O presidente do PSB, Carlos Siqueira, destacou durante a sessão solene em homenagem a Eduardo Campos, no Senado Federal, que o líder socialista não via seus adversários como inimigos, mas como atores importantes na construção da democracia. Como visionário que foi, Campos tinha uma visão crítica do que estava acontecendo no Brasil e previu algumas dificuldades pelas quais o país passa no momento. “Ele dizia que só poderia se lançar candidato com uma visão programática e que pudesse deixar, ganhando ou perdendo a eleição, ideias que no futuro poderiam ser aproveitadas por nós mesmos ou por outros”, afirmou Siqueira.
Antigo amigo do ex-governador Miguel Arraes, o avô de Eduardo Campos, o ex-senador Pedro Simon relembrou a união política com Marina Silva, e elogiou a fidelidade do ex-governador de Pernambuco à causa socialista.
Simon, que exerceu o mandato de senador por três décadas, destacou ainda as qualidades pessoais do líder, sua paixão pela política e pelo País e sua habilidade em formar consensos. “Ele aparece com uma plataforma de amor, de paz, de carinho, de reconciliação, de entendimento, chamando a todos, buscando uma proposta para o Brasil”, disse.
“E ele empolgou! Ele realmente empolgou! Eu me empolguei com ele, porque vi o seu sentimento e suas ideias, primeiro, por seu governo, pelas realizações que ele fez em seu governo, pela sua grande presença”, declarou o ex-senador.
Para o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), o ex-governador deixou “um exemplo edificante para todos nós e para os mais jovens de como se deve empreender a luta política, respeitando o adversário”.
O senador João Capiberibe (PSB-AP) disse que “Eduardo pregava ao País, principalmente às novas gerações, a ideia de que há formas originais, e não viciadas, de fazer política e que política é um instrumento da transformação e da mudança”.
A senadora socialista Lídice da Mata ressaltou que faria seu discurso representando as brasileiras e as militantes sociais, e disse que o ex-governador foi sensível à luta das mulheres.
Campos organizou a Secretaria da Mulher como nenhum outro governo de Estado havia feito. Criou também o programa Chapéu de Palha para alfabetização de mulheres rurais, o que resultou no seu primeiro prêmio internacional de gestão em direitos humanos, da ONU.
“Essa referência de um mundo, de uma administração, de uma sociedade em que a democracia exigia uma política também de inclusão da outra metade da humanidade, que são as mulheres, Eduardo fez com devoção, com dedicação, com respeito à luta das mulheres”, reconheceu a senadora.
Emoção e poesia fizeram parte da performance do ator português Tony Correa. “Eduardo Campos não era um homem de ficar à margem de si próprio nem do Brasil”, declarou em referência ao poema A Travessia, de Fernando Pessoa.
“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia [alerta ele]: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”, declamou.
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