Com discurso antifascista, a Secretária Nacional de Mulheres, Dora Pires, abriu, no dia 28 de abril, em Brasília, o IX Congresso Nacional de Mulheres do PSB, que integra a programação do XV Congresso Constituinte da Autorreforma do PSB.
Após três anos sem encontros presenciais, as mulheres socialistas se reuniram no Hotel Royal Tulip Brasília Alvorada para eleger a nova Executiva Nacional para o triênio 2022 a 2025, aprovar o Regimento Interno do IX Congresso Nacional de Mulheres e alterar o Regulamento Interno da Secretaria Nacional de Mulheres.
Como parte da programação, as participantes assistiram a duas palestras e acompanharam uma homenagem prestada a cinco companheiras socialistas que marcaram a história do partido e da SNM. Além das mulheres socialistas, os demais segmentos do PSB também realizaram seus encontros nacionais.
Abertura dos segmentos
No início da manhã, no salão principal, foi realizada a abertura conjunta dos sete segmentos, que contou com a participação do Presidente Nacional do PSB, Carlos Siqueira, e de todos os representantes dos segmentos socialistas do Partido.
“Como sempre falo, os segmentos não devem olhar apenas para dentro do partido, eles devem atuar nos movimentos sociais organizados em todo o país para que, sobretudo, possam incluir e trazer questões para o PSB e fazer ressoar no partido as reivindicações de todos os setores da sociedade”, pontuou o líder dos socialistas.
Em seu discurso, Dora Pires frisou a importância da gestão de Carlos Siqueira às mulheres socialistas e a seriedade da reeleição do ex- presidente Lula para derrotar Bolsonaro.
“Precisamos derrotar o bolsonarismo, e cada um e cada uma de nós aqui tem que cumprir esse papel socialista, e tem que ir à rua buscar os votos para afastá-lo da presidência da República. Temos que buscar a paz e a democracia novamente. Nós, mulheres socialistas, estamos unidas para marcharmos juntas e manifestar nossa força e unidade para esta finalidade”, frisou a Secretária Nacional.
Além de Siqueira e dos secretários nacionais, estiveram presentes o vice-presidente nacional de Relações Governamentais do PSB, Beto Albuquerque, o ex-governador de São Paulo, Márcio França, a vice-governadora do Espírito Santo, Jacqueline Moraes, a deputada estadual Fabíola Mansur (PSB-BA), a deputada estadual Cristina Almeida (PSB-AP) e a secretária Especial da Executiva Nacional do PSB, Mari Machado.
IX Congresso Nacional de Mulheres
Finalizada a cerimônia conjunta, as socialistas se encaminharam para a sala da SNM e deram início às atividades. Em seu discurso de abertura, Dora fez um retrospecto dos últimos anos do PSB e da Secretaria:
“Ao longo desses últimos quatro anos, desde o VIII congresso nacional das mulheres socialistas, realizado em 2018, muitas coisas aconteceram no mundo, no Brasil, no Partido Socialista Brasileiro e na Secretaria Nacional de Mulheres. mas continuamos firmes na nossa caminhada em busca de espaço e melhores dias para as mulheres socialistas e as brasileiras”.
Para ela, o mais importante foi o processo da Autorreforma do PSB, que acontece desde 2019: “Este insight que nosso presidente Carlos Siqueira teve para estimular que nós nos avaliemos, reformulemos e inovemos através deste processo de Autorreforma, foi o que de mais progressista o nosso partido produziu e mostra o espírito socialista do nosso presidente e do nosso PSB”.
Em seguida, Dora relembrou as milhares de vidas de brasileiros e brasileiras perdidas para a Covid-19: “este congresso homenageia as famílias e aqueles e aquelas milhares de pessoas que perderam sua vida para a Covid-19”.
Logo depois, a secretária nacional destacou que a pandemia obrigou a SNM a buscar novas formas de manter as ações em vigor e em funcionamento: “mesmo diante de tantos desafios, nesses últimos quatro anos, a Secretaria Nacional de Mulheres realizou seminários, encontros estaduais, lives, debates e esteve presente de forma orgânica nas agendas nacionais do partido como forma de evidenciar a potência e a unidade das mulheres socialistas do PSB”.
Ainda durante o discurso de abertura, Dora destacou a importância do fórum nacional de instâncias de mulheres de partidos políticos, que, segundo ela, é uma forma das socialistas do PSB de ampliarem as alianças com companheiras de outras legendas, e onde a secretaria nacional de mulheres do PSB participa da coordenação.
A baixa a baixa representatividade feminina nos espaços de poder também foi pontuado. Segundo dados do TSE, nas eleições de 2020, 900 municípios não tiveram sequer uma vereadora eleita, e atualmente o nosso país ocupa a vergonhosa centésima quadragésima posição no ranking da união interparlamentar, ficando atrás de quase todas as nações da américa latina. “Não podemos nos conformar com tamanho atraso, devemos lutar com muita bravura para que possamos mudar esta cultura excludente e patriarcalista que prejudica a participação da mulher na política e nos espaços de poder”.
