mesa girou em torno de um debate que é central no mundo atualmente: os direitos reprodutivos. Para a deputada Bezerra, falar em aborto é somente a ponta do iceberg já que as mulheres ainda precisam enfrentar a violência sexual, doméstica e a obstétrica.
Antes das apresentações, foi exibido para a plateia um vídeo que faz parte da formação política das socialistas. O material busca desmistificar pré-conceitos e estigmas acerca do tema.
“O aborto ilegal é o feminicídio do Estado”
Gabriela Rondon, em sua fala, começou parabenizando o evento, afirmando “ser um ato de coragem que as mulheres decidam falar neste momento sobre os direitos reprodutivos”. Ela explicou que o mundo está em convulsão, sofrendo uma crise de reprodução sexual e social, e o que está em jogo são as formas de se compreender como sociedade.
Além disso, a pesquisadora, apresentou dados que apenas reforçam ainda mais o discurso de que a criminalização não impede as mulheres de abortarem, já que essa decisão é tomada baseada em muitos fatores, inclusive na subsistência da família da mulher, já que 60% das mulheres que abortam têm filhos.
A América Latina ultrapassa a África em número de abortos: são 44 mil a cada mil mulheres. Uma mulher morre em consequência do aborto clandestino a cada dois dias no Brasil. Uma mulher em cada 5 já realizaram um aborto até os 40 anos.
Ao fim do painel, a deputada Olga Alonso, do Partido Socialista Obrero Espanõl, foi convidada a subir à mesa e fortaleceu o debate, afirmando que as mulheres são mais da metade da população mundial, logo, “não podemos deixar que falem por nós o que nós precisamos”. Ela disse que volta para o Velho Continente renovada na energia e na esperança de dias melhores, após participar das atividades das mulheres socialistas e da Conferência da Autorreforma do PSB.
Durante a apresentação da deputada Estela Bezerra, a parlamentar lembrou ainda que “não existe democracia sem sem as mulheres e não existe a possibilidade que mulheres ocuparem os espaços públicos sem defender a democracia”, e que não chama o Congresso de conversador porque este é, na verdade, pró fascista.
Comunicação SNM