A Associação das Mulheres Diplomatas do Brasil (AMDB) afirma que as ações do Itamaraty para construção de paridade de gênero têm ficado aquém das metas que elas têm demandado internamente e publicamente.
O Painel mostrou que diplomatas do sexo feminino responderam por 40% das promoções a ministro de primeira classe, topo da carreira e onde se situam os embaixadores, na última rodada de progressões do Itamaraty. A proporção geral de mulheres na instituição é de 23% atualmente.
A AMDB ressalta que a percentagem alcançada no processo como um todo foi de 28,57%, e que na carreira imediatamente inferior a das embaixadores, apenas uma mulher foi escolhida para onze vagas (9%).
“Havia pelo menos três mulheres aptas à promoção nessa classe, que foram preteridas”, afirma a associação, acrescentando que “os percentuais de promoção de mulheres precisam ser substancialmente maiores a fim de produzir impacto real no médio prazo.”
Levantamento publicado pela Folha em agosto mostrou que apenas 34 dos 213 postos diplomáticos do Brasil espalhados pelo mundo atualmente são chefiados por mulheres (16%), enquanto os outros 179 têm homens no comando (84%).
Quando consideradas especificamente as embaixadas, só 18 das 133 estão sob liderança feminina (13,5%).
Na atual gestão do Itamaraty, a expectativa é a de que 23 embaixadas estejam sob liderança feminina até o final de 2023, e que 39 dos 213 postos diplomáticos do Brasil distribuídos pelo mundo passem a ser chefiados por mulheres.
Sobre os ciclos de promoções, a avaliação é a de que a relação entre os números de candidatas elegíveis e promovidas mostra a preocupação com o tema. O fato de que de 59 candidatas elegíveis, 17 receberam promoções no último ciclo, ou seja, 28,8%, seria ilustrativo. No caso dos homens, 42 foram contemplados e 211 estavam elegíveis, uma taxa de êxito de 19,9%.
Em seu discurso de posse, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reconheceu a “sub-representação crônica” e anunciou uma política de diversidade no Itamaraty.