Reunião da Procuradoria Especial da Mulher debateu formas de incentivar a participação das mulheres na política.
Créditos:Dálie Felberg/Alep
Evento da Procuradoria da Mulher lotou Salão Nobre da Assembleia Legislativa e está entre as ações da campanha dos “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres no Estado”.
Autonomia, presença, igualdade, pluralidade. Estas foram algumas das palavras mais faladas no lançamento do Fórum Paranaense de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos, na manhã desta segunda-feira (29) na Assembleia Legislativa do Paraná. Evento que foi coordenado pela Procuradoria da Mulher da Casa e é parte das ações da Campanha dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres no estado. “Para nós é uma grande satisfação estar sediando esta posse, que é um trabalho que vem de encontro ao da Procuradoria, que também é lutar contra a desigualdade e a discriminação da mulher nos espaços políticos”, afirmou a deputada Cristina Silvestri (CDN), procuradora da Mulher no Legislativo.
O Fórum é composto por dirigentes de 11 partidos políticos e o objetivo é que ele funcione como um suporte para as mulheres interessadas em se candidatar e um espaço para debates e apresentações de propostas de gênero. “Nossa pauta é a ampliação dos números de mulheres nos espaços de poder e quebrar as barreiras internas nos partidos. No Paraná, por exemplo, as mulheres ocupam apenas 11% das estruturas partidárias em cargos de decisão. O Fórum vem para unir forças e aumentar esse número”, disse a jornalista Ana Moro, que assumiu a coordenação-geral do Fórum. “Ter a Procuradoria da Mulher da Assembleia como aliada nesse processo significa muito para unirmos esforços e levar as informações e ações para o interior do estado, especialmente para as vereadoras”, acrescentou.
Outras seis dirigentes regionais também integram o Fórum: Daniela Blanc Pierri Marques, secretária do PROS Mulher/Paraná, vai coordenar a região de Curitiba; Rosalina Batista, secretária do PSDB Mulher/Paraná, assumiu a coordenadoria regional do litoral; Marcilene Soares da Silva Paes, secretária das Mulheres Republicanas/Paraná, coordenará o Fórum nos Campos Gerais e Sul do estado; Maria Ezi Cheiran Neta, secretária do PSB Mulher/Paraná, será a coordenadora do Norte e Noroeste; Mirella Ferraz, secretária do Cidadania 23 Mulheres, vai coordenar o grupo na região Sudoeste e Elza Maria Campos, secretária do PCdoB Mulher/Paraná assume a coordenadoria do Fórum Paranaense de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos do Oeste. “Com a composição do Paraná formada, agora temos Fóruns instalados em toda a região Sul e isso é muito importante, porque muitas mulheres seguem invisibilizadas na política. Temos que mudar a lógica de mulher cuidadora. Não vamos ser apenas cabos eleitorais dos homens, mas estar a frente. Aglutinar mulheres com a mesma causa. Temos que aprender a olhar umas para as outras com mais capacidade de fazer política, com mais amor. E, graças aos Fóruns, as mulheres dos partidos estão aprendendo a lidar com as suas diferenças em nome da unidade”, afirmou a coordenadora-geral do Fórum Nacional de Instância de Mulheres de Partidos Políticos, Miguelina Vecchio.
Para Miguelina, é preciso separar o que cada partido pensa, afinal, eles têm suas particularidades, mas o espaço para as mulheres deve ser o mesmo. Por isso, o Fórum é suprapartidário. “As mulheres precisam participar das executivas dos partidos até na hora de planejar a campanha no rádio e na TV, por exemplo. Temos que ter espaços idênticos aos dos homens no horário eleitoral. Política é um substantivo feminino, mas poder é masculino e precisamos ser notadas”, lembrou.
Outras pautas que deverão ser permanentes no Fórum são os projetos e as legislações que combatam a violência de gênero contra as mulheres e a inclusão, eliminando preconceitos, atitudes e padrões comportamentais na sociedade e na política. Renata Borges, presidente do PDT de Apucarana, prova que é possível fazer a diferença estando em uma posição de tomada de decisão. Ela é a primeira dirigente partidária transexual do estado. “Precisamos estar nestes lugares para lutarmos pelas causas de todas as mulheres, não apenas as trans, mas as negras, as agricultoras. O Fórum vem para fortalecer essa pluralidade e a representatividade”, ressaltou.
Isabelle Dias, a primeira vereadora surda do Paraná e a segunda do Brasil, está no primeiro mandato na Câmara Municipal de Paranaguá, e também é procuradora adjunta da Mulher. Para ela, o desafio do Fórum e o dela, em particular, tem sido ultrapassar justamente as barreiras do preconceito. “Represento, claro, as pessoas com deficiência e suas causas, mas todas as mulheres, porque sofri o preconceito na pele, quando venci a eleição. As pessoas achavam que eu não conseguiria acompanhar as sessões por causa da surdez, mas, com a ajuda dos intérpretes de libras, estou atuante em benefício da população, como tenho certeza que irá acontecer com o Fórum”, afirmou.
Sub-representatividade
Cerca de 46% dos filiados a partidos políticos são mulheres. Mesmo assim, o Brasil ocupa a 133ª posição entre os países em representação feminina na política. Na Câmara dos Deputados, elas são 15%. Na bancada federal paranaense, composta por 33 parlamentares federais, apenas cinco são mulheres e entre os 54 deputados estaduais, elas também são apenas cinco. São ainda 39 prefeitas, 48 vice-prefeitas e 579 vereadoras. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Participações
O Salão Nobre da Assembleia ficou pequeno para receber tantas lideranças femininas que prestigiaram o evento. A maior parte representou partidos políticos. Também marcaram presença representantes da OAB/PR, da Defensoria Pública, Ministério Público e Tribunal de Justiça, como a desembargadora Ana Lúcia Lourenço; Mariana Martins Nunes, defensora pública e coordenadora do Núcleo de Promoção de Defesa dos Direitos da Mulher (NUDEM), Priscila Bacharel Sá; Mariana Bazzo e o deputado Michele Caputo (PSDB). “Se falássemos em um evento como este há 15 anos, seria uma utopia. Hoje, graças ao ativismo e às lutas femininas ao longo de anos, isso é possível”, finalizou a deputada Cristina Silvestri.
Fonte: AssembleiaPR