11/07/2013
“Você tem alguma coisa menos específica em termos de gênero?” Imagem via KissMeKwik Cada vez que eu saio em busca de um presente para o meu sobrinho, passo pelo dilema acima. E se você já entrou em uma loja de brinquedos, deve ter reparado, já que é impossível ficar indiferente à nítida e desconcertante divisão entre brinquedos “para meninas” e “para meninos”: cores rosa/tons pastéis para elas e azul/tons fortes para eles; bonecas e artigos que remetem ao ambiente doméstico para as pequenas, e carros, monstrengos e outros itens prometendo grandes aventuras para os pequenos.
Como saber se um brinquedo é para meninas ou para meninos: você precisa utilizar os seus genitais para operá-lo? Se sim, não é para crianças. Se não, é tanto para meninas como para meninos. Imagem via Neil Gaiman
Um brinquedo que encanta crianças e adultos há décadas e que pode ser considerado menos “gender-specific” é o Lego. São pequenos blocos de construção coloridos – nada mais “neutro”, certo? O Lego, porém, tem um longo histórico de discriminação de gênero, e há três vezes mais bonequinhos do sexo masculino do que bonequinhas do sexo feminino nos kits já lançados. A empresa pareceu ter entendido o recado quando anunciou no início de 2012 que, após quatro anos de pesquisas, estaria lançando uma nova linha para incluir as meninas. A patética tentativa de transformar o universo Lego em um mundo roxo e cor de rosa povoado por bonequinhas estilo Bratz foi duramente criticada por pais, educadores e feministas. Será que basta colorir de rosa e tons pastéis para que um brinquedo seja considerado “feminino”? A engenheira estadunidense Debbie Sterling decidiu investir nos estereótipos de gênero embutidos no marketing de brinquedos para promover uma ótima causa: a presença de mais mulheres no mundo da engenharia. Sterling era uma das 181 mulheres em uma turma de 700 formandos na Universidade de Stanford, e o fato de que as mulheres sejam uma tímida minoria na área sempre a incomodou. Segundo ela, meninas começam a demonstrar menos interesse em ciência, matemática e engenharia por volta dos oito anos de idade, e ela acredita que a culpa é dos brinquedos “para meninas”: nas lojas, “o ‘corredor azul’ está cheio de brinquedos de construção e kits de alquimia, enquanto o ‘corredor rosa’ está abarrotado de princesas e bonecas”. Para que mais mulheres se tornem engenheiras, elas precisam se interessar por engenharia na mais tenra idade, diz Sterling. Ela criou a personagem GoldieBlox, que dá nome à sua empresa de brinquedos de engenharia para garotas. Seu primeiro lançamento foi o livro-brinquedo GoldieBlox and The Spinning Machine, em que a engenheira Goldie decide construir uma máquina de correia para ajudar o seu cachorro Nacho a correr atrás do próprio rabo. Apesar de se pretender revolucionário, o brinquedo foi concebido para caber perfeitamente no “corredor rosa” das lojas. E essa é a nova batalha de Sterling: conseguir colocar seu GoldieBlox nas prateleiras da maior rede de lojas de brinquedos dos EUA. Para isso, a empresa lançou uma campanha na internet, com um vídeo fofo e inspirador. Assista ao vídeo aqui |
Fonte: Revista Samuel
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