A relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), classificou como “gravíssimas” as informações apresentadas por Joice Hasselmann (PSL-SP) durante oitiva no colegiado, nesta quarta-feira (4).
“As denúncias apresentadas são fortes e graves e, a partir delas, teremos que tomar algumas decisões que serão incorporadas em nossa documentação”, disse a socialista.
Joice afirmou haver uma organização criminosa virtual dentro do “Gabinete do ódio” no Palácio do Planalto, que produz e espalha informações falsas. O grupo é coordenado pelos assessores presidenciais Filipe Martins, Tércio Tomas, José Matheus Sales e Mateus Diniz.
A deputada apresentou imagens do suposto grupo deste gabinete nas redes sociais que demonstram uma ação organizada e orquestrada de postagens com o intuito de destruir reputações seja por meio de fake news, seja pela criação de memes (imagens e vídeos relacionados ao humor, que se espalham pela internet).
Joice afirmou ainda que os filhos do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo e o vereador Carlos, são os mentores do “Gabinete do ódio” coordenado pelos assessores do Planalto. Este é o grupo principal, de acordo com ela, mas diversos assessores de parlamentares participam dessa “milícia digital”, além de blogs, perfis falsos nas redes e mais de dois milhões de robôs.
“Esta ação possui custo que está sendo feito com dinheiro público. Assessores são contratados para criar e disseminar fake news. Além dos robôs que custam, em média, R$ 20 mil cada. Não estamos falando de trocados, estamos falando de milhões”, afirmou.
“Perfis em todo o Brasil participam dessa ação coordenada de forma interligada. É importante entender que fake news não é piada nem liberdade de expressão, é crime”, complementou Joice.
Lídice solicitou que toda a documentação apresentada pela deputada fique à disposição da CPMI, inclusive o que considerar que precisa ficar sob sigilo.
A socialista questionou Joice se, enquanto líder do governo bolsonarista, participou de alguma reunião estratégica sobre formas de atuação nas redes sociais. A relatora também perguntou se é verdade que Carlos Bolsonaro despachava no gabinete da presidência. Joice falou que existem rumores que ele despachava na Presidência, mas que nunca o viu despachando.
A deputada ainda sugeriu que o colegiado convide o ex-ministro da Secretária-geral da Presidência Gustavo Bebianno, que tem informações que podem contribuir com o colegiado.
“Bebianno acompanhou de perto o modus operandi desse núcleo de comunicação. Ele me informou que Carlos Bolsonaro tentou criar uma ‘Abin’ paralela no governo para investigar pessoas, inclusive com uso de grampos”, disse.
Para Lídice, a criação de uma equipe de informação fora do governo é algo absolutamente inconstitucional, ilegal e criminoso e deve ser investigado.
Fonte: PSB Nacional
Foto: Edilson Rodriques/Agência Senado