Mais da metade dos entrevistados em uma pesquisa sobre violência contra a mulher feita pelo Data Popular e pelo Instituto Patrícia Galvão disse conhecer uma mulher que já foi agredida pelo parceiro (54%), assim como um homem que já agrediu a parceira (56%). O levantamento, divulgado ontem, mostrou ainda que 70% das pessoas ouvidas acreditam que é em casa – mais que em espaços públicos – que mulheres são agredidas. E é também em casa que elas se sentem mais inseguras. Na opinião de 85% dos entrevistados, as mulheres que denunciam seus maridos correm mais riscos de serem mortas. A percepção da população é que os crimes contra as mulheres têm aumentado nos últimos cinco anos: 89% disseram ter percebido um crescimento das agressões. Porém, na opinião de Márcia Teixeira, coordenadora da Comissão Permanente de Promotores da violência Doméstica do Conselho Nacional de Procuradores-Gerais de Justiça, o que há é o aumento da visibilidade dos crimes. – A violência Doméstica era pouco visível antes da Lei Maria da Penha. A visibilidade da prática de violência Doméstica na mídia nos últimos anos faz com que a sociedade tenha a percepção de que a violência aumentou – analisa Márcia. – A mulher evoluiu e passou a se defender melhor, a questionar essa situação de violência – complementa a socióloga e conselheira do Instituto Patrícia Galvão Fátima Pacheco. As agressões e os estupros estão entre os crimes percebidos como recorrentes no Brasil, atrás apenas de assassinatos e roubos. Criada há sete anos, a Lei Maria da Penha já está bastante conhecida entre os brasileiros: só 2% dos entrevistados disseram nunca ter ouvido falar nela. Para 86%, as mulheres passaram a denunciar mais os casos de violência Doméstica depois que a legislação entrou em vigor. E 57% acreditam que um número maior de homens passou a ser punido por agredir mulheres. No entanto, a maioria (85%) percebe que a punição da Justiça a homens que matam suas parceiras demora demais. – A exemplaridade funciona se for rápido (o julgamento). Não é depois de 20 anos. Isso não adianta – disse Maria Ester Henrique Tavares, conselheira do Conselho Nacional do Ministério Público. O Data Popular e o Instituto Patrícia Galvão ouviram 1.501 homens e mulheres maiores de 18 anos de idade em mais de cem cidades do país, entre 10 e 18 de maio deste ano. Só 40% das pessoas ouvidas conhecem o número de telefone gratuito para ajudar mulheres vítimas de violência, e apenas 20% disseram, espontaneamente, que esse número era o 180. Nesta semana, começará a ser divulgada em rádio, jornal e mídia impressa uma campanha pedindo que as mulheres denunciem seus agressores. O governo deverá aplicar R$ 100 milhões na ação. |
Fonte: O Globo
|