Implementação de leis favoráveis às mulheres e entendimento das empresas sobre questões de assédio e filhos têm impacto direto no mercado e economia
Ao longo do último ano, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 2,5%, segundo dados do IBGE. Nos primeiros três meses de 2024, o crescimento foi de 0,8% em comparação ao trimestre anterior. No entanto, um estudo do Banco Mundial indica que, se as mulheres tivessem as mesmas oportunidades que os homens, o PIB global poderia aumentar em mais de 20%.
Apesar de avanços, a igualdade de gênero no ambiente de trabalho ainda é um desafio. O relatório “Mulheres, Negócios e Leis” do Banco Mundial mostra que a disparidade global de gênero no mercado corporativo é maior do que se pensava.
O estudo destaca dois obstáculos principais para o avanço profissional das mulheres: violência e cuidados com crianças.
Em termos de direitos legais, as mulheres têm apenas 64% dos direitos dos homens. Além disso, menos de 40% dos países implementam os sistemas necessários para que essas leis sejam efetivamente aplicadas.
Segurança das mulheres no Brasil
Apenas um terço das proteções legais contra violência doméstica e assédio sexual está em vigor no Brasil. A Lei nº 14.457/2022, que criou o Programa Mais Mulheres, exige treinamentos sobre assédio sexual nas empresas.
Carine Roos, CEO da Newa, destaca a importância desses treinamentos contínuos para criar um ambiente de trabalho seguro e igualitário. A Newa oferece um programa anti-assédio que inclui sensibilização, treinamento e consultoria.
Cuidados com as crianças
A inclusão de benefícios como creches, auxílio-maternidade e horários flexíveis aumenta a participação feminina no mercado de trabalho. Porém, apenas 78 países oferecem algum tipo de apoio financeiro ou fiscal aos pais com filhos pequenos.
Carine Roos afirma que as empresas têm um papel importante em criar um ambiente que valorize o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho. Oferecer suporte emocional, físico e mental às mulheres é crucial.
Desafios e oportunidades
Governos e organizações precisam acelerar esforços para criar políticas que promovam a igualdade de gênero no mercado de trabalho. Atualmente, apenas metade das mulheres participam da força de trabalho global, em comparação a quase três em cada quatro homens.
Carine Roos ressaltou que poucas empresas oferecem apoio às mães que amamentam ou subsídios para creches. Muitas não garantem licença-maternidade integral de seis meses, nem distinguem entre cuidadores primários e secundários. É necessário que as empresas contribuam para uma economia inclusiva e equitativa.
Fonte : Carta Capital