O Instituto Patrícia Galvão parabeniza os seis projetos vencedores do concurso de vídeos de 1 minuto “A mulher brasileira quer se ver na TV”. O trabalho da Comissão Julgadora (veja abaixo a composição) foi concluído no último dia 31 de março e neste período a organização recebeu os comprovantes de direitos autorais e outros documentos exigidos para garantir a classificação, conforme o regulamento. Ao todo foram inscritas 20 produções de diversos estados do país.
Os seis vídeos premiados são:
1º LUGAR: A Propaganda
Produção e realização: Vanguarda Audiovisual – Curitiba/PR
2º LUGAR: O reflexo
Produção e realização: Amanda Curvelo, Daniel Faustino Cruz, Nathália Escudero, Paulo Montenegro e Victor Reis – Santos/SP
3º LUGAR: Mulheres Negras: Por uma representação mais digna
Produção e realização: Griô Produções – São Paulo/SP
Menção honrosa: Você sabe que…
Produção e realização: Hellen Andréia da Silva Bizerra e Karina Chichanoski – Ponta Grossa/PR
Menção honrosa: Mulher de verdade
Produção e realização: Daniela Perim, Edney Alves, Fabiana Lugli, Júlia Ramos, Karina Spinelli, Kelly Cristina Spinelli e Vera Vasques – São Paulo/SP
Menção honrosa: Quem eu quero ver
Produção e realização: Ellen da Silva, Mariana Poncio de Lima e elenco – Curitiba/PR
As três primeiras equipes receberão, respectivamente, prêmios de R$ 5 mil, R$ 3 mil e R$ 2 mil. Os demais receberão R$ 1,5 mil por projeto selecionado para a categoria de menção honrosa.
A diretoria do Instituto Patrícia Galvão destaca que, embora não tenha sido possível premiar todos os projetos inscritos, a qualidade do material recebido superou as expectativas e dá ânimo para a promoção de novas edições do concurso, realizado pela primeira vez no Brasil como iniciativa de uma organização da sociedade civil voltada à promoção dos direitos das mulheres.
Contribuição ao debate
Para Jacira Melo, diretora executiva do Instituto, “as produções inscritas no concurso revelam uma densa compreensão sobre o descompasso entre a publicidade e as consumidoras, que não se veem na propaganda. Nos surpreendeu positivamente a qualidade técnica e narrativa com que as equipes abordaram os estereótipos a partir dos quais as mulheres brasileiras são representada na publicidade. O Instituto Patrícia Galvão considera que o conjunto de vídeos produzidos pode ser uma contribuição significativa junto às novas gerações. Se algumas vezes o discurso crítico feminista sobre a ‘mulher símbolo sexual’, a ‘mulher ilusão’ não conseguem sensibilizar, o formato ágil, dinâmico e acessível dessas produções tem potencial de ultrapassar barreiras.”
A cientista social e diretora de pesquisas do Instituto Data Popular, Maíra Saruê Machado, que coordenou o estudo “Representação das mulheres nas propagandas de TV” e integrou a Comissão Julgadora, destaca que “as mulheres que aparecem cotidianamente na televisão para milhões de brasileiras e brasileiros não retratam as mulheres da vida real. Raça/cor, idade, peso, cabelos, cor dos olhos… são diversos os aspectos que as diferenciam. A população brasileira concorda com isso e gostaria de ter sua diversidade representada nas propagandas de TV, revela o estudo que embasou o concurso. Iniciativa excelente, que contribuiu muito para ilustrar essa constatação, somando novos olhares à reflexão. A maior parte dos vídeos recebidos para julgamento tinha como base uma reflexão muito pertinente sobre essa questão, muitos inclusive indo além da não representação e ilustrando os efeitos negativos que isso pode trazer para a vida daquelas que não se sentem representadas. Parabéns ao Instituto Patrícia Galvão pela iniciativa do concurso, que repercute ainda mais os resultados do estudo, e parabéns aos participantes pela produção e pelas diversas leituras tão pertinentes ao tema”.
