Pré-candidato à Presidência pela aliança do PSB com a Rede Sustentabilidade, que tem o apoio do PPS, PPL, PRP e PHS, Eduardo Campos coloca o desenvolvimento do Nordeste entre as prioridades de seu mandato como presidente da República. Em entrevista exclusiva à radio Verdes Mares, ele assume o compromisso de dar atenção especial à região e ao Estado do Ceará. “Eu sou nordestino, conheço essa realidade e não é de ouvir dizer, de relatório, é de viver. Conheço de perto as dificuldades do Nordeste e quero ter a oportunidade de ser o presidente da República que vai mostrar ao Brasil que o Nordeste não é um problema, mas parte da solução brasileira”, afirmou. “Nosso partido tem uma pré-candidatura colocada, que é a da Nicole, e ainda há muito tempo até as convenções partidárias, para que a gente ofereça às oposições no Estado do Ceará a possibilidade de vencer as eleições e fazer um governo que cuide do Ceará com o nosso olhar, um olhar voltado para os mais pobres, para o desenvolvimento econômico sustentável e que possa construir um novo momento para a política do Ceará”. Na conversa, Eduardo aborda diversos assuntos: expõe sua visão dos problemas do Brasil; o modelo de gestão com que pretende modernizar a administração pública e combater a corrupção. Leia os principais trechos:
QUAL É SUA AVALIAÇÃO DO QUADRO NACIONAL, COMO CANDIDATO A PRESIDENTE DA REPÚBLICA? Eduardo Campos– Nós estamos muito otimistas com a nossa caminhada ao lado da companheira Marina Silva, que será candidata a vice-presidente, porque há um desejo da sociedade brasileira de fazer a mudança. O povo brasileiro entende que esse ciclo já deu o que tinha que dar e que é preciso um governo que preserve as conquistas, mas que ao mesmo tempo mude o jeito de governar o Brasil. É preciso que o Brasil de Brasília chegue mais perto da população que vive da agricultura familiar e passou por uma grande estiagem; que de certa viu muitas famílias perderem quase tudo o que construíram com muito trabalho; que chegue junto dos trabalhadores, que estão percebendo nas compras a volta da inflação. Com a volta da inflação a gente vem percebendo que o Brasil vem crescendo muito pouco e a gente percebe que nas cidades brasileiras a qualidade de vida caiu sobremaneira. E tudo isso não será possível reverter o quadro econômico, social, com maior atenção para o Nordeste, que foi a região que garantiu a vitória da atual presidente, mas não teve dela as obras, a ação, a atenção que deveria ter tido. Veja as grandes obras, como por exemplo, a transposição do Rio São Francisco, a própria obra da ferrovia Transnordestina; tudo isso não foi entregue nesses quatro anos. A gente deseja preservar as conquistas, mas mudar o jeito, mudar aquele time que está em Brasília. Tem muita gente ali, há tantos e tantos anos de costas para o Brasil, que é preciso fazer essa mudança. A SITUAÇÃO HOJE DO BRASIL É COMPLICADA, DO PONTO DE VISTA ESTRATÉGICO, DO PONTO DE VISTA POLÍTICO EM FUNÇÃO DO DESGASTE QUE O PT VEM PROVOCANDO AO LONGO DESSES MAIS DE 10 ANOS? Eduardo Campos – São 12 anos que o Partidos dos Trabalhadores comanda o país. Durante o tempo do presidente Lula nós vimos que os brasileiros perceberam que o Brasil melhorou. Eu costumo dizer que o presidente Itamar Franco deixou o Brasil melhor do que encontrou para o presidente Fernando Henrique. O presidente Fernando Henrique deixou o Brasil melhor do que encontrou do Itamar. O presidente Lula deixou para a presidenta Dilma o Brasil melhor, sobretudo o Nordeste percebeu isso. A presidenta Dilma não vai deixar o Brasil melhor, ao contrário, ela deixa o país mais fragilizado. O país com a Petrobras valendo a metade do que valia; o país sem as obras de mobilidade que foram prometidas; o país com inflação maior do que era antes; com o crescimento da economia que é o menor de toda a história republicana. Isso leva a esse sentimento, esse desejo de mudança que a sociedade brasileira tem. Ela teve a oportunidade, não usou essa oportunidade como poderia usar e agora vem uma eleição. Se ela tivesse acertado, as pessoas poderiam deixá-la mais quatro anos. Como não acertou, as pessoas vão tirar e buscar, não