A política neoliberal caracterizada pela frase ‘não tem almoço grátis’, que impede avanços contra a desigualdade social e econômica, assim como limita programas e políticas sociais, está matando crianças e adultos.
Duas pesquisas recentes mostram como a desigualdade social e econômica brasileira está matando os próprios brasileiros. Dados divulgados pelo Índice de Gestão Municipal Aquila (IGMA) mostra que 80% da mortalidade infantil está concentrada em 21% dos municípios brasileiros. Esses municípios são pobres e estão localizados principalmente nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Roraima e Sergipe.
Os números foram obtidos a partir de um levantamento que envolveu o programa Estratégia de Saúde da Família (ESF), que visa à reorganização da atenção básica no País, de acordo com os preceitos do Sistema Único de Saúde (SUS). “Esse é um problema social que ocorre principalmente nas cidades mais pobres, como as situadas nos estados do Acre, Amapá e Roraima”, informou Raimundo Godoy, presidente da consultoria responsável pelo IGMA. Os principais motivos dos óbitos infantis estão a falta de assistência e de orientação às gestantes, a deficiência na assistência hospitalar aos recém-nascidos, a ausência de saneamento básico, desencadeando a contaminação de alimentos e de água, resultando em outras doenças, e a desnutrição.
Outra pesquisa mostra que a desigualdade social está matando mulheres. Além de todos os problemas socioeconômicos e educacionais causados pelo neoliberalismo, a falta de atenção básica de saúde e educação, além da pobreza, aumentam a mortalidade das mulheres em relação ao câncer de mama.
No artigo A multilevel assessment of the social determinants associated with the late stage diagnosis of breast cancer, da Scientific Reports, os pesquisadores mostram que, em média, 40% dos tumores de mama foram diagnosticados em estágio avançado no Brasil. A maioria desses casos foi no Acre (57,4%) e menor, no Rio Grande do Sul (33,6%). Fatores individuais, como nível de escolaridade, também influenciam nesses números, pois quem estudou apenas o ensino fundamental podia aumentar em 38% o risco de ser tardiamente diagnosticada com a doença em comparação a quem possuía o nível superior completo. A pesquisa também deixou claro que mulheres negras, pardas e indígenas são 13% mais suscetíveis a esse risco se comparadas às mulheres brancas.
Segundo estudo Spatial distribution of advanced stage diagnosis and mortality of breast cancer: socioeconomic and health service offer inequalities in Brazil, publicado na Plos One, os pesquisadores verificaram que as desigualdades socioeconômicas e na oferta de serviços de saúde no território brasileiro são determinantes do padrão espacial da morbimortalidade por câncer de mama no Brasil. Assim, as regiões com maiores níveis de desigualdade social e menor quantidade de médicos apresentaram maiores níveis de diagnóstico em estágios avançados do câncer de mama, condição que dificulta o tratamento e traz maiores riscos de mortalidade.(Com informações de divulgação)
Fonte: Carta Campinas