O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, destacou a importância dos movimentos sociais do partido para a execução de um projeto que pretenda promover mudanças estruturais capazes de “dar outra feição” à vida republicana brasileira. O socialista participou dos encontros de formação política realizados pela Secretaria Nacional de Mulheres (SNM) e pela Negritude Socialista Brasileira (NSB), na última sexta-feira (24), em Brasília.
“Somos um partido socialista que não pode confiar que poderá fazer, no futuro, quando chegarmos à Presidência, mudanças estruturais apenas com a representação parlamentar. Isso também é importante, mas igualmente essencial é fazer essas mudanças, capazes de dar outra feição à vida republicana nacional, estando enraizados na sociedade nos mais diferentes segmentos sociais: populares, mulheres, negros, jovens, LGBTs e sindicalistas”, afirmou.
Na abertura do II Encontro do Conselho Político Nacional de Mulheres Socialistas – Formação política, Siqueira comemorou a presença de grande número de militantes que lotaram o espaço reservado ao evento. Pela primeira vez, desde a criação da SNM em 1999, há organização feminina e comissões provisórias deste segmento do partido em todos os 27 estados da Federação.
“Quando vejo essa presença, fico muito alegre em saber que as mulheres socialistas em todos esses locais estão se organizando, crescendo, participando e procurando ocupar o lugar que lhes corresponde na sociedade, na política e na busca pelo poder, enfrentando o poderio machista que ainda existe em nosso país e no mundo”, ressaltou.
No encontro das mulheres, estiveram presentes a secretária nacional da SNM, Dora Pires, a deputada federal Creuza Pereira (PSB-PE), a secretária-geral da SNM, Francileide Passos (MT), a historiadora, doutora e especialista em Gênero, Rosário Silva (PE), e as representantes do Conselho Político Nacional da SNM de cada um dos estados brasileiros.
Dora Pires ressaltou a presença do movimento de mulheres do partido em todo o país. “Isso demonstra que, nesses 18 anos de SNM, muito trabalho aconteceu. Fazer política de gênero dentro de um partido político é difícil, mas é mais fácil quando temos contribuição, parceria como temos no PSB e visão dos companheiros de que não dá pra fazer política sem as mulheres. Estamos no caminho certo e no lugar certo, que é dentro dos partidos políticos, onde nossa luta se concretiza”, afirmou.
O presidente Siqueira destacou que na realização do XIV Congresso Nacional do PSB, nos dias 1, 2 e 3 de março do próximo ano, será inédito os seis segmentos partidários terem um número majoritário de delegados. “Quando esses segmentos crescem e aparecem significa que estão aumentando não apenas em quantidade, mas também em qualidade. Isso em função da formação política que é exercida por cada secretaria, pela Fundação João Mangabeira, o que faz com que todos possam se organizar de forma qualificada”, disse.
O socialista lamentou a discriminação vivida pelas mulheres em relação aos homens em todas as instâncias da sociedade, desde o mercado de trabalho, com salários mais baixos, passando pela participação política e social, pelas universidades e pelos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. “Enquanto mulheres e homens não tiverem igualdade de condições e de direitos, o mundo não estará emancipado”.
Para Siqueira, ser socialista não é apenas chegar ao poder, mas, sobretudo, fazer uma opção de compreensão do mundo e da vida em função das necessidades de desenvolvimento estratégico e do bem-estar social da população. “Um partido só tem validade buscando o desenvolvimento do país e do mundo em todos os seus aspectos – social, econômico e político – e influindo na sociedade por um mundo mais humanitário que corresponde ao nosso ideário socialista”, explicou.
Segundo o presidente, “um vento liberal-conservador sopra no país” nesse momento e é preciso que a militância do PSB renove suas energias para enfrentar essa situação em 2018 nas urnas. “Esse é o nosso objetivo, essa é a nossa luta. Sei que vocês, mulheres, têm essa compreensão de que a luta feminina se irmana com a dos homens do partido e da sociedade para que possam, sem discriminação, contribuir para que grandes mudanças possam acontecer no país”.
Negritude Socialista
Na abertura da segunda etapa do Seminário Nacional de Formação Política da Negritude Socialista Brasileira (NSB), o presidente Carlos Siqueira reiterou a importância da preparação dos militantes, principalmente quando no partido se prepara para disputar eleições de 2018.
“Neste ano pré-eleitoral, é essencial essa formação política porque, dentro do movimento negro do partido, temos muitos que serão candidatos. Isso é muito importante para que nas Assembleias Legislativas e no Congresso Nacional possamos olhar e ver que existe representação dos negros, porque eles são a maioria da população brasileira e ainda estão sub-representados no parlamento nacional”, destacou.
Para o socialista, o próximo ano é “vital” para que se possa derrotar, com a presença negra no Parlamento do Brasil, o conservadorismo que ameaça conquistas históricas. Por isso, na visão de Siqueira, um seminário de formação política para o segmento afrodescendente do partido eleva ainda mais a conscientização dos militantes para que possam continuar a luta pela igualdade de oportunidades em todas as instância da sociedade.
Em uma mensagem em vídeo transmitida aos presentes, o presidente da Fundação João Mangabeira (FJM), Renato Casagrande, explicou que é importante à militância do partido ter compreensão da história, das bandeiras e propostas do PSB, para se ter um partido organizado e aguerrido em seu programa. Além disso, Casagrande destacou que o seminário de formação política da negritude socialista é uma oportunidade de reconhecer que a nação brasileira possui uma “dívida” com essa população. “A gente tem que conhecer a história dos negros do nosso país e reconhecer que desde que eles vieram para cá, lá atrás, foram e continuam sendo penalizados pela discriminação, infelizmente”, lamentou.
“Então, um partido socialista que quer acabar com a discriminação e acabar com as desigualdades precisa ter políticas para a negritude e reconhecer a necessidade de estruturar isso, além de proporcionar oportunidades para todos de forma igualitária, como uma forma de compensação pelos erros históricos cometidos contra essa população”, afirmou o presidente da FJM.
A secretária nacional da NSB, Valneide Nascimento, destacou que o evento é importante para a promoção da igualdade racial dentro do partido. “Considerando que estamos no mês em que comemoramos a consciência negra e a luta de Zumbi dos Palmares, uma luta de todos os negros e negras, esse evento é de suma importância pra nós da NSB para que todos possam se empoderar e multiplicar os conhecimentos adquiridos nesse curso”.
Realizado na semana em que se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro), o evento contou com a participação do secretário nacional de formação política do segmento, Pedro da Silva Filho, do cientista político e professor da Fundação João Mangabeira, Adriano Sandri, do secretário nacional do movimento LGBT Socialista, Otávio Oliveira, da deputada federal Creuza Pereira (PSB-PE) e dos militantes negros e negras do PSB.
Os encontros da Negritude Socialista e das Mulheres do PSB terminam neste domingo (26).