GENEBRA (Notícias da OIT) – Quando a jovem Jorden Berkeley, de 22 anos, graduada na universidade, começou a procurar emprego, se surpreendeu ao não receber respostas. Nascida no Reino Unido de ascendência caribenha, ela jamais imaginou que seu nome poderia representar um problema. Mas uma assessora profissional sugeriu que começasse a utilizar seu segundo nome que tem um tom mais inglês – Elizabeth – em seus pedidos. “Ainda que o conselho da assessora tenha me surpreendido, acrescentei meu segundo nome ao currículo. Comecei a receber respostas, não necessariamente oferta de emprego, mas passei do nada a entrevistas de trabalho. Foi uma revelação. Falei com meus amigos e familiares e descobrir que é algo que ocorreu com frequência. Também li relatórios sobre mulheres muçulmanas que tiravam o véu para obter trabalho”, contou Berkeley. Zunade Wilson, também de 22 anos e de origem caribenha, teve uma experiência semelhante. Recebia mais respostas quando utilizava seu segundo nome, Renatta. Quando começou a trabalhar como assistente de professora, também teve que enfrentar discriminação. “Uso meu cabelo de forma natural, estilo afro. Estava perto da data de uma inspeção na escola e me disseram que quando os inspetores chegassem, teria que fazer algo com meu cabelo, que teria que estar mais arrumado. Respondi que meu cabelo crescia assim e que não o alisaria para agradá-los”. Um relatório do Parlamento do Reino Unido assinalou que em 2011 a taxa geral de desemprego para as mulheres de descendência étnica superava 14 por cento, mas do que o dobro da taxa de mulheres brancas e mais elevada que a taxa de desemprego de homens descendentes de minorias étnicas. Entre as mulheres de origem paquistanesa ou bengali (de Bangladesh), a taxa de desemprego chegava a até 20,5 por cento. Muitas mulheres pertencentes a estes grupos informaram que haviam sido interrogadas sobre suas intenções em relação ao casamento ou aos filhos devido aos preconceitos relacionados com sua proveniência étnica, assinala o relatório. Em outras partes do mundo, particularmente na América Latina e em algumas regiões da Ásia, as mulheres indígenas frequentemente são vítimas de discriminação quando entram no mercado laboral. Algumas vezes são ridicularizadas e estão sujeitas a abusos verbais ou físicos porque vestem suas roupas tradicionais no trabalho. “As mulheres indígenas são objeto de discriminação em todo o mundo, não somente por questões de gênero, mas também devido à sua identidade indígena, origem étnica, cor ou crença religiosa. Esta discriminação múltipla é especialmente evidente quando as mulheres, sobretudo as jovens indígenas, entram no mercado de trabalho e tentam progredir”, afirmou Jane Hodges, Diretora do Escritório para a Igualdade de Gênero da OIT. Persistem múltiplas formas de discriminação Mais de 170 países ratificaram a Convenção nº 111 sobre a discriminação em matéria de emprego e ocupação da OIT, que data de 1958. No entanto, o relatório mais recente sobre a igualdade no trabalho da OIT comprovou que a discriminação continua sendo “persistente e multiforme” e agravou-se com a crise econômica mundial. “A discriminação assumiu formas diferentes e a discriminação por múltiplos motivos está se convertendo na regra mais do que na exceção”, sustenta o relatório. Segundo um estudo da OIT sobre múltipla discriminação em muitas regiões do mundo, os critérios raciais que afetam aos homens muçulmanos e os códigos de vestimenta dirigidos às mulheres muçulmanas no local de trabalho são cada vez mais frequentes devido às tensões políticas mundiais depois dos ataques aos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001. A dificuldade, dizem os pesquisadores, é separar os motivos de exclusão vinculados à origem nacional ou étnica, racial, religiosa ou de gênero que são superpostos. Lisa Wong, especialista em matéria de discriminação da OIT, disse que a OIT identificou a discriminação racial como uma questão prioritária. Wong está supervisionando a elaboração de um guia sobre a promoção da diversidade étnica no local de trabalho, que foi testada na África do Sul no final de janeiro de 2013. “Apesar de as normas de trabalho que regulam a discriminação baseada na raça estarem bem estabelecidas há muitos anos, tanto nos países industrializados como nas economias em desenvolvimento, a discriminação baseada neste motivo, especialmente quando se soma à de gênero, continua sendo um desafio”, afirmou Wong. O guia oferecerá uma série de medidas simples como a realização de uma auditoria sobre a diversidade étnica, a redação e aplicação de uma política em favor da diversidade, e assessoria sobre como trabalhar com as organizações de empregadores e de trabalhadores com o objetivo de sensibilizar gestores e melhorar sua capacidade de resolver as reclamações de maneira eficaz. “Quando são executadas e administradas corretamente, estas medidas podem contribuir não somente para diversificar a força de trabalho, mas também para melhorar o acesso a novos e variados mercados de consumidores, o que poderia trazer benefícios à reputação da empresa e também aumentar seus ganhos”, acrescentou Wong. |
Fonte: OIT
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