O Partido Socialista Brasileiro (PSB), juntamente com a Fundação João Mangabeira (FJM) e a Rede Sustentabilidade, lançou nesta terça-feira (04), no auditório Nereu Ramos da Câmara do Deputados, em Brasília (DF), as Diretrizes para a Elaboração do Programa de Governo PSB-Rede. Confira abaixo o documento completo:
Sumário
PARTE 1…………………………………………………………………………….. 3 A. Introdução………………………………………………………………….. 3 B. Contexto político, econômico e social………………………………. 5 C. Natureza da Aliança………………………………………………………. 7 D. Eixos programáticos para o novo ciclo de desenvolvimento sustentável 9 a) Estado e a democracia de alta intensidade……………………. 10 b) Economia para o desenvolvimento sustentável……………… 12 c) Educação, cultura e inovação……………………………………… 14 d) Políticas sociais e qualidade de vida……………………………… 16 e) Novo urbanismo e o pacto pela vida……………………………. 17 PARTE 2…………………………………………………………………………… 21 EIXO 1 – Estado e a democracia de alta intensidade………………….. 21 1.1. Reforma da Política………………………………………………… 21 1.2. Reforma da Administração pública……………………………. 22 1.3. Novo federalismo………………………………………………….. 24 1.4. Política de defesa – soberania democrática…………………. 25 EIXO 2 – Economia para o desenvolvimento sustentável…………… 26 2.1. Política industrial voltada à agregação de valor…………….. 26 2.2. Economia do Conhecimento e da Inovação…………………. 27 2.3. Pesquisa pura e inovação tecnológica………………………… 27 2.4. ArranjosProdutivos Locais………………………………………. 28 2.5. Negócios sociais e economia solidária………………………… 29 2.6. Cadeia Produtiva do Turismo……………………………………. 30 2.7. Desenvolvimento rural e a atividade agropecuária empresarial e familiar 30 2.8. Desenvolvimento regional………………………………………. 32 2.9. Infraestrutura e logística…………………………………………. 33 2.9.1. Energia………………………………………………………….. 33 2.9.2. Transporte e logística……………………………………….. 35 2.10. Meio ambiente……………………………………………………. 35 2.10.1. Planejamento para a sustentabilidade……………….. 36 2.10.2. Incentivo às atividades sustentáveis………………….. 36 2.10.3. Estímulo à geração de empregos verdes…………….. 37 2.10.4. Preservação da biodiversidade…………………………. 38 2.10.5. Recursos hídricos…………………………………………… 39 EIXO 3 – Educação, cultura e inovação…………………………………… 41 3.1. Enfrentamento das desigualdades educacionais para uma educação de qualidade para todos 41 3.2. Valorização dos profissionais da educação como estratégia central do programa 42 3.3. Escola aberta à comunidade, aos novos conhecimentos e tecnologias da sociedade contemporânea43 3.4. Identidades e reconhecimento das diversidades culturais44 3.5. Economia da cultura: atividades artísticas, comunitárias e de empreendedorismo 45 3.6. Pesquisas e novas tecnologias para inovação………………. 46 3.7. Financiamento da gestão da educação………………………. 46 3.8. Financiamento e gestão cultural……………………………….. 47 EIXO 4 – Políticas sociais e qualidade de vida………………………….. 49 4.1. Ampliação e integração de programas sociais dirigidos para erradicação da pobreza 49 4.2. Construção e capacitação de uma rede de agentes de desenvolvimento familiar 50 4.3. Coesão social, mobilização e empreendedorismo………… 50 4.4. Saúde………………………………………………………………….. 51 4.4.1. Aperfeiçoamento e fortalecimento do SUS…………… 51 4.4.2. Políticas de prevenção e promoção da saúde………… 52 4.4.3. Financiamento………………………………………………… 53 4.4.4. Efetiva universalização à Atenção Básica………………. 53 4.4.5. Política de drogas…………………………………………….. 54 Eixo 5 – Novo urbanismo e o pacto pela vida…………………………… 55 5.1. Política habitacional……………………………………………….. 55 5.2. Saneamento e resíduos sólidos………………………………… 55 5.3. Mobilidade urbana………………………………………………… 56 5.4. Questão metropolitana…………………………………………… 57 5.5. Segurança pública………………………………………………….. 57 5.5.1. Nova estrutura institucional………………………………. 58 5.5.2. Políticas criminal e prisional……………………………….. 59 5.5.3. Cultura de paz e valorização da vida…………………….. 60 Conclusões………………………………………………………………………. 61 Anexo……………………………………………………………………………… 67
PARTE 1
A. Introdução
Em um mundo convulsionado por profunda crise de ordem política, social, econômica, cultural e ambiental, nós, brasileiros socialistas e sustentabilistas, ousamos levantar uma bandeira de esperança. Acreditamos no Brasil e em sua gente, sentimos que o País se encontra efetivamente diante da possibilidade de mudar de forma significativa seu presente e futuro.
Dentro desta perspectiva, a Aliança PSB – REDE possui três objetivos principais e um método. O primeiro objetivo é manter as conquistas das últimas décadas e fazê-las avançar, realizando, contudo, uma apreciação crítica do conjunto do processo, de tal forma a potencializar os elementos que dialogam com a autonomia e emancipação populares, levando as demandas sociais legítimas à sua plena realização. O segundo objetivo consiste em democratizar a democracia, atualizando os processos decisórios à nova realidade da era digital, impulsionada pela convivência de múltiplos atores sociais. O terceiro refere-se a construir as bases para um ciclo duradouro de desenvolvimento sustentável, com ampla participação de todos os atores na promoção do progresso socialmente justo, ambientalmente sustentável e libertador das potencialidades criativas da humanidade.
Nosso método de atuação é radicalmente novo e tem por fundamento a co-construção de plataformas, políticas e iniciativas, com base no diálogo permanente com cidadãos e cidadãs, além de organizações da sociedade. Trata-se de reorganizar o Estado e as políticas públicas, por meio de um esforço colaborativo em que governantes e governados sejam agentes de transformação, promovendo a melhoria da qualidade vida.Decidimos, portanto, fazer um programa com a sociedade, e não apenas para a sociedade.
A natureza programática da Aliança é derivada desses objetivos e do método associado a estes. Para lhes sermos fiéis é preciso que, em primeiro lugar, se identifiquem os valores e se construam as ideias, com base nos quais se elabora o programa de governo para, então, definir estratégias políticas e eleitorais compatíveis.
Antecipa-se desse modo a forma como a Aliança pretende governar o País. Não se trata de um encontro episódico com o povo, no momento estrito da eleição. Nossa plataforma é de participação e de uma nova qualidade de democracia, que assenta a gestão pública na avaliação contínua, interessada e devidamente empoderada por parte da população. Privilegiam-se, assim, as articulações horizontais, que vivificam permanentemente as estruturas partidárias, tornando-as permeáveis a anseios e demandas da sociedade de forma duradoura.
O modelo político atual demonstra seu esgotamento pela profunda contradição entre a incapacidade de inovação e de renovação das instituições políticas e o interesse geral da sociedade, com seu manifesto desejo de mudanças. Trata-se de um modelo paralisante da energia social.
É necessário e urgente um passo adiante. Com base nessa agenda estratégica para o País, as forças políticas podem estabelecer um renovado diálogo com a sociedade e colocarem-se a seu serviço, realizando necessário realinhamento do campo progressista no Brasil. A nova agenda precisa unir justiça social e desenvolvimento sustentável, com equilíbrio regional, na mesma equação. Para isso, precisamos mudar o patamar de prioridades que damos para a educação, a ciência e tecnologia e a inovação. É preciso ouvir o grito das ruas e ser consequente com os anseios da imensa borda de desfavorecidos que almejam inclusão verdadeira e cidadania plena. Integrar os novos atores da democracia brasileira recuperando o verdadeiro sentido da res-publica. Estabelecer uma relaçãohonesta, olho no olho, com as dinâmicas mobilizadoras e criadoras de novas energias que estão sendo continuamente propostas pela juventude de todas as tribos e segmentos sociais.
B. Contexto político, econômico e social
Nas últimas décadas, o povo brasileiro foi capaz de se mobilizar para obter três grandes conquistas, que fundaram os cenários político e socioeconômico em que vivemos. Em primeiro lugar, foi o agente do reestabelecimento da democracia, que teve como marcos as campanhas pelas eleições diretas e pela Assembleia Nacional Constituinte. A grande frente democrática reuniu representantes de diferentes setores e ideologias e nos legou uma democracia que foi institucionalizada pela Constituição Cidadã.
Temos, desde então, motivos para esperanças: nosso País evoluiu e avançou, tivemos conquistas de caráter democrático, econômico, ambiental e social. Realizamos eleições livres em todos os níveis da Federação, reconhecemos os direitos das minorias, criamos o Sistema Único de Saúde (SUS), ampliamos o acesso à educação, aprovamos uma avançada legislação ambiental, consolidamos novo posicionamento das mulheres na sociedade, chegando mais perto de um desejável equilíbrio de gênero.
Esses avanços políticos e culturais – resultado de muitas décadas de lutas de nosso povo – colocaram o Brasil em novo patamar, ao final do século passado, do qual emergiu uma sociedade complexa, onde os conflitos e desigualdades já podiam ser tratados em ambiente democrático, com imprensa livre e sociedade mobilizada.
O amadurecimento político propiciado pelo exercício democrático constante colocou na ordem do dia a possibilidade e a necessidade de materializarmos uma democracia de alta intensidade, fundada na transparência da informação e no relacionamento contínuo do cidadão com seus governantes.
Como uma segunda grande conquista evidencia-se a estabilização da moeda, iniciada com o Plano Real, que conferiu mais racionalidade e segurança à economia. Desde os mais altos níveis de governo até as empresas, comunidades e famílias, tornou-se possível planejar melhor os orçamentos e programar investimentos. Superou-se a memória da hiperinflação, não havendo, entre os mais jovens, a mais tênue lembrança da indexação.
O terceiro ciclo de mudanças teve por característica principal a retomada do processo de inclusão social, que fora duramente afetado pelo retrospecto das décadas perdidas do século passado, além de uma inclinação neoliberal na condução da política econômica.
Apesar dos resultados obtidos nesse campo se demonstrarem modestos, comparados às demandas populares e às urgências do acesso aos benefícios do mundo contemporâneo, acentuou-se importante mudança de mentalidade na cultura política brasileira, uma vez que aqueles que se encontravam em condição de pobreza deixaram de ser objeto da filantropia, para adquirirem direitos como cidadãs e cidadãos brasileiros.
Se descrevemos esses avanços como conquistas da sociedade, não é para negar a autoria dos governos e forças políticas que os levaram à prática e coordenaram a sua implementação, mas para situá-los junto à fonte de toda autoria, que é a mesma de todo poder na democracia: o povo.
Quando interpreta os anseios e urgências populares – tendo em conta sua história, dificuldades, contradições e conflitos – um governo torna-se capaz de mobilizar o povo, promover o entendimento e, assim, realizar mudanças. As conquistas e avanços, contudo, são sempre parciais, insuficientes e necessitam de reorientação, não sendo raras as situações que se impõe a superação de políticas que no passado foram julgadas adequadas.
Desse modo, a estabilidade econômica e as políticas de enfrentamento da pobreza e desigualdade precisam ser ampliadas, aprofundadas e aperfeiçoadas. A própria democracia demanda um processo contínuo de democratização, que alcance todos os aspectos da vida e todos os setores da sociedade.
O modelo esgotou-se a olhos vistos, mas as forças políticas que o operam esforçam-se para mantê-lo, negociando pedaços do Estado e entregando-os ao atraso para se manterem no poder. Esse retrocesso expressa-se na deterioração dos serviços públicos essenciais, na corrupção e na ineficiência da gestão, na escolha errática e desconexa de prioridades, na degradação do patrimônio ambiental, na incapacidade de planejar o crescimento das cidades, na violência crescente e no uso intensivo dos orçamentos e instituições públicas como máquinas de propaganda pessoal e partidária dos governantes.
O ciclo político que ora se esgota e tem por fundamento suas insuficiências demanda mudanças. É nessas mudanças que a Aliança PSB – REDE quer se engajar e é este caminho que ela se propõe a liderar.
C. Natureza da Aliança
A Aliança PSB – REDE propõe a construção de um novo modelo de desenvolvimento que seja justo e sustentável. O que isso significa?
Em primeiro lugar, significa recuperar as funções do Estado para organizar e implementar políticas públicas que tenham como referência maior a felicidade das pessoas e a melhoria da qualidade de vida.
Nesse contexto, emerge como questão de primeira grandeza superar a desigualdade, o que não ocorrerá sem uma revolução na educação, e sem que se implemente uma radical integração das políticas públicas. A profunda desigualdade existente entre pessoas, regiões e países e o atual padrão de produção e consumo alimentam a destruição de recursos ambientais. É fundamental uma inversão de valores, em que a sustentabilidade esteja no centro do modelo de desenvolvimento e no cerne de todas as políticas públicas.
Ancorada nesses elementos a Aliança programática propõe-se representar a inovação na política brasileira, cuja meta principal é criar valores e condições objetivas que mudem nosso modelo de desenvolvimento, cujas principais características são a exclusão social e a ausência de sustentabilidade.
Entendemos não ser possível satisfazer aos imensos desafios políticos, sociais, econômicos, ambientais e culturais que ainda persistem no País com atores que cultivam os valores do clientelismo, do fisiologismo e do patrimonialismo. É hora de dar um salto de qualidade na política e, nesse sentido, a Aliança oferece aos brasileiros não um projeto de poder pelo poder, ou o anseio de nele se perpetuar, mas uma concepção de Estado, de coisa pública, de bem comum, que visa fundar um novo modelo político e federativo.
A busca pelo bem-comum deixou o centro da agenda política e vemos aumentar a cada dia a distância entre eleitos e eleitores. Além disso, temos um Estado do século XX para uma sociedade do século XXI. A crise é eco desse descompasso. Por isso, a natureza programática dessa Aliança é gesto concreto de resgate da política como espaço de encontro da diversidade de pontos de vista, ajudando na construção de uma nova cultura de governo e criando as condições para as reformas institucionais necessárias.
É urgente abrir as portas da política para a revolução de meios que ocorre na contemporaneidade, sem negar a democracia representativa. A expansão da democracia deve compreender as potencialidades do mundo digital, o qual permite aperfeiçoar e consolidar a representação e a participação, incrementando o uso de instrumentos de democracia participativa.
O uso dos recursos tecnológicos por si só não assegura um salto de qualidade verdadeiro na realidade política. É a dimensão ética que define o sentido em que a tecnologia é empregada, no resgate da dimensão dos valores como elemento principal do caldo cultural necessário para reformar comportamentos e instituições. São os valores ?e não os interesses individuais ?o remédio para a reconstrução da confiança que vincula representantes e representados.
A colaboração como o alicerce dos processos políticos e econômicos é outroponto de diferenciação da Aliança. A sociedade deve ser movida pela lógica colaborativa ?tradução contemporânea do ideal político moderno de fraternidade ?que perpassa desde a construção cooperativa do conhecimento, até o compartilhamento dos novos aplicativos da tecnologia da informação. As tecnologias disponíveis tornam o mundo interconectado e interativo e abrem um fosso entre, de um lado, as instituições arcaicas e engessadas do Estado brasileiro e, de outro lado, a pujança criativa e ágil das mudanças sociais. É preciso que a política se renove para fazer a ponte entre esses extremos e diminuir seu distanciamento. Esta Aliança surge para ajudar a oxigenar a política como espaço das ideias inovadoras.
D. Eixos programáticos para o novo ciclo de desenvolvimento sustentável
No ranking da desigualdade, somos o segundo país do G-20 e o quarto da América Latina. Nosso modelo de desenvolvimento é predatório e excludente porque mina as bases naturais do próprio crescimento. A construção de uma sociedade mais justa e mais sustentável é uma tarefa de larga envergadura, em qualquer dimensão que se queira considerar. Requer uma concepção de desenvolvimento que incorpore essas múltiplas dimensões.
A nossa Aliança entende que o desenvolvimento consiste no conjunto de todas as condições de vida social que promovam a realização integral da personalidade humana, estando, pois, vinculado à qualidade de vida; à preservação dos valores históricos, da cultura e suas múltiplas manifestações; ao uso sustentável dos recursos naturais; ao respeito aos diretos individuais e coletivos; e à manutenção e fortalecimento da democracia. O conceito de sustentabilidade ultrapassa a noção de cuidados com a natureza e integra as dimensões social, cultural e econômica eimplica uma adequada visão estratégica e de planejamento no longo prazo.
Nessa perspectiva a Aliança PSB – REDE, sem prejuízo de outros elementos integráveis em suas ações, entende haver cinco eixos estruturantes para viabilizar o desenvolvimento sustentável.
a) Estado e a democracia de alta intensidade
Precisamos construir um novo Estado, pois esta é uma das condições para a mudança do nosso modelo de desenvolvimento. O Estado, por meio de seu governo, precisa mobilizar o que há de melhor na sociedade e no mercado, para alavancar esse desenvolvimento, que não se reduza apenas ao crescimento dos indicadores econômicos.
