Um estudante da Universidade de Brasília (UnB) fotografou uma cena campus da Asa Norte da instituição, onde dois jovens que seriam estudantes do curso Engenharia de Redes seguravam um cartaz fazendo apologia ao estupro, dizendo “Caiu na Redes, é estupro”. Ele postou a imagem no facebook e relatou que se aproximou dos dois rapazes e perguntou o que queriam dizer com aquilo. Eles teriam respondido que um “estuprinho” seria o trote de recepção às calouras do curso. Na descrição da foto no facebook, o estudante postou: “galera, olha o cúmulo que chegamos: dois idiotas do curso de ?#?redesunbassumindo publicamente que se mulheres passarem no vestibular para este curso serão estupradas. ao perguntar o q isso significava, responderam-me: éum estuprinho. —estuprinho, estuprinho?! sua mãe já foi estuprada? sua irmã já foi estuprada?! mano, vcs tao malucos! tao fazendo apologia a essa monstruosidade! retruquei. eles continuaram exibindo. pensei em cair na porrada, mas ponderei q um processo administrativo e outro judicial sejam mais eficazes, alem da cara desses demônios divulgados por toda rede”. O jovem que publicou o post não explicou as circunstâncias nem quando a foto foi tirada, mas, segundo informações da assessoria de comunicação da UnB, que já tomou conhecimento do episódio, o registro foi feito na última quarta (24), durante a divulgação da lista de aprovados no segundo vestibular de 2013. Ainda de acordo com a assessoria, a reitoria está tomando as devidas providências. Repúdio – Nesta quinta (25), a Secretaria da Mulher do Distrito Federal divulgou nota de repúdio. De acordo com a secretária Olgamir Amancia, o cartaz trata as mulheres como objetos, depreciando sua integridade e desmerecendo-as enquanto sujeitos e lembrou casos de trote machista, ressaltando que “não é a primeira vez que isso acontece. Em 2011, durante um trote da turma de Agronomia, as mulheres eram obrigadas a lamberem uma linguiça coberta com leite condensado, simulando o sexo oral. Quem incitou a prática foi o presidente do Centro Acadêmico, que ainda estava vestido de mulher e sustentando uma faixa presidencial. À época, a universidade formou uma comissão para investigar os trotes violentos, machistas e racistas”. Segundo a nota, “há uma simbologia dentro da sociedade que justifica o estupro e ainda o incita. A cultura não envolve só o estupro, mas o assédio sexual e o homem achar que pode mexer com a mulher na rua ou passar a mão nela. É pensar que a mulher está disponível e que todos tem livre acesso a ela”. A Secretaria da Mulher lembra que “o crime de estupro está previsto no artigo 213 do Código Penal, com a seguinte redação: “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”. A pena é de seis a dez anos de reclusão”. Já a Direção da Faculdade de Tecnologia e seus departamentos também divulgaram nota ressaltando projetos de promoção da equidade desenvolvidos na UnB. “Institucionalmente e pessoalmente repudiamos qualquer manifestação que incite violência e promova a discriminação de gênero, raça, opção sexual ou outra qualquer. Muito pelo contrário, nossa atuação institucional da FT-UnB vai no sentido de promover ações de equidade de gênero nas engenharias (Projetos Meninas Velozes, IEEE Women, etc.) e que proporcione um ambiente de respeito mútuo entre toda nossa comunidade. Totalmente antagônico ao demostrado no cartaz divulgado na internet”, diz a nota. Além disso, a Faculdade de Tecnologia informou que o coordenador do curso de Engenharia de Redes e o CA-Redes foram convocados para uma reunião urgente, para que os alunos sejam identificados. “A Direção não compactuará com qualquer tipo de comportamento de incitação da violência contra a mulher e encaminhará sanções disciplinares exemplares, dentro dos marcos regimentais de nossa universidade”, diz a nota assinada pelo professor Antônio Brasil Junior, que coordena a Faculdade de Tecnologia.
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Fonte: Câmara em Pauta
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