Ministra dos Povos Originários classificou como ‘gravíssimo’ o projeto que altera a demarcação de terras indígenas, em pauta na Câmara
A ministra dos Povos Originários, Sônia Guajajara, afirmou que o Congresso Nacional “destila racismo” contra os povos indígenas ao impor derrotas ao governo, em relação ao tema.
Em entrevista à Globo News, neste domingo, ela disse que as votações são respostas “de cunho político” ao Planalto, mas também de “combate à participação de mulheres nesses espaços”.
“É também um racismo. Não é somente contra pessoas negras, também acontece todos os dias com indígenas. Então eu diria que sim, é um Congresso que destila o seu racismo, o seu machismo e também toda essa raiva contrária ao governo Lula”, disse.
Na semana passada, a Câmara aprovou o regime de urgência para um projeto de lei que institui o marco temporal e dificulta a demarcação de terras indígenas. A expectativa é que o texto vá à votação pelo plenário nesta semana.
“É um PL gravíssimo que paralisa a demarcação de terras indígenas, colabora para emissões de carbono e não contribui em nada para o que de fato precisamos fazer, que é reduzir as emissões e controlar as mudanças climáticas”, afirmou a ministra.
Outra derrota imposta pelo Legislativo a Sônia Guajajara foi a transferência, para o Ministério da Justiça e Segurança Pública, da atribuição de demarcar terras indígenas.
A ministra admitiu que, caso a mudança se concretize nas votações em plenário, é um enfraquecimento de sua pasta, mas relativizou os danos da proposta ao governo.
“Não há perdas danosas nesse sentido, porque o presidente Lula garantiu que o que está da parte dele, está garantido, vai se cumprir, que é destravar e garantir as assinaturas das terras indígenas. As atribuições ficam diminuídas, mas vamos trabalhar em conjunto com Ministério da Justiça”.