É o Estado democrático, justo e eficiente, que estimula o empoderamento das pessoas e das instituições, de modo a aumentar suas capacidades de escolha, preservando suas singularidades e enfatizando a reciprocidade das relações sociais, e a orientar suas ações segundo a lógica colaborativa que permeia a sociedade contemporânea.
O Estado mobilizador implica a superação do clientelismo, do abuso do poder econômico e político e das velhas disputas personalistas, que impedem o diálogo e o reconhecimento de outros agentes políticos relevantes. É missão da Aliança desfazer as amarras do patrimonialismo, publicizar o Estado, diminuir a burocracia e criar canais de participação da cidadania na definição e controle social das políticas públicas.
A reforma política, elemento da reconcepção do Estado brasileiro, deve encontrar suas diretrizes nessa mesma perspectiva e desenvolver uma democracia de alta intensidade, de tal forma que a gestão pública possa ser permanentemente avaliada pela população, que deve ter incidência sobre todos os temas relevantes ao País.
Neste quadro, é fundamental atentar para as possibilidades da democracia digital e das novas tecnologias da informação, que permitem profunda democratização do acesso à informação e ao conhecimento, propiciando ainda o diálogo contínuo com a sociedade.
A mudança na qualidade da Política é um desafio que tem que ser enfrentado pela aliança PSB-REDE, por meio de várias iniciativas que estimulem os jovens a participação ativa na vida política e ao pleno exercício da cidadania, com apoio a jovens indígenas, de famílias quilombolas e das periferias. A igualdade de gênero é outro postulado que pretendemos fortalecer por meio de políticas públicas especificas que estimulem a participação da mulher na política e em todas as instâncias de poder.
Nessa mesma perspectiva, é importante que se promova um novo federalismo, que fortaleça ?com os recursos correspondentes, por meio de uma reforma tributária ?a autonomia de estados e municípios, nos quadros de nosso marco constitucional. Não pode continuar cabendo à União a maior parte dos recursos orçamentários e aos demais entes, mais próximos da população, o maior conjunto de responsabilidades sem a correspondência de recursos. Teremos como diretriz um novo federalismo que promova a descentralização e a cooperação intergovernamental.
Por fim, a sociedade demanda fortemente a inovação na gestão das políticas públicas. Não cabe mais a atuação fragmentária do governo, incapaz de abranger a indivisibilidade dos direitos que faz justiça à população. As políticas precisam ser formuladas e implementadas em uma perspectiva intersetorial e transversal, com a profissionalização do serviço público, que deve encontrar no mérito o critério fundamental de acesso e remuneração de suas carreiras, diminuindo-se o uso de cargos de livre provimento. Nesse campo impõem-se ousar e conceber estratégias novas, como é o caso dos comitês de busca, do planejamento estratégico, das políticas públicas integradas e do estabelecimento de metas a serem alcançadas.
b) Economia para o desenvolvimento sustentável
A perda de competitividade e de dinamismo na economia, inclusive do ritmo de evolução dos indicadores sociais, é uma realidade que contrasta com o enorme potencial de uma sociedade criativa e com espírito empreendedor. Temos uma economia pujante, que se dissipa no emaranhado burocrático, e uma grande disponibilidade de recursos naturais, que é dilapidada pela ausência de políticas que incentivem seu uso sustentável.
A condução da política econômica requer planejamento de médio e longo prazos, com visão estratégica e regras claras, que propiciem segurança jurídica e não sejam alteradas ao sabor dos humores dos governantes. A estabilidade monetária e a confiança constituem a base indispensável na criação de um ambiente favorável aos investimentos necessários para esse novo ciclo de desenvolvimento, que tenha como resultado índices de crescimento compatíveis com a potencialidade do Brasil e com os objetivos de sustentabilidade.
A política econômica deve ter como diretrizes a simplificação, a transição para a economia de baixo carbono, a redução das desigualdades sociais e a incorporação da inovação tecnológica nos processos produtivos. Nossos ativos ambientais, constituídos por uma diversidade biológica, florestal e paisagística dos mais ricos do mundo, devem ser integrados à atividade econômica como recursos estratégicos e de uso responsável, superando a situação atual em que, na sanha pelo crescimento a qualquer preço, são tratados como entraves, obstáculos a serem removidos.
É urgente desenvolver ações que detenham a queda do valor da transformação industrial como proporção do PIB, que caiu do patamar de 27% em 1985 para o de 13,25% em 2012. Propomos uma política industrial que amplie a densidade e a inovação tecnológica dos nossos produtos, inclusive da pauta de exportação, e aumente a produtividade geral da economia, gerando empregos de maior qualidade, além de diminuir a dependência do exterior. A sustentabilidade de nossos produtos deve ser um grande diferencial de competitividade no comércio internacional, com incentivos à melhoria da performance ambiental dos processos produtivos.
Nesse contexto, é preciso valorizar as pequenas e médias empresas, que são responsáveis por parcela significativa do PIB, com grande contribuição para a geração de empregos, uma vez que, de modo geral, são mais intensivas no uso de mão de obra. Como se fazem presentes em praticamente todos os segmentos econômicos representam parte significativa das cadeias de fornecimento, fato que as implica em todas as políticas que se relacionem a aumento de produtividade e competitividade e qualificação ambiental de produtos e processos.
É essencial, ainda, qualificar tecnologicamente nossa agropecuária, compreendidos os produtores empresariais, de suma relevância para o adequado desempenho da economia brasileira, bem como a agricultura familiar, fundamental para as estratégias de enfrentamento da pobreza, geração de emprego e renda no campo. É possível dobrar a produção de alimentos sem reduzir a área de cobertura vegetal natural.
Além disso, é preciso retomar e qualificar a reforma agrária, que promova o desenvolvimento do campo com justiça social, garanta o acesso à terra e bem estar para as famílias de pequenos produtores no meio rural, especialmente com ações voltadas ao apoio técnico e financeiro à produção nos assentamentos e desenvolvimento educacional às crianças e aos jovens assentados.
Na área urbana, é necessário criar incentivos para o empreendedorismo, para a economia solidária e criativa, e para a economia do conhecimento e da inovação, consolidando-os como vetores fundamentais para o desenvolvimento científico, social e econômico da Nação e potenciais geradores de emprego e renda.
É fundamental, também, reestruturar a cadeia produtiva do turismo, de forma a fortalecer as articulações da atividade turística com a educação, com a cultura e com o ambiente de negócios, em nível local, visando incrementar continuamente o fluxo de visitantes de outros países e o turismo interno.
Para que o Brasil possa materializar suas potencialidades econômicas e consolidar o processo de desenvolvimento, é imperioso investir pesadamente em infraestrutura e logística, orientados por uma visão integrada e sustentável e não por uma lista de obras que não se articulam. Essaestratégia deve propiciar maior competitividade internacional, absorção de novas demandas geradas pelo crescimento econômico, menores custos, garantia de qualidade dos serviços logísticos, portuários e marítimos e menores impactos sobre o meio ambiente.
c) Educação, cultura e inovação
Educação e Cultura devem ser concebidas como áreas articuladas, em constante diálogo com os temas e tecnologias do século XXI e com estímulo às inovações que respondam aos desafios contemporâneos. Essa articulação implica também o estabelecimento do desenvolvimento sustentável como eixo central, em um movimento entre passado, presente e futuro, que reconheça as tradições e conhecimentos que fazem sentido no mundo atual e aponte as inovações para as futuras gerações.
O enfrentamento das desigualdades educacionais deve se orientar por 2 focos: a erradicação do analfabetismo, que espantosamente, segundo dados do IBGE, cresceu nos últimos anos, e a refundação da educação pública de qualidade para todos. A escola deve estar aberta aos saberes locais, à diversidade cultural da comunidade e da mundialidade, aos novos conhecimentos e pensamento científicos, à disseminação de valores e, tendo como estratégia central a garantia de equidade, inclusive no que se refere à qualidade das instalações físicas e equipamentos, e a valorização dos profissionais da educação e da cultura. Para alcançarmos uma Educação Básica de qualidade para todas as nossas crianças, adolescentes e jovens precisamos de profissionais de maior competência e compromisso com a aprendizagem e formação de seus alunos. A formação inicial e continuada de professores, assim como o estabelecimento de planos de carreira e salários são políticas imprescindíveis para um Brasil sustentável.
