Por Katherine Rivas, da Envolverde –
Representante da ONU pede que projetos de sustentabilidade não ignorem questões de gênero. Ex-alta comissária faz chamado para que mulheres sejam inclusas em discussões climáticas. Nesta terça-feira (25/07), em evento na cidade de São Paulo, Mary Robinson, ex-alta comissária de Direitos Humanos da ONU, fez um chamado urgente à sociedade internacional para alinhar as questões de gênero com as temáticas de mudanças climáticas e sustentabilidade. Mary ministrou no centro Ruth Cardoso a palestra “Direitos Humanos, Igualdade de Gênero e Desafios Globais” e ressaltou a importância da inclusão da mulher nos projetos de sustentabilidade e meio ambiente. A irlandesa foi a primeira mulher a ser eleita presidente no seu país no período de 1990 a 1997, onde criou políticas públicas em defesa das mulheres. No seu discurso, ela mencionou que desde o início seu objetivo foi motivar elas a trabalhar por mudanças no sistema e afirmou que o empoderamento feminino é necessário nas gerações atuais. Feminismo voltado para ajudar as pessoas. Durante a palestra abordou que a igualdade de gênero é um assunto inerente aos dois sexos e precisa sim existir um engajamento dos homens e meninos para ajudar na construção de uma sociedade mais equilibrada. “Precisamos nos livrar dos estereótipos de menino e menina. Hoje vejo uma vitória nos homens que se aproximam mais dos filhos. O mercado profissional precisa se adaptar também, pois a tarefa do lar é de ambos” expõe. Na visão de Mary, chegou a hora do Brasil rever seu sistema de cotas em cargos públicos porque é importante que exista um equilíbrio verdadeiro nos cargos ocupados por mulheres. A representante da ONU analisa que o país está hiperconectado com as suas regiões, porém o pior mal que o afeta é o comando que o dinheiro ainda tem sobre a responsabilidade social. Para Mary este processo tem início na política. Mulher e mudanças climáticas Mary Robinson não acredita em uma delimitação entre sustentabilidade, meio ambiente e questões de gênero e sim na necessidade de enxergar isso como um todo. Para ela, alterações climáticas estão interligadas com Direitos Humanos. Durante o seu mandato como alta comissária, Mary criou um grupo formado por mulheres para estudar a agenda de mudanças climáticas. “Tentamos todos os dias ganhar espaço na discussão porque consideramos que mulheres têm capacidade forte para se adaptar às mudanças climáticas”, reforça. A irlandesa foi nomeada em 2014, enviada especial para as mudanças climáticas pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki- Moon e encarregada de “mobilizar a energia e vontade política”. Segundo dados do Acordo de Paris sobre o clima as mudanças climáticas hoje representam uma preocupação comum para a humanidade e tem a missão de respeitar, promover e considerar como obrigação os Direitos Humanos das comunidades locais, migrantes e pessoas em estado de vulnerabilidade e incentivar a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres. O objetivo principal do acordo é que até 2020 os países mitiguem as emissões de gases do efeito estufa, limitando o aumento da temperatura global a 1,5°. Mary alerta da necessidade dos países mudarem urgentemente de hábitos e aprender a viver de forma sustentável. Ela avalia que o acordo climático foi um grande avanço, mas não adiantará de nada se os países continuarem sem inserir estas normativas nas próprias legislações. O documento do Acordo de Paris revela que até o ano de 2030 a inserção de políticas climáticas evitaria 94 mil mortes prematuras anualmente por doenças relacionadas à poluição. Evitando a emissão de 8,5 bilhões de toneladas de gases do efeito estufa (equivalente a 2 bilhões de carros menos nas ruas). Crise do sistema internacional “Os governos são ineficientes em lidar com crise econômica, desigualdade e diferenças”. Foi assim que a ex-alta comissária definiu a crise atual do sistema internacional. Mary considera que as pessoas têm medo dos outros, o que se incrementou com os atos terroristas recentes que prejudicaram as questões de migração e refúgio. Durante o evento ela fez uma crítica forte aos países europeus por deixar todo o peso da migração para Alemanha e Suíça e afirmou que é preciso que os outros países do continente se posicionem frente às desigualdades que motivam o refúgio. No caso do Brasil, Mary avaliou a necessidade de se adaptar e aplicar estratégias para as novas tecnologias, sendo fundamental a criação de um sistema de renda básica onde as pessoas possam viver de forma digna com as suas famílias. A irlandesa avalia que o Brasil terá uma demanda maior de produção nos próximos anos assim como aumento do fluxo migratório. A palestrante explica que é preciso criar novas fontes de emprego e fazer a transição de uma economia baseada no petróleo para uma economia sustentável. |
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Fonte: Envolverde
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