O índice de casos de violência doméstica na Reserva Indígena de Dourados no comparativo de janeiro a agosto de 2013 com o mesmo período de 2014 revela um cenário classificado pela própria Polícia Civil como um ‘grande passo’ no combate a este tipo de crime. No ano passado, foram 42 registros e este ano 29, o que representa uma redução de 31%. Ainda conforme o órgão, a realidade nas aldeias Jaguapiru e Bororó indicam maior coragem das vítimas indígenas, e repressão mais imediata aos autores.
Em toda Dourados, o cenário vai à contramão do que aconteceu na Reserva. Do dia 1 de janeiro até o dia 31 de agosto deste ano, foram 848 casos de violência doméstica. O número representa um aumento de pouco mais de 5% no comparativo com o mesmo período do ano passado, que teve registro de 804 casos. “Na cidade podemos considerar certa estabilidade, apesar do aumento. Já o que houve na Reserva é realmente muito bom, e indica que as índias estão denunciando mais, apesar de uma submissão cultural que existe. Isso é resultado de uma força-tarefa composta pela Delegacia da Mulher, Ministério Público e Poder Judiciário na repressão aos autores, porque os procedimentos correm mais rápido, e também das campanhas de incentivo para que as vítimas indígenas denunciem”, avaliou o delegado regional de Dourados, Antônio Carlos Videira. No âmbito geral, o delegado ressaltou os números de procedimentos que correram na Delegacia da Mulher, que apontam uma crescente que reforça a avaliação de uma maior coragem não apenas das vítimas indígenas, como de todas as outras. “Em 2012 somente na Delegacia da Mulher tivemos 1.242 inquéritos policiais, fora os TCO [Termos Circunstanciados de Ocorrência]. Ano passado foram 1.100 e este ano já estamos nos aproximando de mil. Isso gera repressão aos autores e coragem nas vítimas, que se veem protegidas sob o amparo da Lei. Hoje o processo de repressão está bem mais rápido desde o momento da denúncia”, disse Videira. Coordenadora de Políticas Públicas das Mulheres em Dourados, Bárbara Nicodemos acredita que houve realmente uma mudança para melhor no que diz respeito a vítimas indígenas. A coordenadoria trabalha com medidas preventivas por meio de material didático sobre violência doméstica que, inclusive, é traduzido em guarani e em breve será traduzido em terena. “Nós fazemos um trabalho intensivo porque elas têm muita dificuldade em denunciar, muito pela cultura. E há ainda uma série de situações que as desestimulam. Muitas não querem se expor e romper o elo familiar, entre outros medos. Ainda é muito difícil, mas estamos conseguindo aos poucos mudar o cenário. Pode ser que os números não expressem a realidade, mas queremos que avance muito mais”, avaliou Bárbara. Thalyta Andrade |
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Fonte: Diário MS
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