Vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima desde 2015, a cientista Thelma Krug é pesquisadora aposentada do Inpe
O governo brasileiro apresentou, nesta segunda-feira (10/4), a candidatura da pesquisadora Thelma Krug à presidência do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC). Se eleita, a cientista irá comandar o órgão entre o ciclo de 2023 a 2028 e será a primeira mulher à frente da organização.
A indicação de Thelma Krug aconteceu por meio de uma nota conjunta entre os ministérios das Relações Exteriores; Meio Ambiente; Ciência, Tecnologia e Inovação; Minas e Energia; e Agricultura.
O IPCC é um órgão das Nações Unidas responsável pela elaboração de um relatório composto por um mapeamento do atual cenário científico, técnico e socioeconômico da mudança do clima. Além disso, apresenta quais são os impactos e riscos caso não haja uma alteração no cenário das emissões de gases de efeito estufa.
“O papel do IPCC é fazer uma avaliação de toda uma literatura global, transparente, completa, relacionada às mudanças do clima. A questão dos impactos, vulnerabilidades e mitigação climática”, declarou Thelma Krug ao Metrópoles.
Thelma Krug
Thelma Krug é graduada em matemática pela Roosevelt University, em Chicago, nos Estados Unidos, e tem doutorado em estatística espacial pela University of Sheffield, na Inglaterra. A cientista possui um vasto conhecimento na análise das mudanças climáticas e construiu a sua carreira como pesquisadora titular no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
No governo brasileiro, Krug atuou como secretária do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), de 2001 a 2003, e no Ministério do Meio Ambiente (MMA), de 2007 a 2008, onde também ocupou cargo de diretora, de 2016 a 2017.
“Desde o estabelecimento do IPCC nunca houve a nomeação de uma mulher para uma vaga tão alta, como presidente. Até você ter a participação ativa de mulheres levou um bom tempo, apenas em 2015 tivemos a participação ativa das mulheres no IPCC”, afirmou a pesquisadora.
Thelma Krug destaca que nunca sofreu discriminação no painel em decorrência do seu gênero ou sua nacionalidade, mas destaca a importância da participação feminina no órgão. O IPCC é composto por pesquisadores de diversas partes do mundo.
“Essa diversidade que pode existir, geográfica também, esses autores estão sendo incluídos de forma justa e eles tem esse sentimento de pertencimento”, ressalta Thelma Krug.