A escritora, política e líder feminista Zuleika Alambert morreu nesta quinta-feira, em sua casa, no Leme (zona sul do Rio), aos 90 anos, vítima de falência múltipla dos órgãos. Ela foi uma das duas primeiras mulheres a se eleger deputada estadual em São Paulo, em 1947 (junto com Conceição Santa Maria, eleita na mesma legislatura). No ano seguinte, porém, Zuleika foi cassada junto com todos os deputados do Partido Comunista Brasileiro (PCB), ao qual era filiada. O partido teve seu registro cancelado pela Justiça após declarar apoio à autonomia do Estado de São Paulo, então ameaçado de invasão por tropas federais. Antes de ser cassada, Zuleika apresentou um projeto que previa um abono de Natal aos trabalhadores assalariados e foi o embrião do 13º salário. Nos anos 1950 ela foi secretária-geral da Juventude Comunista. Após o golpe militar de 1964, Zuleika saiu do Brasil para fugir da repressão e passou pela Hungria e pelo Chile. Em Santiago, em 1971, participou do Encontro da Juventude Mundial contra a Guerra no Vietnã e ajudou a criar o Comitê de Mulheres Brasileiras no Exílio. Em 1973, após o golpe militar no Chile, recebeu asilo na Embaixada da Venezuela. No ano seguinte foi para Paris na condição de refugiada, sob a proteção da ONU. Em 1979, beneficiada pela Lei da Anistia, Zuleika voltou ao Brasil e passou a participar de movimentos de apoio às mulheres. Fundou o Conselho Estadual da Condição Feminina do Estado de São Paulo e coordenou a Comissão Estadual de Educação, Cultura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Escreveu livros como “Uma jovem brasileira na URSS” (1953), “Estudantes fazem história” (1964), “Feminismo: O Ponto de Vista Marxista” (1986) e “Uma mulher na História” (2004). Ultimamente, Zuleika era a inspiradora do movimento de mulheres do Partido Popular Socialista (PPS), particularmente o Núcleo de Gênero Zuleika Alambert. Desde 2010 Zuleika estava com a saúde debilitada, inicialmente em função de uma fratura decorrente de uma queda. Ela também havia desenvolvido tumores no abdômen. Seu velório será nesta sexta (28), das 8h ao meio-dia, no cemitério Memorial do Carmo, no Caju (zona portuária do Rio). Depois o corpo da escritora será cremado. |
FÁBIO GRELLET – Agência Estado
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