Por fim, Dora fez um apelo para todas as mulheres e homens que estavam presentes sobre as eleições de outubro: “daqui a pouco mais de seis meses teremos uma das eleições mais difíceis da nossa história. É fundamental saber que precisaremos de unidade, paciência e muita calma para enfrentar os fascistas. O presidente Lula e o companheiro Geraldo Alckmin serão nossos líderes para guiar o brasil com esperança de voltarmos a garantir a democracia e melhores dias para a nossa nação, principalmente para os mais excluídos. É preciso que cada uma aqui tenha a consciência de que a campanha precisa do apoio, virtual e no corpo a corpo, para virarmos votos. defender a democracia brasileira é a nossa meta! derrotar o bolsonarismo é missão de toda mulher socialista!”, concluiu.
Após o discurso da secretária de mulheres, o pré-candidato ao governo do Acre, Genilson Leite, falou sobre a importância da presença feminina na política e nas chapas proporcionais: “Nós, lá no Acre, entendemos a importância do momento que estamos vivendo e a importância da participação das mulheres na política, por isso, nós estamos convidando e já temos muitas mulheres participando das nossas chapas proporcionais e, possivelmente, teremos uma mulher candidata na nossa chapa majoritária. […] Eu tenho orgulho em dizer que nós vamos ter uma luta no nosso estado que dialogue com o que vocês estão pensando aqui”, pontuou o candidato.
Em seguida, o representante e coordenador da Aliança Progressista para as Américas, Estéban Paulón, mencionou a importância de haver um debate sobre temas fundamentais sobre os direitos das mulheres como um feminismo centrado na luta, melhores espaços para as mulheres e o mérito do trabalho das secretarias de mulheres de todos os partidos socialistas do mundo: “Não há socialismo sem mulheres, não há socialismo sem feminismo. Ou o socialismo será feminista ou não será. Podemos trabalhar em conjunto com as companheiras de todas as secretarias de todos os partidos da América”, relatou o coordenador.
Alterações e inclusões no Regulamento da SNM
Após as apresentações, a secretária-geral da SNM, Francileide Passos, fez a leitura do Regimento Interno do IX Congresso Nacional de Mulheres do PSB; a aprovação foi unânime.
Em seguida, deu-se início a apresentação das propostas para alteração do Regulamento Interno da Secretaria Nacional de Mulheres. Foram propostas três alterações, sendo duas aprovadas por unanimidade.
A primeira alteração ocorreu no artigo 13, que diz que a executiva da SNM passará a ser composta por, no mínimo, 70% dos estados que tenham diretórios constituídos e devidamente registrados, bem como, suas secretarias estaduais definitivas eleitas através de congresso próprio. Já as secretarias estaduais provisórias que queiram compor a Executiva da SNM deverão respeitar os critérios elencados no parágrafo único do referido artigo, sendo eles:
1 – Representatividade por regiões,
2 – Importância política dos estados.
Ainda foi proposta pela plenária a inclusão de artigo no qual trata da relação da Secretaria Nacional de Mulheres com instituições internacionais, o qual segue o texto na íntegra:
“A Secretaria de Articulação de Relações Internacionais estará diretamente ligada à Secretaria Nacional com a finalidade de articular e apoiar a Secretaria Nacional de Mulheres junto às instituições internacionais”.
Por último, a Secretária Nacional propôs a alteração no artigo 12 que versa sobre a ampliação da composição da Executiva Nacional, passando, de mínimo, 09 para 11 e, no máximo, 11 para 13 integrantes.
Abstenção de uma companheira
Painel I Internacional: “Autonomia e Empoderamento das Mulheres no Mundo”
Introduzindo a pauta sobre a inteligência coletiva e liderança feminina, a professora e filósofa Gisele Szezyglak, da École Nationale D’administration Publique, mundialmente conhecida como ENA, de Paris, autora do livro “Subversives” (em tradução para o português) pontuou às mulheres socialistas as condições femininas mundiais e a importância da mulher ocupar espaços:
“Desde 2016 eu tenho vindo ao Brasil e eu pude perceber que existe uma condição muito parecida com as mulheres do mundo, porque as mulheres são menos visíveis que os homens e, desta forma, ficam sem poder participar da civilização[…] Por que sempre precisamos da validação deles? As mulheres precisam parar de se justificar por serem femininas” conclui a professora e filósofa francesa.
Logo após, houve o lançamento do livro “Subversivas”, que oferece às mulheres a oportunidade de dominar a arte de ser subversiva no rapto civilizacional.
Painel II: “A Importância da Mulher nos Espaços de Poder: a Violência Política de Gênero e as Eleições de 2022”
Já no período da tarde, as deputadas federais Lídice da Mata (BA) e Tabata Amaral (SP) falaram para as participantes sobre um tema muito caro para as socialistas – a violência política de gênero – e debateram a relevância de possuir mais mulheres eleitas.
A deputada federal Lídice da Mata (BA) destacou a militância feminina na Câmara dos Deputados em defesa da democracia e a luta histórica de mulheres para ocupar espaços de poder:
“Todos os eventos históricos que enfrentamos traz à tona os desafios de encorpar mulheres na sociedade brasileira, porque somos 52% da população brasileira e precisamos de espaços reais em todos os segmentos da sociedade, mas, principalmente, nesse tal poder político”, afirmou a deputada federal.