aquela relação nós e eles. O Brasil precisa nesse momento é de alguém que una o Brasil e é isso o que nós vamos fazer. Superar aquela disputa dos nós e eles e fazer o Brasil voltar para o rumo certo, cuidar desse Nordeste. Eu sou nordestino, conheço essa realidade e não é de ouvir dizer, de relatório, é de viver. Governei um Estado como Pernambuco, que tem 90% do seu território no semiárido. Conheço de perto as dificuldades do Nordeste e quero ter a oportunidade de ser o presidente da República que vai mostrar ao Brasil que o Nordeste não é um problema, mas parte da solução brasileira. Fiz um governo que todos os que conhecem aprovam e tenho ao lado, caminhando conosco, a companheira Marina Silva, que vai nos ajudar a chamar a juventude para esse debate que a gente precisa fazer sobre o Brasil que queremos construir, enfrentando a corrupção, o patrimonialismo, o fisiologismo; e mostrando que o Brasil pode, sim, ser governado pelos sérios. Nós precisamos usar nossa indignação para mudar o Brasil e passar esse país a limpo. EM RELAÇÃO ÀS PESQUISAS, QUAL SUA AVALIAÇÃO NESSE MOMENTO EM QUE A PRESIDENTE DILMA CAI, MAS NÃO HÁ O CRESCIMENTO EFETIVO DA OPOSIÇÃO, ESPECIALMENTE O SENHOR E AÉCIO NEVES? Eduardo Campos– É tudo uma questão de tempo. Ela cai por que é conhecida e seu governo não é aprovado, seu jeito de governar não é aprovado. Nós não temos acesso, ainda, ao conhecimento da população. A população ainda não nos conhece. Na medida em que a campanha começar, que tenha o programa de televisão, que haja os debates, que a população saiba quais são as opções para mudar o Brasil, eu não tenho dúvida, pois é isso o que dizem as pesquisas: que as pessoas querem a mudança. As pessoas não querem uma mudança que volte para o passado, nem que desmanche as conquistas. As pessoas querem uma mudança que leve para o futuro. A gente precisa desmanchar o errado, precisa preservar o que está certo, como por exemplo o Bolsa Família, que é um programa importante para 14 milhões de mães de família no Nordeste; temos muitas famílias que têm nessa receita do Bolsa Família a única receita certa do mês. Ao mesmo tempo, poder ter programas como Minha Casa Minha Vida, Prouni e diminuir o número de ministérios, por exemplo. São 39 ministérios entregues aos partidos políticos, que não tem capacidade, muitas vezes não tem cuidado com os recursos públicos. A gente precisa ter um olhar para a segurança pública. O governo federal cruza os braços e fica uma coisa insuportável essa escalada da criminalidade, sem que o governo em Brasília, o governo federal faça absolutamente nada para ajudar os Estados a melhorarem esse ambiente de medo que se espalha pelo Brasil inteiro, das grandes às pequenas cidades. Então, a mudança que as pessoas querem fazer, elas vão fazer. Elas vão se ligar na eleição mais na frente um pouco e a partir daí nós vamos apresentar as propostas para mudar o Brasil para melhor. QUANTOS MINISTÉRIOS CABERIAM NA SUA CONCEPÇÃO? E.C.– Nós estimamos que a metade. E não é só diminuir à metade, mas também colocar gente séria, gente competente, que conheça cada área. Não adianta, com o caos que temos hoje na Saúde, colocar à frente da Saúde alguém que não conheça a área, que não tenha autonomia para chamar as pessoas competentes numa área tão estratégica quanto a área da Saúde. A mesma coisa para todas as outras áreas. Nós queremos fazer um governo que vai reunir a competência do Brasil, as pessoas sérias que querem que o Brasil retome o lugar de destaque no concerto internacional, que cuide bem da vida dos que mais precisam, um governo que foque em quem deve ser focado, que olhe para quem deve ser olhado que são aqueles que mais precisam. AQUI NO CEARÁ A PRESIDENTE DILMA TEM MERECIDO GRANDE APOIO, PRINCIPALMENTE COM O CLÀ FERREIRA GOMES. ISSO PODE TRAZER DESAGRADO AO SENHOR? Eduardo Campos– Não, de forma nenhuma. Nós vamos fazer uma campanha de forma elevada, uma campanha respeitosa. Nós estamos discutindo ideias, não vamos discutir questões pessoais ou ataques, como alguns desejam. Nós vamos discutir o futuro do Brasil, o futuro do Ceará, os compromissos com o Ceará que o governo federal