Enquanto o GT coordenado pelo Ministério das Mulheres (EWWG) toma à frente dos debates entre os Governos das vinte maiores economias do mundo, o W20 é responsável por alinhar as propostas da sociedade civil.
Aproximando-se da reta final das discussões do Grupo dos 20 (G20) que, pela primeira vez, está sob presidência brasileira, aconteceu nesta quinta-feira (22), em São Paulo, o encontro preparatório do Woman20 (Mulheres20, em inglês), grupo de engajamento da sociedade civil que compõe a Trilha do G20 Social. Atendendo pela sigla de W20, o grupo reuniu representantes de outras instâncias do G20 para compartilhar as recomendações preliminares e discutir propostas com recorte de gênero, etnia e raça. Dentre os convidados, o Grupo de Trabalho de Empoderamento de Mulheres (EWWG, em inglês), que é coordenado pelo Ministério das Mulheres, participou do pré-encontro com exposição da Secretária-Executiva da pasta, Maria Helena Guarezi.
Maria Helena, que também é a Chair do EWWG, reforçou como o alinhamento de recomendações entre os Grupos oficiais e os grupos de engajamento pode resultar em uma visão mais rica e ampla dos problemas a que devemos enfrentar e, consequentemente, à maior eficácia nas recomendações de políticas públicas. “É muito importante essa metodologia de diálogo, de trazer as diferentes ideias dos diferentes espaços de debate dentro do G20 porque é isso que pode criar alternativas novas”, comemorou.
Como explicou Ana Fontes, Chair do W20 em 2024, sob a presidência brasileira o grupo teve liberdade para trabalhar com uma agenda temática composta por cinco eixos: empreendedorismo, inserção de mulheres em carreiras de ciência e tecnologia (STEM, em inglês), combate à violência de gênero, economia do cuidado e justiça climática. “Esses três primeiros temas são decorrentes de anos anteriores do debate no W20. O Brasil adicionou a questão da economia do cuidado que é um tema fundamental para mudar o jogo pra nós, mulheres, e nós inserimos a justiça climática incluindo a perspectiva de gênero”, resumiu.
Também participaram do encontro e a apresentaram as propostas temáticas a Head da delegação brasileira, Adriana Carvalho e as demais delegadas do W20 que representam o Brasil: Adriana Rodrigues, Camila Achutti, Maria José Tonelli, Maria Rita Spina Bueno, Janaina Gama e Kamila Camilo. Responsável pelos debates quanto à economia do cuidado, Adriana Rodrigues explicou que a sugestão do W20 sobre o tema é a de que todos os países sigam o exemplo do Brasil e criem um sistema de cuidados. “Nosso país entregou ao Congresso Nacional em julho o PL 2762/2024 que institui a Política Nacional de Cuidados que foi amplamente discutida com a sociedade civil. Ele estabelece um marco jurídico-legislativo com ações concretas e tem a característica de definir o cuidado como um direito universal”, disse.
Outras convidadas de grupos de engajamentos ouvidas foram Cláudia Curralero, membro do T20 Brasil (ThinkThanks); Ingrid Barth, Líder da Delegação do Startup20 Brasil; Ingrid Siss, Co-Chair do Y20 (Juventude20); Luciana Xavier, membro do O20 (Oceanos20); Paula Bellizia, Líder do Conselho de Ação Mulheres, Diversidade e Inclusão em Negócios do B20 Brasil (Negócios20, em inglês); e Sara Branco, membro do C20 Brasil (Sociedade Civil organizada, em inglês). Clique aqui para saber mais sobre os grupos de engajamento do G20.
Ideias compartilhadas
Durante os debates, ficou explícito o alinhamento das propostas dos grupos de engajamento da sociedade civil que tiveram entre suas recomendações a preocupação com questões de gênero e o que vem sendo debatido pelo EWWG. Por exemplo, o Business20 (Negócios20, em inglês) vem trabalhando com 11 tópicos de recomendação que visam assegurar um sistema alimentar mundial para vencer a fome e a miséria; criar modelos inovadores de financiamento e colaboração para apoiar a transição dos agricultores; acelerar as soluções energéticas sustentáveis e garantir soluções climáticas em grande escala.
“Todos esses tópicos, se adicionada a perspectiva de gênero, integram o debate sobre justiça climática que está sendo promovido pelo GT de Empoderamento de Mulheres. Afinal, segundo dados da UN-Woman de 2023, mulheres são as que mais sofrem com insegurança alimentar e são, ao mesmo tempo, as principais produtoras de alimentos agroecológicos ou de agricultura familiar no mundo”, afirmou Maria Helena.
No caso do C20, a nota conceitual traz como diretriz e como tema transversal a perspectiva de gênero e raça. Segundo Sara Brando, “o C20 considera uma prioridade trazer essa dimensão para ser trabalhada por todos os grupos e as recomendações políticas não podem ser publicadas sem que haja essa transversalidade”.
Sobre o W20
O Women20 (W20) é um dos grupos oficiais de engajamento independente do G20 e existe desde 2014, como resposta ao compromisso “25X25” estabelecido na cidade de Brisbane na Austrália. Este compromisso prevê a redução de 25% na diferença de participação de mulheres e homens na força de trabalho até o ano de 2025. Em 2024, o W20 passou a incorporar a Trilha do G20 Social, onde estão reunidos os grupos de engajamento do G20 e, de forma inédita, os movimentos de base.
Assim como os demais grupos de engajamento, o W20 vem realizando discussões para construção do Communiqué, documento de recomendações de compromissos que será entregue para a liderança do G20 em outubro e que vai compor o documento final apresentado pela Trilha do G20 Social na Cúpula Social que acontecerá entre 14 e 16 de novembro – ou seja, logo antes da Cúpula de Líderes, marcada para os dias 18 e 19 daquele mês.
Fonte : ASCOM / MMulheres