Apropriação e reflexão
A jornalista e coordenadora do Intervozes, Bia Barbosa, também falou sobre sua avaliação dos trabalhos e do concurso. “A iniciativa do Instituto Patrícia Galvão em organizar um concurso como este traz uma grande contribuição ao debate público sobre a representação das mulheres na publicidade e no conteúdo televisivo em geral. Por duas razões principais. A primeira é que um concurso de vídeos incentiva a apropriação da produção audiovisual pelas mulheres, multiplicando as possibilidades de termos, cada vez mais, mulheres produzindo conteúdos sobre este tema e disputando ideias e valores através da prática audiovisual. Em segundo, e mais importante, seu resultado amplia os vídeos sobre esta questão em circulação no país, o que, por si só, já permite que mais pessoas sejam alcançadas por esta mensagem e, assim, passem a refletir sobre a condição das mulheres (ou sua própria condição) nos meios de comunicação em massa”.
Para Nilza Iraci, também integrante da Comissão Julgadora e referência do movimento feminista negro, “a exclusão, o não ser, a invisibilidade, o que está por trás, o não dito. Tudo isso registrado em um minuto por lentes inquietas, criativas, sensíveis produziram resultados surpreendentes, que tivemos o privilégio de assistir em primeira mão. Foi um grande aprendizado. Difícil escolher, pois cada um, cada uma, no seu minuto, revelou a dimensão de como temos estado ocultas, banalizadas, violadas por uma sociedade midiática onde o Senhor Consumo é deus. Esse concurso demonstrou que é necessário cada vez mais oportunidades para a expressão das ousadias. Que venham muitos outros, e muitos outros talentos sejam revelados. Parabéns a todos e todas”.
Comissão Julgadora do concurso ‘A mulher brasileira quer se ver nas propagandas na TV’
Bia Barbosa – jornalista, mestre em gestão e políticas públicas, integrante da coordenação do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social e do Conselho Deliberativo do Instituto Patrícia Galvão. É coautora dos livros A Sociedade Ocupa a TV – o caso Direitos de Resposta e o controle público da mídia (Intervozes) e A quem pertence o corpo da mulher (Departamento de Jornalismo da PUC-SP e Repórter Brasil).
Laurindo Lalo Leal Filho – sociólogo e jornalista, professor na ECA-USP e apresentador do programa ‘VerTV’ na TV Brasil. É autor, entre outros títulos, de A TV sob Controle: A resposta da sociedade ao poder da televisão (Summus Editorial).
Leonardo Sakamoto – jornalista e doutor em Ciência Política, professor na PUC-SP, coordenador da ONG Repórter Brasil e autor do Blog do Sakamoto.
Maíra Saruê Machado – cientista social e mestre em Sociologia pela USP, é diretora de pesquisa do Instituto Data Popular.
Nilza Iraci – especialista em Comunicação Social pela UnB, presidenta do Geledés – Instituto da Mulher Negra, coordenadora da Articulação de ONGs de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), integrante do Conselho Deliberativo do Instituto Patrícia Galvão e do Conselho Consultivo do Observatório de Gênero da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República.
Rachel Moreno – psicóloga, especialista em sexualidade humana, diretora do Instituto Opinião, coordenadora do site Observatório da Mulher, autora dos livros A Beleza Impossível – Mídia, Mulher e Consumo (Editora Ágora) e A imagem da mulher na mídia (Publisher Brasil).
Ricardo Alexino Ferreira –jornalista, mestre e doutor em Ciências da Comunicação, professor da ECA-USP, líder do Grupo de Pesquisa Midialogia Científica e Especializada (certificado pelo Diretório de Grupos do CNPq), coordenador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares do Negro Brasileiro da Universidade de São Paulo (NEINB-USP).
Rita Freire– jornalista, pós-graduada em Política Internacional, editora e gestora da Ciranda Internacional de Comunicação Compartilhada, dirigente da Associação Internacional de Comunicação Compartilhada (Compas), integrante do Fórum Mundial de Mídia Livre e do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial.