O quarto e último painel do primeiro dia do IV Encontro Internacional de Mulheres Socialistas as mulheres debateram sobre a “Representação das Mulheres no Executivo e Legislativo do Brasil e da América Latina”.
Participaram as deputadas estaduais Cida Ramos [PSB/PB], Cristina Almeida [PSB/AP], Fabíola Mansur [PSB/BA] e Simone Santana [PSB/PE]; Vereadora de João Pessoa, Sandra Marrocos; Suzana Delgado, deputada do Partido Socialista do Equador e Benilda Santana, vice-p residente de mulheres do Partido Revolucionário Democrático – PRD.
A deputada Fabíola Mansur [PSB/BA] foi a primeira da mesa a dar o seu relato sobre as questões das mulheres em cargos públicos. Para ela, é de grande importância que o presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, tenha sido uma voz contrária à extinção dos 30% do fundo eleitoral. A deputada afirmou, também, esperar um orçamento paritário para as eleições de 2020.
Cristina Almeida [PSB/AP], a primeira deputada negra eleita pelo estado do Amapá, fez o recorte para a situação das mulheres negras no Brasil e também na política. Para ela, é preciso que o partido fortaleça e ingresse as mulheres no mundo político.
Outro ponto que Almeida levanta durante sua fala é o fato de que “muito se fala sobre as mulheres começarem a trabalhar, mas se esquecem que as mulheres negras trabalham desde sempre”. E que isso reflete uma necessidade urgente de se implementar políticas públicas para as mulheres, mas levar em consideração as dificuldades que as mulheres negras, em especial, enfrentam.
“O Parlamento é um reflexo da sociedade. O machismo e o racismo no Parlamento são reflexos do que existe na sociedade. É tudo reunido numa representatividade que vai para dentro do Parlamento”, afirmou a deputada, que complementou dizendo ser necessária uma campanha rotineira contra o feminicídio, a fim de superar a iniquidade racial e de gênero e que isso passe a fazer parte do dia a dia do Partido Socialista Brasileiro.
A deputada estadual Cida Ramos [PSB/PB] afirmou, durante sua fala, que as estruturas partidárias não olham e não agregam a mulher em comandos de poder. “A hegemonia capitalista combinada com o patriarcado e o racismo ainda deixam marcas profundas no nosso dia a dia”.
Simone Santana, deputada estadual [PSB/PE] reiterou a necessidade de recrutar e fortalecer mulheres que podem ser grandes lideranças para o Brasil. Falou também da importância do enfrentamento contra as candidaturas laranjas, tema muito pautado em 2018, principalmente usado por reacionários contra os 30% do fundo partidário para as mulheres. “É preciso haver prevenção mas também punição quando essas cotas não são cumpridas”.
Santana também afirmou que é preciso ampliar os 30% do fundo eleitoral reservado às mulheres para 50% e garantir que as mulheres tenham acesso a este fundo, “porque sabemos que uma candidatura, para ser viável, precisa de recursos”, finalizou.
Suzana Delgado, deputada do Partido Socialista do Equador, em sua explanação, lembrou as mulheres presentes que, no Equador, desde 2008, a legislação tem dentro de sua Constituição 50% de alternância e paridade de gênero, contudo, apenas 54 mulheres são parlamentares num total de 137 cadeiras. “Um dos grandes problemas é que as mulheres ainda não votam em outras mulheres”.
A deputada apresentou ainda mais dados do Equador, onde, em suas últimas eleições, de 221 municípios, apenas 34 mulheres foram candidatas num total de 222. E que existem apenas 18 mulheres prefeitas naquele país. “Vemos com isso que as mudanças não criaram raízes e que o empoderamento da mulher não está completo. Ainda temos muito trabalho a fazer”, afirma Delgado.
A vereadora Sandra Marrocos [PSB/PB], iniciou sua fala agradecendo à ancestralidade. “Nós somos a consequência de todas as mulheres que vieram antes de nós”, disse. E disse que para garantir candidaturas em todos municípios do Brasil é necessário que o financiamento público de campanhas, bem como o tempo de TV, não devem existir apenas em época de eleição. É preciso que esse fundo seja também utilizado para formação política. “É da diversidade que a gente se constitui”.
Benilda Santana, [PRD] finalizou a mesa manifestando por ela e todas as mulheres do Panamá, o apoio às mulheres latino-americanas que lutam contra os governos opressores e machistas. “A vitória e o triunfo será de vocês”.