Nos últimos cinco anos, Anielle Franco trilhou um caminho tortuoso, que a desafiou em águas de luto, raiva, fé e sobrevida. O legado da irmã morta a levou para novos sonhos. Hoje, À frente do Ministério da Igualdade Racial, representa as bandeiras de Marielle e vai expressando a própria identidade: a de uma ministra jovem, com histórico de atleta, amante da sala de aula e dos livros, que se encontra na maternidade e não abaixa o turbante nem esconde o decote
O coração no meio do peito. A videochamada começa e não é o rosto de Anielle Franco que primeiro se mostra, mas o decote precisamente desenhado em seu vestido multicolorido justíssimo. Depois de ouvir um elogio, a ministra da Igualdade Racial explica que a roupa – “fora do decoro” para uma mulher em sua posição – foi escolhida a dedo por ela e sua stylist para as fotos desta entrevista: “O recado é que não vou mudar para caber na política, a política é que tem que mudar para que a gente caiba nela.”
Podia ser apenas por estética – como se pudesse a estética ser só um “apenas” –, mas Anielle Franco tem motivos e mensagens de sobra para pavonear na Esplanada dos Ministérios. Antes de mais nada, faz questão de comunicar a identidade, origem e alegria de viver que a trouxe até aqui. Depois, está cansada de saber que mulheres na política, e ainda mais em cargos de poder e decisão, são diariamente subjugadas e violentadas apenas por serem mulheres. O que inclui ouvirem todo tipo de comentário, e especialmente os não solicitados, sobre o que vestem.
Portanto, todo dia quando encara o guarda-roupa para escolher o traje para o expediente no ministério, nunca o faz sem pensar. “Tudo: meu cabelo, meu batom, meu vestido, tudo é político”, afirma.
Escolhida pelo presidente Lula para retomar os trabalhos da Pasta de Igualdade Racial, que havia sido extinta em 2016 sob a gestão de Michel Temer, a ministra fala a Marie Claire sobre a experiência de atuar na política institucional, algo que há cinco anos nem sequer aparecia em seu horizonte.
Anielle se preparava para uma sonhada carreira acadêmica quando, em março de 2018, o assassinato da irmã mais velha, a vereadora carioca Marielle Franco, enveredou os caminhos de toda a família. Vieram então a dor, a raiva (e muita raiva), um luto que nunca foi embora, a luta, o Instituto Marielle Franco – voltado a preservar a memória de Marielle e desenvolver projetos com mulheres negras, LGBTQIAP+ e periféricas –, o orgulho da força do legado da irmã morta e a descoberta de que a vida nunca mais seria a mesma. “Não caí de paraquedas aqui. Óbvio que tem toda uma história porque infelizmente mataram a Mari. Mas o que significou a forma como a família respondeu a isso? Não dá para apagar nem uma coisa nem outra”, pondera.
Aqui, Anielle ainda responde sobre a educação política na qual cresceu; conta da influência dos avós e da mãe nisso; comenta a demissão de Ana Moser da Pasta do Esporte; diz de seu amor pelas letras e pelo vôlei, da esperança sobre o desfecho dos assassinatos de Marielle e seu motorista, Anderson, e da vontade de marcar este governo com seus valores e a herança da qual tanto se orgulha.
MARIE CLAIRE: Ministra, começando pela minirreforma ministerial, que terminou com a demissão de Ana Moser. Como vê essa demissão?
ANIELLE FRANCO: Sou extremamente ligada ao esporte, e jogadora de bola desde os 8 anos. É meu vício. Cresci vendo Ana Moser ter o melhor saque da história. Senti muito, lhe confesso, mas infelizmente não é escolha minha, é do presidente. A gente estava desde fevereiro fazendo o programa Esporte Sem Racismo, então, para além de sentir a falta dela enquanto pessoa, sentirei enquanto parceira neste governo. Enfim, sinto por ser a Ana, mas respeito a posição do presidente. Espero que o ministro que entrou encaminhe os projetos que estavam sendo tocados. A gente vai se colocar à disposição para construir, tendo em vista que o governo dê certo como um todo.
MC: A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, nos disse, na ocasião da demissão de Ana Moser, que governabilidade no Brasil é essencial para qualquer presidente e que o jogo político, infelizmente, precisa acontecer. Concorda?
AF: Desde quando a Mari [a irmã] entrou, tento entender esse jogo no que envolve o peso da decisão. Às vezes você precisa mexer aqui, ali, ceder um pouco, às vezes bola parada também ganha jogo. Entendo que o presidente sabe exatamente o que está fazendo – e estamos falando de um dos maiores líderes políticos deste país, sei que seja lá qual for a decisão dele, é sempre em prol da melhoria de uma governabilidade, mas também do país. A Luciana tem razão no que traz.