Essa formação deve dialogar com a cultura brasileira, plural e dinâmica, com a valorização dos patrimônios material, imaterial e natural locais, assim como seus saberes e fazeres, com respeito aos sujeitos, às diferentes temporalidades históricas, à diversidade e pluralidade cultural. Uma sociedade plural como a nossa deve assumir de forma integral o direito à diversidade, considerando os indígenas, quilombolas, negros, mulheres, juventude, LGBTTs, pessoas com deficiência, as populações das periferias urbanas e outros grupos e minorias.
A educação integral deve instituir escolas abertas aos tempos e espaços das comunidades, inserindo-as nos contextos locais, regionais, nacional e mundial, mantendo diálogo com as demais instâncias formadoras dos setores de cultura e esportes. Valores como respeito e reconhecimento dos diferentes sujeitos, diálogo, participação, criatividade, cuidado como o outro e com o meio ambiente, cultura de paz são parte integrante da sustentabilidade.
A articulação com as políticas de ciência, tecnologia e inovação é pauta fundamental da agenda educacional brasileira, o que se aplica igualmente à educação técnica e superior. A manutenção e ampliação das políticas de quotas e de acesso e permanência no Ensino Superior, assim como incentivos para que a universidade concretize sua função social, constituem estratégia essencial para o aumento do nível médio de educação articulado com programas de geração de oportunidades de emprego para os jovens. Esses esforços trarão uma enorme contribuição em ganho de produtividade na economia, que demanda a formação em massa de profissionais que possam se engajar a um processo de trabalho mediado por uma progressiva complexidade tecnológica.
d) Políticas sociais e qualidade de vida
As políticas sociais devem contribuir de modo decisivo para o combate das desigualdades, para a melhoria da distribuição de renda e riqueza, para a ampliação da felicidade, da qualidade de vida e bem estar da população. Nesse sentido é fundamental que se assegure o acesso universal a bens e serviços públicos. É dever do Estado garantir à população o acesso à saúde de qualidade, habitação e entorno saudáveis do ponto de vista ambiental, dotados de infraestrutura de saneamento, com acesso a todos os serviços públicos relevantes.
O SUS é uma das conquistas sociais mais importantes do recente período democrático, que deve ser valorizado e ter sua gestão aperfeiçoada, para que possa assegurar uma assistência integral e de qualidade. A Atenção Básica de saúde deve ser efetivamente universalizada, constituindo-se na única porta de entrada dos serviços de saúde, exceto pelas emergências médicas. Este preceito requer um enorme esforço de organização dos serviços, inclusive no sentido de articular unidades de diferentes níveis de complexidade entre si.
Como forma de promover melhorias à saúde e não apenas cuidar das doenças, deve-se inscrever a prática de esportes e atividades corporais como integrante do conceito de assistência integral à saúde. De igual forma, é fundamental fortalecer a cooperação intersetorial entre as políticas de seguridade social, educação, cultura e segurança como forma de assegurar o atendimento à população, levando em conta o perfil das famílias, com prioridade às famílias chefiadas por mulheres, e suas necessidades e as potencialidades territoriais.
É necessário, ainda, que a política de superação da pobreza se transforme em política de Estado, o que permitirá estabelecer objetivos de longo prazo e impedir a descontinuidade dos programas e das ações, com a finalidade adicional de libertá-la de barganhas de qualquer espécie. Estamos aqui diante de uma questão de focalização da ação do Estado, pois se trata de envolver o conjunto das políticas sociais e ter atenção específica no segmento populacional de elevada fragilidade social.
e) Novo urbanismo e o pacto pela vida
A Aliança identifica na questão urbana um dos problemas mais expressivos que se apresenta ao Brasil e, consequentemente, àqueles que governarão a partir de 2015. Com taxa de urbanização de 85%, apresenta-se como meta essencial, para assegurar que a população tenha uma qualidade de vida adequada, garantir pleno acesso ao ambiente urbano, em que se consolidaram muitas das conquistas civilizatórias da humanidade. Para que tal fruição seja possível é necessário atuar para desenvolver cidades que sejam saudáveis, democráticas, seguras e agradáveis.
Quanto a este último aspecto, importa enfrentar o desafio da mobilidade, que requer integrar e articular a cidade territorialmente e, nesse contexto, pensar o modo como se dará a prestação dos serviços públicos e o acesso da população a todos os equipamentos existentes, inclusive aqueles destinados à cultura e lazer.
Tal integração deve eleger o transporte coletivo, com seus diferentes modais, como prioridade, o que obriga a repensar como tratar o uso do automóvel e a locomoção e convivência com os meios não motorizados. Enfrenta-se, desse modo, a poluição ambiental que é um dos principais problemas urbanos. Outra questão relevante é a superação do nosso imenso déficit habitacional, revertendo o processo em curso de isolamento e dispersão da população de baixa renda. Ressalta-se a necessidade de articulação com todos equipamentos e serviços públicos necessários a uma vida saudável. Dentre esses serviços, destaca-se a importância do saneamento ambiental, da reciclagem e da correta destinação dos resíduos sólidos.
A sensação de insegurança generalizada, que é repercutida diariamente pelos meios de comunicação de massa, evidencia os limites atuais da política de segurança, que ainda não se tornou prioridade nacional. Morrem de forma violenta no Brasil essencialmente homens, jovens, negros e pobres. Replica-se, portanto, no tema da segurança, o processo de exclusão social, que não pode ser superado apenas por meio da atuação policial.
A exclusão social, contudo, tem por locus privilegiado o território urbano e em nosso urbanismo há uma desarticulação entre as áreas centrais, densamente dotadas de serviços e equipamentos públicos e privados, e as periferias, em que sobressai a ausência do Estado. Uma nova concepção de cidade deve priorizar este tema e orientar a articulação e integração das políticas públicas, com ênfase para transporte e mobilidade, habitação, saneamento ambiental, educação, saúde, esporte, cultura e lazer, no sentido de superar a segregação espacial que se observa no espaço urbano.
Ao se pensar em segurança faz-se necessário, portanto, garantir o direito pleno à cidade, que, ao reconciliar áreas centrais e periféricas, permite o compartilhamento de um patrimônio social, cultural e político que é coletivo. Criam-se, assim, elementos para consolidar uma cultura da paz, que deve encontrar nas políticas integradas para a juventude um instrumento privilegiado para sua disseminação.
Tal constatação obviamente não diminui a necessidade de se desencadear ações estritas de segurança pública, que devem compreender policiamento de fronteira, para combater a entrada de armas e drogas no País, além de ações de inteligência, para desmantelar o crime organizado e suas facções.
O combate às drogas, e em especial ao crack, deve ser uma bandeira priorizada por toda a sociedade, mobilizando os agentes públicos e a sociedade civil em torno de iniciativas ligadas à prevenção, tratamento e inclusão de usuários e dependentes, e à operacionalização de ações integradas de repressão qualificada ao tráfico.
Tais ações devem ser articuladas com base em um verdadeiro pacto pela vida, com o objetivo de diminuir de forma substancial a violência nas cidades e também no campo. Este espírito é essencial para que as ações no âmbito da segurança pública estabeleçam um compromisso com a preservação da vida, com a pessoa humana, e não com o aumento da violência das ações policiais, que em nada contribuem para superar o quadro atual.
O redesenho dos processos de trabalho e da forma de atuação das polícias, com a finalidade de aumentar a eficiência e propriedade de sua atuação; medidas que acelerem o processo penal e a articulação do Poder Executivo com Magistratura, Ministério Público e Defensoria Pública são iniciativas que têm margem de contribuição expressiva para o equacionamento da sensação de insegurança que aflige a população, tendo complementarmente a finalidade de eliminar a barbárie que atinge a população carcerária do País.
PARTE 2
EIXO 1 – Estado e a democracia de alta intensidadeReformar o Estado brasileiro e seus instrumentos de gestão é uma das condições que precisam ser atendidas para que possamos mudar nosso modelo de desenvolvimento. É necessário construir um Estado capaz de mobilizar a sociedade para criarmos um País sustentável nas dimensões econômica, política, ambiental, social e cultural. O novo Estado precisa abordar a reforma da política, da administração pública, da gestão das políticas públicas e do nosso federalismo. Somente com estas mudanças o Estado retomará sua capacidade de planejamento estratégico e de integração das políticas públicas. Entender o Estado desta forma integrada vai além do receituário minimalista que a reduz a ao famoso “choque de gestão”.
