Durante encontro com atingidos, em Brasília, ministra do Meio Ambiente afirma que o governo está trabalhando para que as empresa sejam responsabilizadas
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede) voltou a dizer, nesta segunda-feira (6), em Brasília, que o rompimento da barragem de Fundão, que completou 8 anos no último domingo (5), não foi acidente. Ela também defendeu que os atingidos participem da mesa de repactuação que está ativa há dois anos. “O ministro Márcio Macedo tem trabalhado para que também a voz dos atingidos, e todos nós, faça parte dessa negociação. Porque a gente não pode ter Mariana como algo que foi um desastre. Não foi um desastre, foi um crime. O Ibama avisou, o Ministério Público avisou, todo mundo avisou e a mesma coisa depois se repetiu em Brumadinho. É um passivo muito grande, mas contem comigo, contem com o Ministério do Meio Ambiente, contem com o presidente Lula”, disse a ministra.
Responsabilização
A barragem da mineradora Samarco se rompeu no dia 05 de novembro de 2015, em Mariana (MG) e, ao todo, 19 pessoas morreram, várias comunidades foram destruídas e os rejeitos poluíram todo Rio Doce até o encontro com o mar. A declaração foi dada durante um evento no Ginásio Nilson Nelson, onde cerca de 2 mil integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) estão acampados desde sábado (4) para uma jornada de atividades relacionadas aos 8 anos de rompimento. Segundo a ministra, o governo federal está focado em responsabilizar as mineradoras pelo rompimento. “Nós temos que respeitar a justiça porque está em segredo de Justiça, mas o que nós podemos dizer nas palavras do próprio Ministro, Rui Costa, que coordena o grupo de trabalho, é que nós vamos trabalhar para que as empresas se responsabilizem em relação aos danos sociais, aos danos ambientais e que a gente possa ter uma agenda de recuperação econômica social ambiental em benefício dos atingidos”, enfatizou Marina.
A ministra também alertou os atingidos sobre a necessidade de haver estratégia para fechar o acordo. Algumas lideranças defendem que, ao invés de a repactuação ser concluída neste ano, haja uma cooperação internacional que dialogue com o processo movido em Londres, onde a empresa BHP (sócia da Vale na mineradora Samarco) está sediada. “Eu quero dizer, meus amigos e minhas amigas, que a gente tenha um foco. Vamos priorizar o que há de mais importante, porque se a gente colocar nos três anos do governo do presidente Lula a conta inteira de décadas e décadas prejuízo, talvez a gente não consiga fazer justiça com ele, porque senão quatro anos que não governo irão para conta dele também e nós queremos nos responsabilizar pelo passivo, mas também temos ativos para que no final cada um e cada uma que esteja aqui diga que valeu a pena lutar, valeu a pena acreditar. Se a gente se mobilizar, se a gente trouxe a proposta a gente vai se ouvido”, concluiu.
Ministros
Marina Silva também ressaltou a necessidade da trabalhar na prevenção à desastres. Os atingidos esperam, para terça-feira (7), a aprovação da Política Nacional dos Direitos dos Atingidos por Barragens (PNAB). Segundo as lideranças, o governo fez um acordo para aprovação do texto na Comissão de Infraestrutura e no plenário do Senado. Na tarde desta segunda (6), às 16h, os ministros da Secretaria Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo; de Minas e Energia, Alexandre Silveira e da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, participação do evento do MAB.