MC: Como a política começa a se apresentar na sua vida e qual é o papel do PT nessa descoberta?
AF: A política se apresenta desde que eu era muito nova. Meus pais sempre foram engajados politicamente. A minha avó materna, Filomena, fazia reuniões na ditadura para pensar como as mulheres podiam dominar o mundo lá em João Pessoa. E, aí, vem a Mari. Mas, antes, a minha mãe batia muito em algumas teclas conosco. Do tipo: vocês têm que estudar, porque já nasceram faveladas, pretas, então têm que estudar. Vim a ser aluna do[Marcelo] Freixo no ensino médio, e um pouquinho antes a Mari já fazia parte de alguns grupos, tanto na Maré quanto em relação à mulher negra favelada. A gente também fez muita campanha para o primeiro mandato do Lula – lembro que foi uma das vezes em que a minha mãe ficou danada com a gente, porque a gente chegou tarde e estava em campanha para ele na Praça 15 [Centro do Rio de Janeiro].
Eu tinha uns 15 anos. Me lembro de a gente pegar o 355, que era o ônibus que ia do Centro ao Bom Sucesso, com bandeira do PT. Meus pais sempre foram lulistas. O meu avô paterno se arrumava para ir votar no Lula. No penúltimo mandato do presidente, estava internado e fugiu do hospital para votar no Lula, além de fazer meu pai levar uma roupa bem bonita para usar. Foi uma pena que meu avô não estava vivo para me ver ministra; ele teria tido um treco.
MC: Qual é o nome dele? O que fazia?
AF: Francisco Salvador da Silva. Ele tinha uma tendinha que vendia bala, cerveja, refrigerante; foi um dos primeiros na Maré, o quinto morador a chegar. Ele sempre foi profundamente engajado, tanto ele quanto minha avó Rosalina. Minha avó não estudou, era uma mulher negra analfabeta que trabalhava vendendo na tendinha com meu avô. Os pais da minha mãe, Filomena e José, também foram engajados no Nordeste. E o amor com o PT vem desse histórico. Não sou filiada, não descarto a possibilidade nunca, sempre falo para os amigos que, quando o Lula disser para eu me filiar, me filio.
MC: E, quanto aos seus pais, como continuaram esse engajamento? Qual foi o papel de sua mãe, quem você tanto cita em entrevistas, na sua educação política?
AF: A minha mãe é advogada de formação, mas deu aula, trabalhou como doméstica, como vendedora de sacolé, vendedora de sapato. Era ligada à militância dos direitos humanos. E atenta a tudo, atenta à hora que a gente saía, para onde a gente ia, a roupa que usava, o que estudava, o que não estudava. Tanto que quando fui morar nos Estados Unidos – estava com 17 anos – e falei, ai mãe, estou assustada, ela disse: “Confio na minha criação”.
E acho que o outro ponto foi a fé que herdamos dela. A gente cresceu apegada à Nossa Senhora de Aparecida. A gente é aquela católica macumbeira. Mas, assim, no sentido de que a gente respeita todas as religiões e cultua o que deixa a gente mais confortável. Tenho uma mãe de santo que cuida de mim.
MC: Há uma história de que, quando a senhora foi para os Estados Unidos jogar vôlei, teve um importante encontro com a pauta dos direitos humanos. Como foi isso?
AF: Foi aí que me identifiquei enquanto defensora dos direitos humanos. Em paralelo com o vôlei, entrei para trabalhar numa penitenciária para ser tradutora de imigrantes ilegais que iam do Brasil para os Estados Unidos. E comecei a entender o porquê de as pessoas largarem o país, mesmo que ilegalmente. Tive contato com a National Association of Black Journalists, que sou membro até hoje. E aí também me apaixono pela linguística, que é onde faço doutorado hoje. Então, eu estava só no lugar certo, com a família certa, com muitos sonhos dentro de mim. Eu tinha o sonho de ser jogadora. E o de ser professora, que venho a realizar depois.
MC: Porque a senhora começa a fazer Letras, certo? Qual é a importância da academia na sua identidade?
AF: Isso. Faço Letras. Faço inglês e jornalismo nos Estados Unidos, tanto a faculdade quanto o mestrado. Aí volto para o Brasil para fazer o reconhecimento e faço inglês, literatura e português. Mais tarde, a Mari me fala do mestrado em relações étnico-raciais, porque ela também queria ter feito. Só que ela estava terminando o mestrado em administração pública e não ia conseguir. Anos depois, em 2019, entro para esse mestrado que ela sugeriu, escrevendo já sobre o Instituto [Marielle Franco] e sobre ela. Para você ter uma ideia, estou dando aula no mestrado aqui em Brasília, em administração pública, minha aula é Tópicos Especiais com Marcadores de Gênero e Raça em Políticas Públicas. Amo a sala de aula, é onde me encontro.
