Serviço com dados sobre o mercado de trabalho será lançada em evento transmitido por A Gazeta nesta quarta-feira (6); iniciativa tem como objetivo ampliar as políticas públicas voltadas para o universo feminino
De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), no Espírito Santo, em 2019, 57,3% das mulheres participavam da força de trabalho, total bem menor que a taxa de participação dos homens, que é de 77,1%. Conforme informações do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), o índice aponta para a dificuldade de inserção da mulher capixaba no mercado de trabalho.
Prova disso é que 12,4% das mulheres estão desocupadas, contra 8,3% dos homens. O estudo indicou ainda que, em 2019, eram 50,2% trabalhadoras em idade de exercer atividade profissional (contra 70,7% dos homens). O rendimento delas é 26,3% menor do que o dos homens. A média é de R$ 1.861 e R$ 2.527, respectivamente.
Em um Estado como o Espírito Santo, que tem 61,1% da população negra, as desigualdades ficam ainda maiores. No ano da pesquisa, o rendimento médio do trabalho das mulheres negras foi 35,5% menor que o das não negras no Estado. A média salarial das trabalhadoras negras foi de R$ 1.521, em média, enquanto o rendimento das demais raças ficou na média em R$ 2.358. O número de mulheres negras desocupadas (14,8%) representava mais que o dobro das não negras (8,6%).
Os dados fazem parte do Observatório de Políticas Públicas para Mulheres no Espírito Santo (Observatório Mulher ES), que será lançado nesta quarta-feira (6), durante o Encontro das Mandatárias, evento que terá transmissão de A Gazeta.
A proposta é incentivar ações continuadas, monitorar a situação socioeconômica e avaliar as múltiplas formas de desigualdades, bem como subsidiar e otimizar a tomada de decisões no que diz respeito às políticas públicas para mulheres, por meio de uma base de dados consolidada, de realização de pesquisas, de estudos e debates.
O projeto é uma iniciativa do governo estadual, por meio do Programa Agenda Mulher, comandado pela vice-governadoria, que se propõe a dialogar com instâncias governamentais e da sociedade civil, visando contribuir para a discussão sobre as questões de gênero no Estado.
A coordenadora de estatística do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Letícia Maria Gonçalves Furtado Borestein, explicou que o estudo foi dividido em mercado de trabalho, força de trabalho, domicílio e desigualdade e pobreza.
Em um segundo momento, o painel contará com pesquisas voltadas para saúde, liderança e participação política, educação e violência contra a mulher. “O trabalho consiste em orientar, por meio de dados, quais serão as políticas necessárias para o enfrentamento das desigualdades por gênero. Para o ano que vem, também pretendemos lançar estudos voltados para racismo discriminação por orientação sexual”, ressalta.
A vice-governadora do Estado, Jacqueline Moraes, explica que o observatório será composto por seis eixos. No primeiro deles, abordará o empreendedorismo e a força de trabalho feminina, para em seguida serem incluídos outros temas como saúde, educação, liderança e participação política e violência doméstica.
Dentro da página oficial do projeto, haverá um espaço contínuo para debates, construção de workshops, local para publicação de estudos, entre outras iniciativas.
Jacqueline ressalta que o observatório vem constituindo um Plano Estadual de Políticas Públicas de Estado para que toda a sociedade possa debater a temática da mulher de forma clara, científica e independente do governo que tiver. Com isso, haverá um melhor direcionamento de onde é possível melhorar ou ampliar as ações governamentais de inclusão.
A vice-governadora destaca que, diante desse canário, muitas mulheres se tornam empreendedoras no Espírito Santo, optando por trabalhar em casa para ter mais tempo para cuidar dos filhos. Outro debate importante está relacionado à renda dessas trabalhadoras.
“A mãe que cuida dos filhos tem uma renda menor do que se tivesse um companheiro. Há ainda aquelas que não saem de um relacionamento abusivo por conta da dependência financeira. Tudo traz um debate social muito forte e o observatório terá essa finalidade, de trazer visibilidade da problemática da temática feminina. A violência é um problema e que começa com pequenas ofensas até chegar a casos mais graves”, destaca.
Outro exemplo citado pela vice-governadora é sobre tratamentos voltados para saúde. “Estamos no Outubro Rosa, mas não adianta falar sobre câncer de mama se nem todas conseguem ter acesso à mamografia. Dentre as nossas ações, está dialogar com o prefeito, com a secretaria da saúde, para que este serviço chegue a quem precisa. Há poucas políticas públicas voltadas para as mulheres e, até por conta disso, a representatividade feminina também é baixa. Este é um ciclo que precisa ser quebrado”, comenta.
A terceira edição do Encontro das Mandatárias terá como tema “Por Mais Mulheres na Política Capixaba”. O evento será realizado nesta quarta-feira (6), a partir das 10 horas, no Palácio Anchieta, em formato híbrido.
As mulheres capixabas interessadas poderão acompanhar pela transmissão ao vivo nesta página em A Gazeta. Para a participação presencial, as inscrições foram feitas antecipadamente e já foram encerradas.
O evento tem como objetivo discutir sobre a igualdade de gênero e ajudar as mulheres a pensarem na forma de atuar em seus municípios.
O encontro começou em 2019 e se consolidou no Estado como um espaço de discussão sobre a perspectiva de gênero e os direitos das mulheres, tanto nos direitos humanos, como nas políticas públicas. O objetivo é promover o empoderamento das mulheres por meio do empreendedorismo e participação nos espaços de liderança.
A vice-governadora do Estado, Jacqueline Moraes, será a mediadora do evento que conta ainda com a participação da deputada federal Tabata Amaral (PSB); da procuradora-geral de Justiça do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), Luciana Andrade; e da pesquisadora de cientista formada pela Universidade de Brasília, Letícia Medeiros.
Fonte: A Gazeta