1.1. Reforma da PolíticaA crise contemporânea da política é, em boa parte, crise da representação eleitoral, que possui nos partidos políticos os instrumentos de mediação entre eleitos e eleitores. Este sistema não mais produz legitimidade suficiente, o que mostra a fragilidade da democracia representativa. Por isso, é necessário, complementarmente, criar novos mecanismos de participação popular que possibilitem inclusive o revigoramento da democracia representativa, aumentando sua legitimidade. A política precisa reconectar eleitos e eleitores.
1.2. Reforma da Administração públicaÉ necessário completarmos de fato a profissionalização da gestão pública no Brasil, tendo o mérito como elemento definidor da seleção, promoção e avaliação dos quadros públicos. Frente ao nosso histórico patrimonialista persistente, este desafio continua mesmo após as inúmeras transformações ocorridas desde a criação do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), em 1936, no governo Vargas. Há poucas ilhas de excelência no setor público, que precisam ser expandidas para as mais diversas áreas do Estado. A reforma administrativa necessária atinge transversalmente todas as dimensões de gestão: estrutura organizacional, procedimentos administrativos, gestão financeira e orçamentária, gestão de pessoal, gestão de compras, participação e controle cidadão, governo eletrônico e novas modalidades de prestação de serviço público. Essas ações simplificarão a relação do Estado com o cidadão.
1.3. Novo federalismoPrecisamos repactuar o federalismo brasileiro que assume, muitas vezes, um caráter concentrador. A CF-1988 repartiu as competências e responsabilidades dos entes federados subnacionais ao mesmo tempo em que concentrou receitas na União. Para além das obrigações, é preciso descentralizar as receitas a partir de uma construção colaborativa entre os entes federados, que leve em conta nossas desigualdades regionais e a definição de padrões mínimos nacionais para as diversas áreas temáticas de políticas públicas. Precisamos realizar a transição de um federalismo concentrador e conflituoso para um Estado federado cooperativo, capaz de diminuir as desigualdades regionais e ampliar a autonomia dos entes subnacionais.
1.4. Política de defesa – soberania democráticaO Brasil tende a ter maior importância no cenário internacional, em função de sua extensão e biodiversidade, das reservas de recursos naturais que controla, como petróleo, dosvolumes de água potável e recursos hídricos presentes em seu território. Temos grande disponibilidade de terras agricultáveis, fato que permitiria ampliar de forma significativa nossa condição de produtores de alimentos e de outros gêneros vegetais que se prestam aplicações energéticas e industriais. Tal condição requer que o País desenvolva uma política de defesa nacional vigorosa, compatível com sua importância estratégica e com os interesses nacionais daquela que é a 6ª economia do mundo.
EIXO 2 – Economia para o desenvolvimento sustentávelA perda de competitividade e de dinamismo na economia, inclusive do ritmo de evolução dos indicadoressociais, é uma realidade que contrasta com o enorme potencial de uma sociedade criativa e com espírito empreendedor. Temos uma economia pujante, que se dissipa no emaranhado burocrático, e uma grande disponibilidade de recursos naturais, que é dilapidada pela ausência de políticas que incentivem seu uso sustentável. A política econômica deve ter como diretrizes a simplificação, transição para a economia de baixo carbono, redução das desigualdades sociais e a incorporação da inovação tecnológica nos processos produtivos.
2.1. Política industrial voltada à agregação de valor
A apreciação cambial tem trazido impacto expressivo sobre o desempenho da indústria brasileira, que tem reduzido sua participação tanto no produto, quanto nas exportações. Para que se possa reverter este quadro é fundamental ganhar produtividade por meio de uma vigorosa política industrial, compensando tanto quanto possível a desvantagem cambial.
2.2. Economia do Conhecimento e da Inovação
É consenso o estabelecimento de uma relação direta entre o desenvolvimento econômico de uma Nação e sua capacidade de gerar inovação. A articulação entre política de desenvolvimento e acesso à inovação passa, necessariamente, pelas estruturas regionais que possam dar sustentação a um movimento de modernização, baseado na capacidade de aprendizagem, geração e assimilação de tecnologia de ponta.
2.3. Pesquisa pura e inovação tecnológica
O Brasil precisa estabelecer conexões mais imediatas entre a pesquisa pura e suas aplicações, o que requer revisitar tanto a cultura dos centros de pesquisa euniversidades, quanto a empresarial. É fundamental, ainda, que os investimentos em ciência e tecnologia sejam compreendidos em uma perspectiva estratégica, que habilite o Brasil a dar o mesmo salto que deu a China, por exemplo, nos últimos vinte anos.
2.4. ArranjosProdutivos Locais
Os Arranjos Produtivos Locais – APLs – constituem-se em estratégias fundamentais para a articulação de um projeto de desenvolvimento sustentável que leva em consideração as potencialidades e vocações dos atores sociais e econômicos de um território com identidades assemelhadas, de modo a inseri-los de forma competitiva nas cadeias produtivas.
· Associar o apoio à organização social e gerencial dos produtores locais e das comunidades tradicionais, o uso sustentável da biodiversidade brasileira e a agregação de valor por meio de atuação intersetorial e acesso a tecnologia adequada.
2.5. Negócios sociais e economia solidária
Para que o Brasil possa realmente diminuir suas desigualdades apresenta-se como ação prioritária o fortalecimento das atividades relacionadas à economia solidária. Os estudos sobre a condição de pobreza e sua replicação demonstram que os pobres são especialmente carentes de laços, conexões e relações que obstam o ganho de autonomia, inscrevendo-os em circuitos de dependência de diferentes ordens de iniciativas, muitas delas de caráter assistencialista.
2.6. Cadeia Produtiva do Turismo
Potencial gerador de emprego e renda, a Cadeia Produtiva do Turismo demanda um redirecionamento estratégico, de forma a poder articulá-la com os programas e projetos das áreas de educação e cultura, visando explorar com eficácia as potencialidades econômicas da nossa história, das nossas manifestações culturais, da nossa geografia e da hospitalidade do nosso povo. O desenvolvimento contínuo dessa Cadeia não se restringe apenas à atração dos grandes investimentos, mas complementa sua atuação com o foco no desenvolvimento sustentável, estimulando e induzindo a reorganização dos processos econômicos e preparando e qualificando a mão de obra, fazendo dos agentes locais os atores privilegiados e responsáveis pelo desenvolvimento local, territorial e regional da atividade turística.
· Estimular a capacitação permanente de mão de obra para a atividade turística. · Incrementar a articulação entre a Cadeia do Turismo e outras Cadeias Produtivas, visando gerar novos negócios e rotas turísticas locais. · Fomentar programas de divulgação interna e externa de destinos turísticos. · Criar parcerias com as municipalidades para conservação e melhorias em equipamentos turísticos.
2.7. Desenvolvimento rural e a atividade agropecuária empresarial e familiar
A atividade agropecuária deve ser valorizada por sua histórica importância econômica. Reconhecida por sua produtividade e avanço tecnológico, a atividade agropecuária é grande fornecedora de insumos energéticos e de alimentos para o mercado interno e externo. A consolidação de um modelo de ocupação de grandes áreas e concentração em poucas culturas, pelo agronegócio, propicia ganhos de produtividade consistentes, mas gera impactos de ordem social e ambiental que precisam ser superados para tornar o segmento efetivamente sustentável. De igual modo, se reconhece a importância da agricultura familiar na oferta de alimentos para o consumo interno, ocupação de mão de obra e geração de renda no campo.
2.8. Desenvolvimento regionalO desenvolvimento regional pode ser concebido em diferentes escalas, sendo que a mais evidente, no caso brasileiro, se aplica a reverter as desigualdades existentes entre as grandes regiões do País. Nesse sentido, apresenta-se a necessidade de se explicitar o combate à desigualdade regional como prioridade nacional.
2.9. Infraestrutura e logísticaA infraestrutura é a base fundamental para sustentação do crescimento econômico. A forma como é planejada e constituída tem enorme impacto nadistribuição geográfica do desenvolvimento, na qualidade de vida da população e nos impactos ambientais. Na transição para uma economia de baixo carbono, o planejamento da infraestrutura deve ter foco em uma infraestrutura que seja eficiente e sustentável no uso dos recursos naturais.
2.9.1. EnergiaTemos uma matriz energética limpa, com 47% de fontes renováveis. Isso é uma grande vantagem comparativa em relação ao resto do mundo, particularmente os países industrializados. Mas a geração está concentrada em fontes hídricas, o que tem comprometido a segurança energética e apresentado desafios socioambientais importantes a serem superados.
2.9.2. Transporte e logísticaA questão dos transportes tem vínculos imediatos com a produtividade da economia nacional, sua competitividade em termos internacionais, além de envolverformação de preços de todas as mercadorias do País. Trata-se, portanto, de política absolutamente estratégica e deve ser pensada com o conjunto de nossas condições infraestruturais.
