Por Malu Gaspar e Mariana Carneiro
Depois de muito insistir, a coordenação de campanha de Jair Bolsonaro finalmente convenceu o presidente da República a permitir que a primeira-dama, Michelle, participe de forma mais ativa do esforço em busca da reeleição.
Aos compromissos ligados à posição de primeira-dama, Michelle vai acrescentar à agenda eventos do governo relacionados às mulheres.
A primeira etapa da nova estratégia será colocar Michelle para viajar pelo Brasil, especialmente pelas regiões Norte e Nordeste, e acompanhando a divulgação de um programa de empreendedorismo para mulheres comandado pela secretária de Produtividade e Competitividade da equipe de Paulo Guedes, Daniella Marques.
Chamado de “Brasil para elas”, o programa dará crédito e capacitação a microempreendedoras, focando sobretudo as mulheres que hoje são atendidas por programas assistenciais do governo, como o Auxílio Brasil.
Michelle é considerada pelo grupo um ativo eleitoral valioso, especialmente porque Bolsonaro tem grande rejeição no eleitorado feminino.
Pesquisas qualitativas feitas pelo PL mostraram que a primeira-dama pode ajudar a suavizar a imagem de Bolsonaro frente às mulheres e, na expressão dos próprios bolsonaristas, mostrar que ele não é “o monstro que se pinta por aí”.
No entorno de Bolsonaro, Michelle também é vista como uma pessoa capaz de se conectar com “a mulher real” das regiões mais carentes e distantes do país, que são ao mesmo tempo o eleitorado que Bolsonaro precisa conquistar e o público-alvo do programa.
A última pesquisa Datafolha indica que diminuir a resistência a Bolsonaro entre as mulheres não é tarefa trivial.
Divulgado na semana passada, o levantamento apurou que Lula vence com ampla vantagem entre as mulheres, com 46% das intenções de voto contra 21% de Bolsonaro. Entre os homens, o cenário é bem diferente. O petista marca 40% e Bolsonaro, 31%.
Essa diferença preocupa muito a coordenação de campanha do presidente, que sempre resistiu a que Michelle aparecesse mais publicamente pelo governo.
As explicações para essa atitude variam conforme o interlocutor. Alguns dizem que Bolsonaro é muito ciumento e não se sente confortável em dar protagonismo à primeira-dama. Outros, que ele não quer “forçar a barra” impondo a presença de Michelle nos eventos.
Seja como for, a resistência está sendo vencida. Um exemplo, segundo aliados próximos de Bolsonaro, foi a participação de Michelle no evento de lançamento da candidatura, no domingo em Brasília.
Diferente do que costumava fazer nesses eventos políticos, Michelle ficou em posição de destaque no palco e discursou brevemente.
Michelle também representou Bolsonaro no evento de filiação dos ministros Tarcísio de Freitas e Damares Alves ao Republicanos, na segunda-feira.
Fonte: O Globo