“Não deixe para denunciar amanhã quem te agride hoje”. Essa é a frase que estampa a campanha lançada hoje (8) pela Divisão de Polícia de Atendimento à Mulher (Dpam) do Rio de Janeiro para encorajar mulheres vítimas de violência doméstica a denunciar seus agressores. A ação marca os dez anos da Dpam e os oito anos da Lei Maria da Penha, que aumenta a punição de homens agressores, cuja data de sanção foi comemorada ontem.
A diretora da Dpam, delegada Márcia Noeli, informou que as 13 delegacias de atendimento à mulher existentes no estado registram em média 40 mil ocorrências por ano. Segundo ela, as mulheres estão denunciando mais, incentivadas, sobretudo, pelas campanhas e leis mais rígidas. Entretanto, muitas ainda têm medo do preconceito e de sofrerem mais violência, caso denunciem os agressores. “Sabemos que essa violência começa com xingamentos, ameaças, e muitas mulheres não querem ir à delegacia, porque são dependentes muitas vezes economicamente, muitas vezes emocionalmente. Por causa da cultura, a mulher se sente culpada, acha que apanhou porque fez algo errado. Por causa da cultura, a mulher acha que tem que salvar o casamento”, comentou ela. “Se a mulher for xingada, ameaçada, deve ir à delegacia, registrar, pois a tendência é só piorar. Começa com a ameaça, depois vem a lesão corporal e, por último, o homicídio, se a mulher não denunciar”, alertou. Cartazes, filipetas e banners da campanha estão sendo distribuídos e afixados nas delegacias, hospitais estaduais e municipais, além de organizações não governamentais, e fazem parte da rede protetiva. O Dossiê Mulher 2013, do Instituto de Segurança Pública (ISP) da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, revelou que as mulheres foram as principais vítimas de violência no Rio em 2012. As mulheres representaram 65,3% das vítimas por lesões corporais dolosas (58 mil casos de agressão física), sendo que 55% sofreram violência em casa ou de parentes. Também em 2012, foram registrados cerca de 5 mil estupros de mulheres, 82,8% do total, e 22% dos casos estão ligados à violência familiar e/ou doméstica. Flavia Villela – Repórter da Agência Brasil |
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Fonte: Agência Brasil
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