A economista e pesquisadora Lídia Goldstein, que falou no Seminário: Governos Municipais Socialistas – 2013/2016 sobre o desenvolvimento criativo das cidades, afirmou aos prefeitos eleitos e reeleitos do PSB que está nas mãos deles educar e trabalhar tanto a mão-de-obra quanto os consumidores dessa nova economia. Para ela, o tema é absolutamente estratégico para o Brasil e seus municípios e cabe a cada novo gestor que assumirá em janeiro começar a fazer essa diferença. A Secretária Especial do PSB Nacional, Mari Machado, coordenou a mesa. Consultora da LGoldenstein Consultoria e integrante do Conselho do INMOD (Instituto de Moda e Design) e do Conselho de Administração na Nossa Caixa Desenvolvimento – a agência de fomento do Estado de São Paulo, Lídia afirma que a economia criativa é um grande movimento mundial que veio para ficar. O conceito começou a ser desenvolvido em 1997 na Inglaterra durante o governo de Tony Blair, que buscava alternativas para a fuga de indústrias tecnológicas para países asiáticos. Ali, na Espanha e até nos Estados Unidos os governantes se deparavam com bairros inteiros abandonados em função disso, repletos de galpões industriais vazios – e o desemprego em massa que tal migração causou. “Eles perceberam que poderiam alocar e desenvolver ali novos setores que começavam a gerar demanda e empregos, especialmente entre os jovens, como a moda, os games e o design”, contou ela. São atividades que envolvem um valor intangível, muito maior do que tijolos e máquinas, e que se originam na revolução tecnológica atual – a maior da história humana, que está mudando radicalmente nossa forma de pensar e produzir e cujos grandes diferenciais são a intensidade e a velocidade, aponta a economista. “A grande lição dessas iniciativas é que se criou nos novos processos possibilidades de emprego nos mais recônditos locais do planeta, pela facilidade que a tecnologia possibilita hoje”, resume ela. “Porém, aonde a nova economia vem obtendo sucesso é nos locais onde houve uma decisão de governo de incentivá-la, pois ela não funciona se não estiver vinculada a uma estratégia de governo e, também, se não houver uma interação entre o setor público e privado nesse sentido”. Reinvenções de sucesso –Lídia Goldstein citou como exemplos de sucesso na economia criativa os cases da Apple e das Havaianas, que souberam se reinventar e ganhar força para permanecer no mercado. “E fizeram isso utilizando tecnologia, criatividade, design, divulgação e venda diferenciada da marca, tudo junto”, destaca ela. “Vocês, como prefeitos, podem usar esse conceito desde a escolha do tecido para o uniforme das escolas públicas até o desenho de uma nova parada de ônibus, passando pela forma de taxar – ou não taxar – os cidadãos locais. Tudo isso também pode ser incentivo à economia criativa no município”. Segundo a economista, ao contrário do que todo mundo pensa, o segundo maior pólo de cinema do mundo, atrás apenas de Hollywood, não está na Índia, mas na Nigéria que, apostando na economia criativa, desenvolveu um setor cinematográfico que lançou mais de 2 mil filmes em 2011. O Canadá, com o cinema de animação, gerou 250 mil empregos e está exportando R$ 5 bilhões por ano com esse produto. “Essa é uma indústria que o Brasil tem toda a capacidade para desenvolver, pela criatividade e imensa abertura de seu povo às inovações. Cabe a cada cidade se repensar e detectar que potenciais tem a desenvolver”, aconselhou Lídia Goldstein. Na avaliação dela, o papel das Prefeituras e lideranças municipais nessas iniciativas depende muito mais de criatividade e ousadia do que de recursos. Apostando na economia criativa, elas poderão gerar mais renda, emprego e educação, e isso, por sua vez, gera consumidores mais sofisticados, que irão gerar demandas mais sofisticadas. “É um círculo virtuoso, uma estratégia de crescimento que depende de um olhar novo sobre o que está acontecendo no mundo neste momento, para, a partir daí, produzir com diferenciação, qualitativamente”, avalia. “Temos um grande diferencial no Brasil nessa área, cabe a vocês, gestores, o papel de incentivá-lo, de parar de pensar o país da forma velha”. |
Márcia Quadros – Assessoria de Imprensa do PSB Nacional
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