2.10. Meio ambiente
A política ambiental terá como principal diretriz o desenvolvimento sustentável, discutindo com a sociedade, parlamento e entes federados, um conjunto de metas socioambientais de curto, médio e longo prazos para o País. Essas metas deverão incorporar os limites ecossistêmicos, de um lado, e o potencial estratégico da nossa biodiversidade e dos recursos naturais renováveis, de outro, bem como as seguintes diretrizes específicas:
2.10.1. Planejamento para a sustentabilidade
Um dos grandes desafios para o Brasil é encontrar as bases para um desenvolvimento sustentável, oque implica rever a noção de progresso, agregando-lhe um sentido mais humano, justo, solidário e respeitoso com as pessoas e com o planeta. A transição para esse novo modelo precisa ser planejado e o governo precisa lançar mão de políticas públicas adequadas a esse objetivo.
2.10.2. Incentivo às atividades sustentáveis
A transição para a economia de baixo carbono precisa ser estimulada, fomentada e induzida através de instrumentos econômicos que incidam sobre os processos de tomada de decisão na economia.
2.10.3. Estímulo à geração de empregos verdes
São os empregos calcados em uma economia sustentável, proporcionando trabalhodecente com baixo consumo e emissão de carbono.
2.10.4. Preservação da biodiversidade
Entre todos os países, o Brasil é o que possui a maior diversidadede espécies animais e vegetais, a maior quantidade de biomassa e a segunda maior área florestal. Esses recursos, juntamente com a diversidade social, constituem provavelmente nossa maior riqueza. A gestão estratégica desses recursos deve estar na base de todo processo de desenvolvimento do país.
2.10.5. Recursos hídricos
A disponibilidade de água doce de qualidade é condição essencial para o desenvolvimento das atividades econômicas e para assegurar o bem estar de qualquer sociedade. O Brasil possui uma grande quantidade de água doce, mas esta não está distribuída de forma equitativa no território nacional, havendo regiões de grande escassez, e não estamos conseguindo garantir sua qualidade nas regiões mais populosas.
EIXO 3 – Educação, cultura e inovação
Um novo Estado e uma nova economia orientados para o desenvolvimento sustentável exigem uma verdadeira revolução na educação. O processo educativo deve se dar ao longo da vida e formar crianças, jovens e adultos para o exercício de uma cidadania plena e para o mercado de trabalho.
2. 3. 3.1. Enfrentamento das desigualdades educacionais para uma educação de qualidade para todos
Os enormes avanços em relação ao acesso à escola e à estruturação da gestão educacional nos estados e municípios não se refletiram em resultados de qualidade. O enfrentamento das desigualdades educacionais, raciais e étnicas, assim como entre as diferentes regiões do país, entre cidade e campo e entre os centros e as periferias dasgrandes cidades dizem respeito a políticas territoriais construídas a partir de questões e potencialidades locais.
3.2. Valorização dos profissionais da educação como estratégia central do programa
A reversão do atual quadro da educação relaciona-se diretamente com a qualidadedos profissionais, especialmente os professores e diretores, mas também devem estar incluídos os supervisores, coordenadores pedagógicos, bibliotecários, inspetores e serventes. Para tanto prioriza-se:
3.3. Escola aberta à comunidade, aos novos conhecimentos e tecnologias da sociedade contemporânea
Trata-se de uma educação integral que articula esportes e cultura e busca conexão com os novosconhecimentos, o pensamento científico e as novas tecnologias. A escola do século XXI deve ser aberta de forma integrada ao meio ambiente e à comunidade local e global e estimular a criatividade, a imaginação, o conhecimento colaborativo e o protagonismo autoral.
3.4. Identidades e reconhecimento das diversidades culturais
A construção de relações cidadãs marcadas pelo reconhecimento da diversidade supõe que as identidades são construídas e transformadas ao longo do tempo, e se fundamentam no reconhecimento da partilha de elementos do patrimônio, noreconhecimento daquilo que enlaça nossas biografias, na percepção de que temos, como parte de nós, traços que outros também têm. Nesse sentido insere-se a importância da inclusão de elementos do patrimônio cultural, material, imaterial e natural na seleção dos conteúdos a serem transmitidos pelas instâncias educadoras. Cabe ainda às instâncias públicas zelar para que as iniciativas culturais e artísticas apoiadas sejam elementos de afirmação dos valores nacionais ?democracia, tolerância, paz, preservação do meio ambiente.
3.5. Economia da cultura: atividades artísticas, comunitárias e de empreendedorismo
A extraordinária riqueza cultural do Brasil deve ser promovida, ampliada e resgatada como patrimônio nacional e o poder público deve apoiar e subsidiar as atividades culturais e artísticas de reconhecido interesse público e comunitário e de coesão que tenham dificuldade de se viabilizar por meio de mecanismos de mercado. O acesso à cultura e ao conhecimento devem ser ampliados, respeitando os direitos do criador e o interesse público pelo acesso a toda diversidade cultural brasileira. Também a promoção de produtos da sociobiodiversidade deve ser uma política transversal de apoio aos pequenos produtores, como uma visão estratégica de país que permita o uso sustentável de nossos ecossistemas e a inserção de populações excluídas e, por fim, a possibilidade de inovações para uso da ciência e das tecnologias.
3.6. Pesquisas e novas tecnologias para inovação
O estímulo à pesquisa e à inovação deve ter na sustentabilidade e na democracia digital os eixos principais das diferentes áreas do conhecimento e as universidades devemestar conectadas com as questões do mundo contemporâneo de modo a priorizar:
3.7. Financiamento da gestão da educação
As novas formas de financiamento devem alcançar 10% do PIB, buscando-se uma gestão eficaz, descentralizada e transparente por meio de controle social focalizado em resultados educacionais relacionados às metas do Plano Nacional de Educação, em debateno Congresso Nacional.
3.8. Financiamento e gestão cultural
O fomento a uma política nacional de cultura deve integrar os entes federados para criação de fontes de financiamento e repasses de recursos para construção e manutenção de espaços culturais, assim como para organizações culturais de forma descentralizada fazendo uso de novas formas de participação como os coletivos culturais e as redes sociais. Nesse sentido é fundamental a construção de políticas culturais integradas com outras políticas, especialmente educação e o estímulo à melhoria da articulação entre o Minc e as diferentes organizações da sociedade civil.
EIXO 4 – Políticas sociais e qualidade de vida.
O Brasil deu um salto nos últimos anos ao retirar da extrema pobreza milhões de pessoas por meio de programas de transferência de renda direta às famílias com contrapartidas dos beneficiários. No entanto as desigualdades sociais e regionais ainda permanecem e é preciso avançar para programas sociais de terceira geração, cujo objetivo seja ampliar a qualidade de vida da população e o bem-estar essenciais à construção de uma sociedade fraterna e justa. A superação da pobreza é de fundamental importância para que possamos alcançar desempenho mais adequado nos indicadores de saúde, educação e filiação social.
3. 4. 4.1. Ampliação e integração de programas sociais dirigidos para erradicação da pobreza
Assegurar maior eficácia, eficiência e efetividade às políticas e programas sociais já disponíveis nos vários níveis de governo, consolidando-os, integrando-os e orientando-os para o atendimento das famílias mais pobres do país, enfatizando de modo específico o atendimento das principais necessidades, bem como a realização de suas melhores habilidades.
4.2. Construção e capacitação de uma rede de agentes de desenvolvimento familiar
É preciso integrar o funcionamento de diferentes sistemas de oferta de programas sociais já existentes nos entes federados em uma única rede descentralizada, voltada para o atendimento prioritário das famílias mais pobres do país, constantes do Cadastro Único para Programas Sociais.
4.3. Coesão social, mobilização e empreendedorismo
Avançar para além do Estado considerado unicamente provedor para o mobilizador, de modo a implementar ações que estimulem a coesão social, o empreendedorismo e as parcerias público-privado para idealização e execução de programas sociais integrados.
4.4. Saúde
O sistema de seguridade social é uma das mais importantes conquistas do período democrático e tem um papel fundamental na melhoria da qualidade de vida de nossa população. Ao implantá-lo abandonamos uma lógica de natureza contributiva, que nãoprovia acesso aos brasileiros que se encontravam fora do mercado de trabalho formal, para instituir a seguridade como direito. Sua implementação teve como resultado, portanto, um grande impacto em termos de inclusão social. Há enormes problemas de gestão do sistema de seguridade e de qualidade na prestação de serviços, ao que se soma a questão do subfinanciamento dessas políticas. O Brasil passa por importante transição demográfica – com grande quantidade de jovens, estabilização do crescimento e tendências de envelhecimento – que resultará em inúmeros reflexos no sistema de seguridade e na garantia de bem-estar para a sua população.
