O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em meio a embates de sua pasta com o agronegócio, afirmando que o país precisa mudar seu modelo de desenvolvimento.
No mesmo discurso, Lula disse, no entanto, que não se pode “menosprezar a agricultura” e que o Brasil “não precisa fazer queimada, não precisa ter desmatamento para aumentar a nossa produção agrícola”.
“Nós temos quase 40 milhões de hectares de terras que podem ser recuperardas, terras degradadas que a gente pode dobrar a nossa produção de soja, de algodão, de gado, sem precisar destruir aquilo que resta de conservação do planeta”, disse Lula na abertura do Brasil Investment Forum, no Palácio Itamaraty.
“Portanto, em vez de alguém não gostar da Marina porque defende muito a Amazônia, precisava começar a gostar da Marina porque ela está fazendo por nós aquilo que nós deveríamos fazer por nós mesmos. Nós precisamos mudar de uma vez por todas o moodelo de desenvolvimento e colocar de uma vez por todas em prática a economia verde.”
As palavras de Lula ocorrem em meio a embates entre o Ministério do Meio Ambiente e o agro, representado sobretudo pela bancada ruralista. Os dois lados estão em contraposição, por exemplo, no caso do marco temporal das terras indígenas.
Marina também teve a pasta esvaziada na tramitação da MP que reconfigurou a Esplanada dos Ministérios, sobretudo por pressão da chamada “bancada do boi”. A ministra já chegou a se referir ao setor como “ogronegócio”.
Em sua fala, Lula tentou contemporizar. Ele defendeu o uso de bancos públicos para fomentar a indústria e empregos de alta qualificação. Mas afirmou que isso não se coloca em contraposição à agricultura, que não pode ser menosprezada.
“A gente não tem que menosprezar a agricultura, porque a gente tem que lembrar quanta tecnologia tem em um grão de soja hoje. A gente tem que lembrar quanta tecnologia e genética tem na criação de um gado, de um porco, de um frango”, disse Lula. “A gente tem que lembrar que a gente está produzindo muito mais em muito menos terra. É apenas utilizar a inteligência para este país prosperar.”