A presidente Dilma Rousseff comete um crime contra a população brasileira ao fazer explodir a dívida pública e aumentar os juros, afirmou nesta terça-feira (29) o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira. Na avaliação do dirigente, o eleitorado dará um recado contundente nas eleições municipais do ano que vem em resposta à condução errática da economia do País.
“A política que a presidente Dilma Rousseff faz é sugar dinheiro do contribuinte para pagar juros da divida pública e fazer explodir essa dívida. E isso é um crime contra o país e contra sua população, que nós estejamos com uma carga tributária tão grande e com serviços públicos de quinta categoria, quando funcionam”, disse Carlos Siqueira, em entrevista ao site do PSB. O dirigente ressaltou que, ao contrário do atual governo, o PSB está comprometido com a valorização do trabalho e da indústria nacional, que tem registrado queda na produção e prevê uma retração de 4,5% em 2016, conforme dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI). “É a partir daí, da valorização da produção, da recuperação da indústria nacional e da criação de postos de trabalho que se reflete uma política comprometida com os interesses do país e de sua população, especialmente a população trabalhadora, mas também os empresários e as outras classes sociais que vem sofrendo indistintamente com essa crise criada pelo governo Dilma Rousseff.” O socialista considera que a economia só poderá melhorar em 2016 se houver acerto também no campo político, que sofre interferência da Operação Lava Jato e de um pedido de impeachment que tramita na Câmara dos Deputados. Leia a entrevista: Crise econômica O ano de 2015 termina com um rombo recorde nas contas do governo, com déficit estimado em R$ 120 bilhões, inflação bem acima da meta estabelecida e desemprego elevado. Na sua avaliação, o que levou o Brasil a esse cenário? Neste momento, a crise, de certa maneira, superou negativamente as nossas expectativas porque ela é muito mais profunda do que naquele momento se podia prever, e reflete claro não apenas erros graves na condução da política econômica como na condução política, na relação com sua própria base e com partidos de oposição. O saldo deste ano é extremamente negativo. Já são 9 milhões de desempregados, com uma perda de mais de 1 milhão de vagas com carteira assinada só nos últimos 12 meses. Um rombo nas contas públicas fenomenal, um evidente desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal que foi apontado claramente e inquestionavelmente pelo Tribunal de Contas. Tanto é verdade que esse desrespeito à Lei de Responsabilidade Fiscal ocorreu que o próprio governo está fazendo agora o pagamento das “pedaladas fiscais”, claro, assumindo, obviamente, que não respeitou a Lei de Responsabilidade Fiscal e criando rombo monumental que vai ter muitos reflexos negativos nos próximos anos para as contas públicas do país. Quais as perspectivas para 2016? A economia pode melhorar? Hoje temos uma carga tributária altíssima, entre 35% e 36%, e vamos pagar mais de R$ 500 bilhões de juros no ano. A política que a presidente Dilma Rousseff faz é de sugar dinheiro do contribuinte para pagar juros de divida pública e fazer explodir essa dívida pública. E isso é um crime contra o país e contra sua população: que nós estejamos com uma carga tributária tão grande e com serviços públicos de quinta categoria, quando funcionam. E, ao mesmo tempo, carreando essa sangria para o sistema financeiro anualmente, que volta um grande percentual do orçamento para o pagamento de juros. Isso não são os banqueiros que são os culpados. Na verdade, para os banqueiros quanto mais lucro melhor para eles. O culpado é o próprio governo, que conduziu de maneira errática a economia, com uma visão atrasada da política econômica e que causa um prejuízo tamanho ao país. É um crime que o governo comete ao país de elevar de maneira tão desmesurada os juros e fazer com que o serviço da dívida custe tanto à população brasileira. Quando não se atende adequadamente na saúde, na educação, é porque os recursos estão sendo carreados dos impostos da população para outros setores. A presidente precisa ser responsabilizada politicamente por esse crime, porque ela é a principal responsável por essa política que está em curso e que, me parece, pretende aprofundá-la. E isso não vai ficar impune. O eleitorado brasileiro vai saber dar seu recado no momento mais oportuno, que é na eleição de 2016. Além