4.4.1. Aperfeiçoamento e fortalecimento do SUS
O SUS é algo quase único em termos de cobertura no mundo e implica uma noção de cidadania e direito humano que emerge de gerações de lutas populares. Apesar de sua concepção revolucionária e da universalização do serviço de saúde que pretende promover, o SUS precisa ser aperfeiçoado no sentido deconsiderar o redirecionamento para um sistema que seja mais humano, personalizado, rápido e que ofereça respostas às demandas de todos os brasileiros.
4.4.2. Políticas de prevenção e promoção da saúde
Há uma tendência de reprodução no setor público da realidade hoje verificada no setor privado, em que predomina o polinômio especialização, procedimentos de média e alta tecnologia, alto custo de intervenção. Essa configuração, independentemente de sua qualidade técnica, não atende aos preceitos de uma saúde que pretende a universalização.
4.4.3. Financiamento
A política pública de saúde tem sido objeto de subfinanciamento crônico, fato que tem afetado de forma imediata sua efetividade. Em 2000 o governo federal era responsável por 59,8% do custeio das despesas de saúde, estados por 18,5% e municípios por 21,7%. Em 2011, ou seja, em apenas 11, o governo federal reduziu sua participação para 45,4% e a contrapartida de estados e municípios elevou-se para 25,8% e 28,8%, respectivamente. Com isso, decresceu o número de leitos por habitante, fato que se vê agravado porque há unidades hospitalares sem a devida infraestrutura para tanto.
4.4.4. Efetiva universalização à Atenção Básica
A atenção básica de saúde deve ser efetivamente universalizada, se constituindo na única porta de entrada dos serviços de saúde, exceto pelas emergências médicas. Este preceito requer um enorme esforço de organização dos serviços, inclusive no sentido de articular unidades de diferentes níveis de complexidade entre si.
4.4.5. Política de drogas
O fenômeno das drogas em geral atingiu uma proporção que pode ser considerada epidêmica, particularmente nas cidades e grandes centros urbanos. A política de saúde precisa ser estruturada para atender a este segmento na proporção de sua importância quantitativa e dos desafios que implica, visto que de um modo geral esses casos requerem abordagem multidisciplinar.
Eixo 5 – Novo urbanismo e o pacto pela vida
A Aliança identifica na questão urbana um dos problemas mais expressivos que se propõe ao Brasil e, consequentemente, àqueles que o governarão a partir de 2015. O fundamento de tal proposição encontra-se na taxa de urbanização de 85%, que contrasta com a completa ausência de planejamento urbano, o que faz com que o território urbano seja o local em que se materializa a exclusão social e as assimetrias historicamente presentes em nossa formação. Esse cenário tem muitos desdobramentos, como os que se observa abaixo.
4. 5. 5.1. Política habitacional
Apesar dos esforços dos últimos doze anos, persiste um significativo déficit habitacional no Brasil e ele se concentra, essencialmente, na população de baixa renda. Os programas existentes não foram suficientes para mudar de forma expressiva a realidade existente.
5.2. Saneamento e resíduos sólidos
Os indicadores de saneamento ainda demonstram haver no conjunto do País uma realidade assombrosa, que reproduz muitos dos velhos ranços de nossa história. Em primeiro lugar é necessário observar que há uma assimetria entre renda e prestação do serviço pelo Poder Público. Habitações subnormais se associam à quase ausência de saneamento, infraestruturas de micro e macrodrenagem urbana etc.; potencializando o conjunto do problema. Persiste, ainda, uma distribuição não equitativa dos serviços, com o registro de índices de cobertura muito piores nas regiões norte de nordeste, comparativamente às demais regiões do país e, especialmente, do sudeste.
5.3. Mobilidade urbana
Para enfrentar o desafio da mobilidade é preciso pensar o desenvolvimento recente das cidades no Brasil, que as segmentou em periferias distantes – mal providas de serviços públicos – e regiões nobres, mais ou menos centrais, mas de grande presença do Estado. Propõe-se integrar e articular a cidade territorialmente e facilitar o acesso aos equipamentos existentes, inclusive e muito particularmente aqueles destinados à cultura, esporte e lazer.
5.4. Questão metropolitana
As regiões metropolitanas enfrentam por certo todos os problemas inerentes aos grandes aglomerados urbanos. Há um tema, contudo, que diz respeito às Regiões Metropolitanas de forma estrita, ou seja, o da governança complexa e não adequadamente institucionalizada desse território. Maior que o município, mas menor que o estado, as Regiões Metropolitanas não conseguem regular muitas das políticas públicas por insuficiência de articulação, agências específicas de planejamento e gestão etc.
5.5. Segurança pública
O Brasil registra dados alarmantes de segurança. Em 2012, a taxa de homicídios chegou a 24,3 por 100.000 habitantes, ultrapassando 70 homicídios por 100.000 habitantes nos Estados mais violentos. Uma proporção próxima de 5% de todas as mortes no Brasil foi causada por homicídios. Estes números colocam o Brasil no mesmo patamar de violência de países em guerra. E pior, as vítimas de homicídios são, em sua maioria, homens (92%) e negros (71,4%), reforçando, portanto, uma visão de maior violência contra a população negra e de menor renda, dada a exclusão social que ainda persiste no país em relação a esses grupos.
5.5.1. Nova estrutura institucional
É fundamental rediscutir as ações das entidades do Poder Público envolvidas com a questão da segurança, fortalecendo a integração e a atuação conjunta dessas forças no combate à violência.
5.5.2. Políticas criminal e prisional
O brasileiro é hoje obrigado a conviver com a violência no seu dia a dia. São quase 50 mil homicídios dolosos por ano no Brasil. E pior, não temos capacidade de identificar os culpados e punir, pois apenas 8% desses homicídios mais graves são investigados. As prisões não cumprem seu papel de reinserir o criminoso à sociedade, depois de cumprir sua pena. Elas estão repletas de pessoas que praticaram crimes menores, são presas em condições sub-humanas e tornam-se mais violentas. Precisamos de políticas criminal e prisional mais eficientes e comprometidas com a dignidade humana.
5.5.3. Cultura de paz e valorização da vida
Valorizar a vida, com equidade no acesso à segurança pública e à justiça. Esse precisa ser o objetivo maior de uma política de segurança, induzindo políticas e ações de cooperação com as demais instâncias de governos, incluindo o Fundo Nacional de Segurança Pública e a construção de um Pacto pela Vida, com Municípios, Estados e União unindo esforços em favor de mudanças estruturais na segurança pública.
Conclusões
A Aliança PSB – REDE entende que o Brasil se vê diante do esgotamento do ciclo de conquistas iniciado com o processo de redemocratização, o que traz impactos nas esferas política, econômica e social.
O arranjo hegemônico que tem conduzido o País não expressa de forma abrangente as aspirações legítimas da sociedade civil, porque foi capturado por interesses vinculados à própria manutenção do poder. O desempenho econômico perdeu dinamismo, e o País, cresce em patamares inaceitáveis, sem se dar conta de que existem novas possibilidades de expansão com o estímulo de atividades de maior valor agregado em razão do uso mais eficiente e eficaz dos recursos naturais. Não fomos capazes de alterar de forma substantiva a desigualdade, fato que limita o alcance das ações de combate à pobreza.
Neste contexto, a Aliança se apresenta como uma novidade, porque se propõe a atuar politicamente a partir de eixos programáticos, que devem orientar os compromissos a serem assumidos, na construção da governabilidade. Faz uma opção resoluta pelo desenvolvimento sustentável, que compreende a qualificação tecnológica da economia nacional, valorização dos nossos ativos ambientais e priorização de temas como infraestrutura e simplificação dos diferentes processos que envolvem a produção de bens e serviços, a fim de criar condições para o aumento de nossa produtividade e competitividade. Porta uma concepção de democracia que potencializa a participação e, por esse meio, qualifica a representação popular, elementos que contribuirão de forma efetiva para melhorar o desempenho do Estado na produção de serviços públicos de qualidade.
