Deputada Luiza Erundina
Recebo cada edição da revista FELC, periódico da Fundação Educacional Lica Claudino, com expectativa e renovado interesse. Isso porque ela sempre me traz de volta detalhes de um passado distante que permanece na minha memória como um registro já meio apagado pela inexorável ação do tempo.
Fatos, cenas e personagens que povoaram minha imaginação de criança e de adolescente ganham vida nas páginas e nos relatos dos articulistas que falam com emoção da Vila de Belém, que foi Canaã e que virou cidade, batizada com o belo e significativo nome de um pássaro preto – Uiraúna.
Na edição imediatamente anterior a esta, tive a satisfação de ver que a matéria de capa era dedicada às comemorações do centenário de nascimento do Monsenhor Oriel Vieira, filho querido de Uiraúna. Embora tenha vivido apenas 58 anos, ele deixou um extraordinário testemunho de fé cristã e de generosa dedicação pastoral a seu povo. Desde muito jovem, ainda seminarista, já despertava o respeito e a admiração dos seus conterrâneos. Tanto é que, antes mesmo de ser ordenado padre, meus pais, Tonheiro e Enedina, o convidaram para ser meu padrinho de batismo e, como madrinha, escolherem minha prima Irene, filha de tia Lindarosa, única irmã de minha mãe.
É curioso o fato de, embora católicos não praticantes, eles escolherem sacerdotes para padrinhos de seus filhos, pois, além do seminarista Oriel, depois padre, cônego e monsenhor, convidaram o padre Antônio Anacleto, vigário da paróquia da Sagrada Família, Jesus, Maria e José, padroeira de Uiraúna, para ser padrinho de minha irmã caçula, Maria Irene, hoje médica na cidade de Cuiabá-MT. É verdade que eles sempre pautaram suas vidas e nos educaram no mais absoluto respeito aos princípios e valores cristãos.
Lamento não ter tomado antes conhecimento da celebração do centenário, pois teria participado pessoalmente das solenidades, para associar-me ao júbilo dos familiares, amigos e conterrâneos do Monsenhor Oriel e, juntos, agradecermos a Deus o precioso dom de sua vida. Aproveito, pois, o espaço que esta prestigiosa me propicia para dizer o quanto me sinto honrada de ter esse santo homem como padrinho. Agradeço, portanto, a meus queridos e saudosos pais pela feliz e inspirada escolha que fizeram, inclusive por me darem como madrinha uma outra pessoa também muito especial, minha prima Irene, a quem devo a oportunidade de estudar. Ambos já se encontram no seio do Pai a Quem peço que retribua, com a plenitude de Sua divina misericórdia, o enorme bem que fizeram pelos irmãos aqui na terra.
*Texto publicado na Revista FELC – Jan/2013