Em Belém, onde participará da cúpula de países amazônicos, ministra lembra que povos originários são responsáveis por preservar floresta
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, rebateu neste domingo o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que defendeu em entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo” a atuação de uma frente de Estados do Sul e do Sudeste para se defender no Congresso de perdas econômicas para o Norte e o Nordeste em temas como a reforma tributária.
Em entrevista coletiva em Belém, onde está para participar de uma cúpula de países amazônicos, Marina disse que o Centro-Sul é dependente das chuvas da Amazônia e que 75% do PIB da região é dependente das precipitações produzidas na região.
“Eu não vi a fala do governador, não sei o contexto, mas o que posso dizer é que as chuvas do Sul, Sudeste e Centro-Oeste são produzidas pela Amazônia, e os povos originários da Amazônia são responsáveis pela maior parte da preservação dessa floresta. Setenta e cinco por cento do PIB da América do Sul está relacionado às chuvas produzidas pela Amazônia”, disse Marina, ao lado das ministras do Meio Ambiente da Colômbia, Susana Muhamad, e do Peru, Albina Ruiz Ríos.
Na entrevista ao “Estado de S.Paulo”, Zema disse que “Estados muito menores” como os do Norte e Nordeste conseguem se articular para aprovar projetos em Brasília, enquanto os do Sul e Sudeste ficam “olhando só o seu quintal” e acabam derrotados.
“Outras regiões do Brasil, com Estados muito menores em termos de economia e população se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos. Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso”, disse Zema.
A Cúpula da Amazônia, com a presença de representantes de 15 países, começa terça-feira (8) em Belém. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva patrocinou a iniciativa junto com países da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), organização formada por Brasil, Bolívia Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
Além deles, devem enviar representantes a República do Congo, a República Democrática do Congo e a Indonésia. França, Alemanha e Noruega, principais doadores do Fundo Amazônia, também deve participar.