Para orientar sua atuação a Aliança elegeu cinco eixos temáticos, que entende corresponderem aos principais desafios que se apresentam ao Brasil, que são indicados a seguir. 1. Estado e Democracia de alta intensidade– A Aliança PSB – Rede propõe a mudança do modelo político e federativo brasileiro por meio da reforma do Estado, pois esta é uma das condições para uma democracia de alta intensidade e um modelo de desenvolvimento mais justo e sustentável. UmEstado capaz de mobilizar o que há de melhor na sociedade e no mercado e que tenha como elementos fundantes valores como a liberdade, a busca pelo bem-comum, a colaboração e a participação da sociedade. Nesse contexto, as novas tecnologias têm papel essencial, pois permitem maior participação na tomada de decisão sobre as políticas públicas e um controle social mais eficiente e ativo. Propomos um novo federalismo, que desconcentre o poder e fortaleça ? com os recursos correspondentes, por meio de uma reforma tributária ? a autonomia de estados e municípios nos quadros do nosso marco constitucional.
2. Economia para o desenvolvimento sustentável– Propomos como tarefa prioritária conduzir o Brasil a uma trajetória de desenvolvimento sustentável, que tem como diretrizes a simplificação, a transição para a economia de baixo carbono, a redução das desigualdades sociais e a retomada do dinamismo da economia, para voltara crescer em níveis compatíveis com suas efetivas potencialidades. São urgentes investimentos pesados em infraestrutura, com ênfase em energia renovável, portos, aeroportos, ferrovias e rodovias, para superação de constrangimentos que têm impedido o País de produzir e distribuir mercadorias e serviços, de formaeficiente e sustentável no uso dos recursos naturais. Além da melhoria na infraestrutura, éessencial qualificar tecnologicamente nossa agropecuária, compreendidos os produtores empresariais e a agricultura familiar, e toda a cadeia de valor associada.Vamos implementar uma política industrial que qualifique tecnologicamente o parque produtivo e amplie a o valor agregado de nossa produção. Propomos, ainda, forte estímulo à economia solidária, economia criativa e Arranjos Produtivos Locais. Todas essas iniciativas visam aumentar a produtividade e competitividade de nossa economia e a qualificação ambiental do processo produtivo. Em seu conjunto, essas medidas devem conduzir o Brasil à maturidade econômica que se exige da 6ª economia do mundo,mudando fortemente o eixo das relações comerciais do Brasil com o resto do mundo.
3. Educação, cultura e inovação – A Aliança vai estabelecer a escola como local estratégico para o enfrentamento das desigualdades e a melhoria da qualidade da educação. Para isso, é fundamental o estímulo à valorização e à qualificação dos professores para assegurar mais competência e mais compromisso com a aprendizagem e a oferta de conteúdo aos estudantes que esteja vinculado aos conhecimentos de interesse do mundo atual e ao resgate do valor do patrimônio cultural brasileiro. A educação integral estará aberta a todos e fortemente vinculada à vida de sua localidade e à diversidade cultural. Assumimos um compromisso radical com o fim do analfabetismo e com a articulação das políticas de ciência, tecnologia e inovação com a agenda educacional brasileira. Ou seja, precisamos superar a exclusão em seus dois extremos. De um lado, o que impede o acesso à cidadania plena pela falta de conhecimento básico. De outro, o que limita a formação de gerações que possam contribuir para o aprimoramento da base tecnológica do país. Ambas situações excludentes são perniciosas para quem deseja estar integrado ao futuro.
4. Políticas sociais e qualidade de vida– As políticas sociais terão como diretrizes o combate das desigualdades, a melhoria da distribuição de renda e riqueza, ampliação da felicidade, da qualidade de vida e do bem estar da população. Para tanto, vamos assegurar o acesso universal a bens e serviços públicos, garantir a oferta de um serviço de qualidadee implementar estratégias articuladas que atendam de forma prioritária os segmentos em condição de vulnerabilidade, levando em conta as diferentes necessidade e potencialidades. Vamos transformar a política de enfrentamento da pobreza e da exclusão social em política de Estado, o que permite compatibilizar a dimensão do problema, o tempo e os recursos orçamentários necessários a seu equacionamento e a articulação entre as várias políticas públicas, na construção de estratégias de acolhimento e empoderamento humano para a reinserção socioprodutiva.
5. Novo urbanismo e o pacto pela vida– Assumimos o compromisso de fazer uma ampla e profunda reforma urbana, com o objetivo de melhorar significativamente a qualidade de vida da população nas cidades. Para tanto, realizaremos articulações com estados, municípios e a sociedade e apoiaremos iniciativas na área de mobilidade, para diminuir o tempo gasto nos trajetos urbanos e melhorar o conforto dos usuários do sistema público de transportes. Propomos, com a sociedade, com as polícias, com o Magistratura e Ministério Público, um pacto pela vida que ofereça efetivamente segurança aos cidadãos e reduza substancialmente a violência. Para superar o déficit habitacional de mais de 6 milhões de unidades, que atinge principalmente a população de baixa renda, implementaremos uma política habitacionalsubordinada aos interesses da população, compreendendo o acesso aos bens e serviços públicos, como o saneamento ambiental e ações relativas a meio ambiente. A Aliança promoverá políticas de cultura, esporte e lazer, integrando-as às políticas de juventude, com a finalidade de ampliar o convívio na diversidade e aumentar a disponibilidade de bens culturais e alternativas de lazer e recreação da população.
A Aliança PSB – Rede está convencida de que existe no país milhões e milhões de pessoas que estão dispostas a se integrar um processo que torne essas ideias realidade. São pessoas que comungam do desejo, da aspiração de, definitivamente deixar para seus filhos, netos, bisnetos e futuras gerações um caminho bem formado para um Brasil estável, próspero e ambientalmente responsável, livre e justo, seguro e pacífico, solidário com todos os seus cidadãos e capaz de lhes garantir os direitos fundamentais.
A indicação dessas cinco prioridades corresponde às urgências que a população brasileira vem manifestando nos últimos anos, as quais apontam claramente as limitações do arranjo hegemônico que governa o País. A Aliança PSB – REDE, que se construiu desde o princípio a partir de uma escuta ativa da sociedade civil, faz dessas prioridades elementos centrais de seu Programa de Governo.
Anexo
Processo de Elaboração do Programa de Governo
A formação da coligação PSB – Rede tem como característica fundamental o seu carácter programático e comprometido a construção participativa e coletiva de compromissos e propostas.
A elaboração do programa de governo para candidatura a Presidência da Republica da coligação esta calcada em um processo progressivo de construção coletiva com três grandes marcos:
Passos dados até o lançamento das diretrizes programáticas
No dia 05/10/2013 aconteceu o anuncio da coligação com o lançamento da carta com os três objetivos estratégicos. Logo em seguida, em 18/10 foi lançado o portal na internet para recebimento de propostas iniciais para as diretrizes programáticas da coligação. Ainda em outubro (27/10) foi realizado o I Encontro Programático PSB – REDE com mais de cem participantes ao vivo e transmissão pela internet que subsidiou a elaboração do primeiro texto base para elaboração das diretrizes. Em 28/11 aconteceu o Lançamento da Plataforma Conjunta da Coligação e do texto base para elaboração das diretrizes que foi colocado para debate através da plataforma on line de consulta, que permitiu a qualquer interessado apresentar (i) apresentar propostas em 9 eixos temáticos; (ii) propor novos eixos; (iii) comentar e qualificar as propostas apresentadas.
Até 20/01 o texto ficou em debate na internet e recebeu 435 propostas nos nove eixos temáticos e 2235 comentários para as propostas e mais de 4000 interações de qualificação (curtir/não curtir) para as propostas. As propostas foram organizadas segundo dois critérios para determinar a relevância inicial: o número de interações (comentários e qualificações) e a proporção de interações favoráveis as propostas. As propostas com mais de 10 interações sendo a maioria positivas foram especificamente consideradas pela comissão de redação das diretrizes formada por quadros do PSB e da REDE. Foram 89 propostas nesta categoria.
A lista com todas as pessoas que participaram do processo on line bem como o relato de todas as propostas e respectivos comentários e referencias nas diretrizes estão disponíveis em arquivo resumo no site da plataforma (mudandobrasil.com.br). O arquivo também contém as justificativas para propostas que não tenham sido incluídas nas diretrizes. Em geral estes casos tratam de propostas mais específicas que serão tema de debate na próxima fase da elaboração do programa de governo.
Próximos passos
O documento das Diretrizes Programáticas é a base sobre a qual será feito a construção do Programa de Governo da coligação.
Entre os meses de fevereiro e abril será realizado um processo de consulta e construção conjunta envolvendo processo virtual e presencial que contará com 5 Encontros Regionais Temáticos já programados em Porto Alegre (22.02), Rio de Janeiro (15/03), Recife (22.03), Goiânia (12.04) e Manaus (26.04).
O lançamento do Programa de Governo esta previsto para maio de 2014.
Dados para utilizar na publicação
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Portal PSB
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