precisa assumir para que a gente possa construir dias melhores na vida do nosso povo. Não podemos fazer o debate do futuro do país condicionado a grupos políticos ou a segmentos partidários. Hoje, a questão no Brasil é muito mais séria do que isso. A gente precisa ter uma visão que seja inovadora na política, que é buscar unir os brasileiros em torno de uma pauta que é o que está na vida dos que estão, hoje, levando duas horas para ir e vir do trabalho; a gente precisa ter um olhar sobre como o Brasil retoma o crescimento econômico com distribuição de renda e oportunidade. Esse debate é o que nos interessa fazer, não o debate entre pessoas, grupos politicos que muitas vezes não expressam o que está esperando a sociedade. QUAL O SEU OLHAR PARA AS VAIAS DIRIGIDAS À PRESIDENTE DA REPÚBLICA NOS ESTÁDIOS? Eduardo Campos – Tenho que dizer a você, com muita tranquilidade, que uma coisa é vaia e outra coisa é xingamento, que agride as pessoas. Nós temos o direito democrático de dizer da nossa insatisfação, mas não podemos fazer da nossa insatisfação instrumento para agredir quem quer que seja. A gente pode demonstrar indignação: quando gosta aplaude, quando não gosta vaia, mas não é preciso agredir as pessoas. EM QUAL PALANQUE O SENHOR SUBIRIA AQUI NO CEARÁ? Eduardo Campos – Nosso partido tem uma pré-candidatura colocada, que é a da Nicole, e estamos discutindo no campo da oposição com disposição para o diálogo, um debate para construir unidade de todo o campo político em que estamos inseridos, mas ainda há muito tempo até as convenções partidárias, para que a gente ofereça às oposições no Estado do Ceará a possibilidade de vencer as eleições e fazer um governo que cuide do Ceará com o nosso olhar, um olhar voltado para os mais pobres, para o desenvolvimento econômico sustentável e que possa construir um novo momento para a política do Ceará; inclusive que una o Estado, que reduza essas disputas que muitas vezes consomem toda a energia política do Estado e tem como resultante quase nada para a população. QUAL SERIA SUA PRIMEIRA MEDIDA AO CHEGAR AO PALÁCIO DO PLANALTO? Eduardo Campos– O primeiro compromisso nosso é fazer um governo que una os brasileiros, que reúna os sérios, os competentes, os comprometidos com esse país e a fazer um governo em que o povo participe, a sociedade controle os gastos públicos, que tenha transparência falando a verdade para a população. Fazer um governo de mudança efetiva. É possível fazer isso. O Brasil tem jeito. O Brasil está à espera dessa unidade e dessa atitude. Eu estou confiante de que vamos vencer as eleições, já há uma decisão no Brasil que é a mudança. O povo quer dar uma chance a quem possa fazer um novo governo, com um novo jeito, um governo de gente simples, honrada, aberto ao diálogo com a população. Um governo que inove na gestão pública, que simplifique o Brasil. O Brasil hoje complica muito a vida do cidadão. O Brasil está pronto para essa mudança. O que o Brasil não quer é ver essa briga dos políticos e o povo só perdendo. A gente quer ver a unidade dos brasileiros para um tempo em que o povo ganhe. Ganhe o quê? Ganhe escola em tempo integral; ganhe uma atenção para a agricultura familiar, que aqui no Nordeste está extremamente abalada depois de três anos de estiagem; a gente precisa de um governo que mude a atitude diante da violência urbana, um governo federal que chegue junto dos Estados, municípios e da sociedade para enfrentar esse caos que é a violência urbana. Tudo isso é possível de ser feito, desde que a gente tenha um governo que não seja entregue aos partidos políticos e à barganha, mas que seja entregue a gente séria, competente, capaz, compromissada em fazer um governo que olhe para os mais pobres, os que estão em situação de vulnerabilidade. É isso o que nós vamos fazer. O QUE FAZER PARA ESTANCAR A HEMORRAGIA DA CORRUPÇÃO? Eduardo Campos – A primeira atitude diante da corrupção tem de ser a não dar espaço aos corruptos. Se você assume nomeando gente desonesta; gente que já teve experiência em municípios e Estados e responde a não sei quantos processos e está enrolado com a Justiça; você não está querendo combater a