A deputada federal Tabata Amaral (SP) reforçou o mérito da pauta educacional e os desafios enfrentados como mulher em um espaço de poder político:
“Ser mulher é o que marca a minha trajetória desde o dia que decidi me candidatar. Eu costumo estar em lugares em que não tem outras mulheres, mas é na política que o ser mulher fica evidente em cada ato, em cada palavra. Eu tenho uma profissão que todos os dias me faz lembrar que por eu ser mulher tudo vai ser diferente para mim. Mas o que eu tenho a dizer a vocês é: vocês não estarão sozinhas porque vocês são fundamentais neste lugar”, evidenciou a deputada federal.
O prefeito de Recife, João Campos, apareceu e parabenizou as socialistas pelo Congresso e destacou importância da representatividade feminina nestas eleições:
“A gente precisa ter cada vez mais representatividade, e em um ano como esse, que vamos ter grandes desafios, sabemos a contramão que o Brasil se atreveu a tomar e devemos estar indignados com o que está acontecendo, e que essa indignação se transforme na disposição de ter uma vida política ativa e verdadeira”, afirmou o prefeito pernambucano.
Homenagem a companheiras socialistas
Com grande emoção e respeito, foram homenageadas cinco grandes socialistas que marcaram a história da Secretaria de Mulheres do PSB e a trajetória feminina na política brasileira: Creuza Pereira, Margarida Vieira, Yara Gouvêa, e Leyde Pedroso e Sandra Coêlho (in memoriam).
Como única homenageada presente, a professora Yara Gouvêa agradeceu com muita emoção as homenagens e relembrou a alegria da companheira Leyde Cardoso, que faleceu vítima da Covid-19, em 2020:
“São vocês que me representam e, na verdade, eu não seria nada se vocês não existissem e a minha luta é a nossa luta. Quando eu descobri a Leyde tinha ido, eu tive a certeza que quando ela chegou lá em cima ela iluminou os céus com seu sorriso”, abrandou a socialista.
Nova Executiva Nacional Triênio 2022 – 2025
Em seguida, foi entregue para as companheiras o compilado das ações realizadas pela secretaria nacional de mulheres, entre os anos de 2018 e 2022.
Abrindo o processo de votação, a secretária nacional, Dora Pires, apresentou a proposta de chapa devidamente registrada no período disposto no Regimento.
Também foi proposto o aumento da quantidade das coordenações regionais para o próximo triênio. Regionais passaram de três para quatro: Nordeste, de dois para três o Norte, e de uma para duas as demais.
Com o nome “Mulheres de luta – seguir avançando”, a chapa eleita por aclamação e a Executiva – 2022 -2025, ficou assim composta
Executiva Nacional – 2022-2025
CHAPA “MULHERES DE LUTA – SEGUIR AVANÇANDO”
1) SECRETÁRIA NACIONAL
DORA PIRES (PE)
2) SECRETÁRIA GERAL
FRANCILEIDE PASSOS (MT)
3) PRIMEIRA SECRETÁRIA
SILVANA CASTRO (PI)
4) SEGUNDA SECRETÁRIA
JACIARA RODRIGUES (AC)
5) SECRETÁRIA DE FINANÇAS
NEIDE LIMA (ES)
6) COORDENADORA DE FORMAÇÃO POLÍTICA
ELY ALMEIDA (AP)
7) COORDENADORA DE ARTICULAÇÃO DE GÊNERO COM OS SEGMENTOS
LAURA GOMES (PE)
8) COORDENADORA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS E PARLAMENTARES
MARIANA LOPES (SP)
9) COORDENADORA DE MOVIMENTOS SOCIAIS
LUCILENE ROSA (GO)
10) COORDENADORA DE ARTICULAÇÃO E MOBILIZAÇÃO
MARIA LUIZA LOOSE (RS)
11) COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO
CARMEM PAULA (PA)
12) COORDENADORA DE DIREITOS HUMANOS
JOSEFA BETÂNIA DOS SANTOS (SE)
COORDENAÇÕES REGIONAIS
COORDENAÇÃO REGIÃO NORDESTE
LUCIANA CRUZ (BA)
SANDRA MARROCOS (PB)
GLAUCE JANE CORDEIRO (MA)
TATIANA PIRES (RN)
COORDENAÇÃO REGIÃO NORTE
MÁRCIA REBECA (AM)
INGRID GURGEL (RO)
AMANDA SOBREIRA (TO)
COORDENAÇÃO REGIÃO SUDESTE
MARDELENE DE JESUS (MG)
CYNTHIA VALLIM (RJ)
COORDENAÇÃO REGIÃO CENTRO-OESTE
YARA GOUVÊA (DF)
ESTELA CÁCERES FRANCO (MS)
COORDENAÇÃO REGIÃO SUL
MARIA EZI CHEIRAN NETA (PR)
CAREN MACHADO (SC)