De 2013 para cá, surgiram 3.350 sites, em diversas línguas, associando o Brasil à pornografia ou vendendo o país como um bom destino para o turismo sexual. O levantamento, feito pela empresa Axur, mostra que o número de novas páginas já supera as 2.165 que o Ministério do Turismo tinha conseguido tirar do ar em 2011 e 2012 pelos mesmos motivos.
A maioria dos novos sites associa o Brasil ou seus símbolos nacionais à pornografia. São 2.576 nessa situação. Outros 555 usam o país para promover a prostituição. Também há 74 deles incentivando o turismo sexual, e 124 associando o país à pornografia infantil. Há até mesmo 17 páginas de zoofilia, ou seja, de sexo com animais. Por fim, quatro sites chegam a vender pacotes de turismo sexual para o Brasil. Segundo a Axur, a cidade do Rio de Janeiro, por ser o principal cartão-postal do Brasil, é a mais vendida quando se trata de turismo sexual. Um dos sites, por exemplo, diz oferecer “inesquecíveis férias eróticas na bela e encantadora cidade do Rio de Janeiro, na costa sudeste de um dos países sexualmente mais festivos do mundo, o Brasil”. Informa ainda que “nossas jovens mulheres não apenas serão suas deusas do sexo, como também serão suas guias turísticas, tradutoras, parceiras de dança e namoradas pessoais”. Rio e Fortaleza são alvos Apesar de ser a mais visada, a cidade do Rio não é a única. Foi identificada, por exemplo, uma página voltada especificamente para Fortaleza, um dos principais destinos de turismo sexual no país. Segundo o Ministério do Turismo, o Brasil recebeu 5,8 milhões de turistas estrangeiros em 2013 e pouco mais de seis milhões em 2014. Também de acordo com a pasta, eles gastaram US$ 6,9 bilhões no país em 2014, US$ 203 milhões a mais que no ano anterior. De acordo com a Axur, 69% dos turistas decidem para onde vão viajar por meio da internet. Além disso, 87% utilizam a rede mundial de computadores para planejar seus passeios. O ministério não tem estimativa de quantos visitantes vêm ao Brasil motivados pelo turismo sexual. Os números disponíveis são as denúncias do Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República. Segundo o ministério, o Disque 100 registrou 5,4 mil ligações para denunciar casos de exploração sexual infantil, principalmente em São Paulo (669), Bahia (487) e Minas Gerais (448). As denúncias são encaminhadas para o Conselho Tutelar, a Polícia Civil ou a Polícia Militar. Polícia Federal monitora rede Segundo a Axur, os grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, estimulam o turismo sexual no país. O Ministério do Turismo diz o contrário. Segundo a pasta, os grandes eventos ajudaram a reforçar a rede de proteção contra a exploração sexual. A Axur, que fez o levantamento dos sites, é especializada em monitorar a imagem de marcas, além de fraudes e estelionato pela internet. O monitoramento do Ministério do Turismo em 2011 e 2012 foi fruto de uma parceria com a empresa. Depois disso, a Axur passou a acompanhar os sites de forma independente. O Ministério do Turismo informou que o monitoramento dos sites é feito pela Polícia Federal, que integra uma comissão juntamente com a pasta e outros membros do governo e da sociedade civil. Comunicou também que, desde 2004, está em funcionamento o Programa Turismo Sustentável e Infância (TSI), de combate à exploração sexual de crianças e adolescentes, para o qual já foram repassados R$ 32 milhões. Por André Souza |
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Fonte: O Globo
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