da explosão da dívida pública e de sustentar o serviço da dívida, há outra coisa muito grave para 2016 que é uma crise social encomendada. Mais de 1,2 milhão de desempregados que estão recebendo seguro-desemprego e que daqui a alguns meses muitos deles não terá o benefício. O que vão fazer essas pessoas? A crise tende a se transformar em uma grave crise social, para a qual é preciso se adotar políticas de proteção a essas pessoas. Como o PSB se posiciona diante da crise econômica que o Brasil atravessa? Como o senhor acha que o partido pode contribuir? Crise política Em meio a uma crise econômica, o Congresso Nacional volta suas atenções para o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Qual sua opinião sobre esse processo? Mas nós do PSB nunca levantamos a bandeira do impeachment como uma bandeira do partido. Nós sabemos que o impeachment é legítimo, é legal, é constitucional, contudo é necessário deixarmos claro que ele não nasce no partido, nem nasce no Congresso, ele nasce nas ruas. Se os diferentes setores sociais que compõem a sociedade brasileira não tiverem certo consenso para que ele ocorra, ele não vai ocorrer. Ele vai ocorrer se houver realmente esse consenso nacional. Não sei se chegaremos a isso. Porque se a crise continua, tanto a crise política, quanto a crise econômica, quando a crise federativa, que também é muito grave. Os estados e municípios estão em situação dramática, vivendo situações muito graves, inclusive em decorrência de erros na política econômica. Quais erros? O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, admitiu o impeachment enquanto enfrenta uma representação no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar. O senhor acha que ele tem condições de dar andamento a um processo de afastamento da presidente da República? Eleições 2016 A crise política, agravada pela abertura de processo de impeachment e pelas investigações da Operação Lava Jato, que atingem os presidentes da Câmara e do Senado, vão interferir de que forma nas eleições municipais de 2016? Acredito que a própria crise política e a econômica serão afetadas pelos resultados da Operação Lava Jato, que, conforme dizem, ainda há muita coisa a ser descoberta. É outro processo que não podemos deixar de lamentar, que o sistema político brasileiro está carcomido por uma situação de crise ética bastante profunda. Embora as denúncias mais graves estejam praticamente com partidos da base do governo, de maneira geral ela atinge quase todos os partidos, o que revela uma crise maior do que apenas do governo, mas do sistema político, partidário e eleitoral. Em boa hora as contribuições de doações empresariais foram barradas, o que foi uma das medidas mais salutares que aconteceu, porque certamente vai diminuir o abuso do poder econômico e a interferência sobre o eleitorado do País. As eleições do ano que vem certamente serão afetadas por esse conjunto de fatos negativos. Suponho que, sobretudo nas grandes cidades, o partido que conduz o governo terá muita dificuldade de eleger seus candidatos, creio que em algumas até em ter candidatos. As populações urbanas são mais críticas, têm demonstrado muito claramente a insatisfação com o governo. Acho que isso é um bom recado que o eleitorado deve dar ao governo do PT: não sufragar os candidatos desses partidos que apoiam o governo. Acho que o eleitor brasileiro gosta de mandar um recado contundente, sobretudo das grandes cidades e das cidades polo, para que o governo entenda que não pode continuar nessa rota de privilegiar o sistema financeiro, de fazer o país ter um retrocesso muito grande do ponto de vista político e econômico e para mostrar a toda a classe política de que é necessário que acordem e saibam que a paciência da população tem limites, e que é preciso mudar a política, é preciso mudar a forma de governar e valorizar a opinião pública e fazer com que o sistema político tenha uma participação mais efetiva do eleitorado. Como o PSB tem se preparado para encarar a eleição municipal do ano que vem? Temos 443 prefeitos, deveremos ampliar esse número e reeleger nossos candidatos em grande parte. Gosto de lembrar que em 2012 fomos o partido com maior média de reeleição, enquanto a média nacional foi 55%, tivemos 73,8%. Espero que isso possa se repetir. Qual será a plataforma que os candidatos vão defender na campanha?
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Fonte: PSB Nacional 40
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