corrupção. O primeiro ato é nomear gente séria; não na base do quem indica, mas na base do mérito. O segundo passo é fazer um governo com transparência, colocando as contas na internet, chamar a sociedade para ajudar no esforço do controle social, que é fundamental. Hoje você tem ferramentas de gestão que podem ser utilizadas e ajudam muito na qualidade do gasto publico. Se você não nomeia gente incompetente e corrupta; se você coloca as contas na internet e abre a transparência na gestão pública, deixando a população participar; se você aproveita do serviço publico os quadros capazes, competentes e compromissados, valorizando quem compreende e estuda; isso gera na própria máquina pública um ânimo muito grande nas pessoas sérias e compromissadas que muitas vezes tem de lidar com um chefe que não entende nada nem tem o compromisso de fazer um bom serviço publico. Outra questão fundamental é ter os órgãos de controle interno do próprio Estado fazendo o acompanhamento das áreas. Se você tem um modelo em que são fixadas metas combinadas com a sociedade e tem a remuneração variável no serviço publico, como eu fiz na segurança e na educação. São vários os mecanismos que vão criando um ambiente de solidariedade à eficiência do serviço público e ao combate do desperdício e da corrupção. O SENHOR NÃO TEME SER COBRADO PELA SOCIEDADE SE CHEGAR À PRESIDÊNCIA? Eduardo Campos – É importante que seja assim. Eu falo de coisas que não são palavras que o vento leva. Eu falo de coisas que eu fiz como governador e que foram aprovadas no Estado, tanto é que fui reeleito com 83% dos votos. Só tive essa votação por que me comprometi e fiz, assumi o compromisso e cumpri, de fazer um governo que ouvia a sociedade, que reuniu os competentes, um governo que zelou pelos recursos públicos, um governo que fez mais com menos e em menos tempo. Esse reconhecimento eu tenho dos que me viram trabalhando e eu tenho certeza de que terei esse reconhecimento do povo brasileiro, por que se Deus quiser e o povo brasileiro, eu vou ter oportunidade, ao lado da Marina Silva, de governar o Brasil, de colocar o Brasil de volta no caminho certo, de unir os brasileiros e animar esse país, e mostrar que esse país tem jeito. O que precisa é da nossa atitude. Nós não podemos ficar indignados com tudo o que está acontecendo, sem tomar uma atitude, uma providência. A providência que nós temos que tomar é participar desse debate, dentro da nossa casa, da nossa igreja, nosso local de trabalho, nas redes sociais. É a gente começar a chamar os nossos amigos, os nossos parentes, pessoas conhecidas, para uma reflexão madura. Não vamos fazer política contra A, contra B, contra C. A nossa política é a favor do Brasil. O Brasil não pode continuar do jeito que está. O Brasil está indo na direção errada de forma acelerada. Nós precisamos tirar o Brasil desse caminho; unir os brasileiros; fazer uma nova agenda para o Brasil, que é esse programa que estamos discutindo com a sociedade, para que povo brasileiro perceba que esse país voltou a conquistar melhorias na qualidade de vida das pessoas, sobretudo as pessoas que mais precisam. QUE MENSAGEM O SENHOR DEIXA PARA A SOCIEDADE CEARENSE E QUANDO O SENHOR VIRÁ AO ESTADO EM CAMPANHA? Eduardo Campos– Eu quero deixar uma mensagem primeiro de agradecimento ao Ceará, pela forma como fui recebido no Cariri e outras cidades, onde estive dias atrás. Minhas raízes familiares, e as de Marina, estão no Ceará; então nós temos uma relação de vida, não é política, mas uma relação de existência. Nós queremos ir a Fortaleza e visitar várias cidades para discutir o nosso programa de governo, os nossos compromissos com o Ceará, do futuro que queremos construir juntos, animados em saber que também no Ceará tem muitas pessoas envolvidas nessa luta. Eu quero agradecer a essas pessoas. Eu estou animado de que vamos fazer uma campanha limpa, bonita, propondo e mostrando como o Brasil pode ser melhor. Ele será melhor com a atitude de todos nós.
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Por Doca de Oliveira – Assessoria de Imprensa do PSB Nacional
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