A premiê da Austrália, Julia Gillard, pediu ontem desculpas oficiais por políticas de governo que, do fim da Segunda Guerra (1939-45) até o início dos anos 70, forçaram milhares de mães solteiras no país a entregar seus bebês para serem adotados por casais. “Hoje este Parlamento, em nome do povo australiano, assume a responsabilidade e pede perdão pelas políticas e práticas que forçaram a separação de mães e filhos, resultando num legado permanente de dor e sofrimento”, discursou Gillard na sede do Legislativo, em Canberra. “Lamentamos as práticas vergonhosas que negaram às mães o direito e a responsabilidade fundamentais de amar seus filhos e cuidar deles”, acrescentou a premiê, que foi aplaudida de pé por mais de 800 vítimas das políticas de adoção forçada. O pedido de desculpas foi recomendado no ano passado pelo comitê do Senado australiano que investigou o caso. Essa investigação começou em 2010, depois de o Legislativo da Austrália Ocidental, um dos seis Estados em que o país se divide, pedir perdão às vítimas da prática. Apesar de a adoção na Austrália ser regulada por leis estaduais, o relatório dos senadores apontou falhas do governo federal em fornecer a parte das mães solteiras os benefícios a que fariam jus. Embora não tenha chegado a um número definitivo do total de adoções forçadas nesse período, o comitê as estimou em milhares, e a Catholic Health Australia, organização que responde por 10% dos leitos hospitalares do país, admitiu que a prática era “lamentavelmente comum”. O governo da primeira-ministra Gillard destinou US$ 5 milhões a um programa que visa dar apoio às famílias afetadas e ajudar a reunir mães biológicas e seus filhos. |
Fonte: Folha de São Paulo
|