Alta comissária para os Direitos Humanos afirma que abusos físicos ou sexuais são inaceitáveis, independente do que a vítima escolheu vestir; Navi Pillay lamenta que os crimes sejam diários e muitas mulheres têm vergonha de denunciar à polícia A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos está chamando a atenção para casos de violência contra mulheres que são considerados “aceitáveis ou merecidos”, devido ao tipo de roupa usada pela vítima. Para Navi Pillay, qualquer tipo de abuso contra mulheres, seja físico ou sexual, “é inaceitável, independente do que a pessoa estava vestindo.” O alerta de Pillay marca o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra Mulheres, nesta segunda-feira. Esquinas Segundo a alta comissária, é lamentável que para muitas mulheres e meninas em todo o mundo, a violência ocorra nas esquinas, nos ambientes de trabalho e em suas próprias casas. Navi Pillay cita o caso de uma garota de 13 anos da Nova Zelândia, estuprada por três homens. Ao fazer a denuncia à polícia, ela precisou responder que tipo de roupa estava usando na hora do crime. Insensibilidade A alta comissária lembra que casos assim ocorrem diariamente, em vários países, mas raramente ocupam as manchetes dos jornais. E muitas mulheres têm vergonha ou medo de denunciar, devido aos tabus e às barreiras sociais. Segundo Pillay, existem ainda “reações insensíveis das autoridades, que acabam bloqueando o acesso à justiça.” A representante da ONU cita normas sociais que moldam valores femininos em torno de “noções discriminatórias de castidade e de honra”, com a violência sendo usada para controlar e humilhar as vítimas e suas famílias. Pillay ressalta que os países são obrigados, pela lei humanitária internacional, a garantir investigação, acusação, interrogação e proteção de vítimas e suas testemunhas.
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Fonte: Rádio ONU
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