MC: Essa mãe de santo que lhe acompanha: pode falar mais sobre ela? Ela está em Brasília?
AF: Não, é do Rio, a mãe Leira. E tenho um padre, que é o Gegê, do Rio também, que é um padre negro, ativista, que também me acompanha. Mas paralelo à Leira tem a minha tia Lisete, que também é outra mãe de santo importante. Sempre morei próximo a terreiros. E, todo batuque que ouvia, me dava vontade de ir.
Quando mataram a minha irmã, muitas mães de santo se aproximaram da nossa família também. Para cuidar, para falar de ancestralidade, para dizer que Mari estava presente de uma maneira ou de outra. Fiquei com muita raiva quando perdi minha irmã. Senti ódio. E me fechei por um tempo.
Mas voltando, aqui no ministério, por exemplo, às sextas-feiras usamos branco. Olham torto, claro. Mas se entra um padre, ninguém reclama. Se tem uma pessoa com a Bíblia debaixo do braço, ninguém reclama. Criamos um programa chamado Abre Caminhos e estamos rodando o país para discutir intolerância religiosa.
MC: Sobre a raiva que sentiu com o assassinato de Marielle: como a usou? Ela ainda existe? E como lidou para que não te fizesse mal?
AF: Tenho raiva ainda, mas hoje não me domina como dominou quando mataram ela. Peguei um pouco do meu histórico de atleta, juntamente com a terapia, com o meu vôlei, com a parte espiritual e a família, que é o principal de todos – essa foi a receita para a raiva não acabar comigo. Também tive raiva das pessoas que falavam mal dela, que usavam o nome dela de qualquer maneira, mesmo sem a terem conhecido. Tive raiva de ter sido ela a pessoa assassinada. Raiva de ter a vida exposta em meio ao luto. Tive raiva de tudo.
E só comecei a cuidar de mim porque já tinha a Mariah. Precisava estar ali pela minha filha [atualmente, Mariah tem 7 anos e a mais nova, Eloah, 3]. Depois, consegui cuidar dos meus pais e da minha sobrinha. As pessoas estavam atacando a minha mãe, mandando foto da Mari de cabeça aberta. Virei noites xingando gente na internet. No mestrado, conheci Audre Lorde. E o livro dela, Irmã Outsider, que tem um capítulo só sobre raiva, virou meu motor de vida.
Então, fui escrever, a escrita foi a minha válvula de escape. Foquei a minha raiva onde precisava focar. Entendi que não podia controlar o que as pessoas falavam da Mari. As pessoas iam falar mal da Marielle. Iam questionar: “Ah, mas você só está no ministério porque é irmã da Marielle”.
Hoje, jogo na cara deles o meu currículo. Eu não caí de paraquedas aqui. Depois, não vou mudar para caber na política, a política é que tem que mudar para que a gente caiba nela como a gente é. Me recuso a mudar quem sou, ou me transformar porque estou ministra.
MC: Sobre isso de tentarem te encaixar, do que está falando?
AF: De rotular todas as mulheres que entram na política. Existe ainda muita misoginia, muito preconceito de quando as mulheres chegam lá, principalmente mulheres negras em postos de liderança. Por eu ser mais encorpada, não posso, por exemplo, usar a roupa que eu quiser. Este vestido aqui, amo este vestido, mas se chego com esse vestido em algum evento vão me olhar diferente, porque é um vestido apertado, tem decote. E, comigo, ainda tem aquela coisa de “ela não deu pra ninguém pra estar aqui, ela está aqui porque a irmã foi assassinada”.
Enfim, não vou mudar como gosto de me vestir, não vou mudar a maneira que gosto de falar, que gosto de sorrir, não vou mudar o fato de ser mãe. Sou mãe com orgulho, trago as meninas às vezes, já levei elas para o Palácio [do Planalto] num dia de evento com o presidente. Sou casada [com o programador Fred Abdullah]. Tenho os meus sonhos, estou contando os dias para tirar férias para que eu possa levar minhas filhas para viajar. A gente existe, sabe? Somos mulheres que trabalham. Sempre tive jornada tripla, dava aula em cinco escolas.
Respeita a minha história. Não vou sucumbir a padrão para estar na política. E, sobre ser irmã da Marielle, me atacam achando que me incomodo – pelo contrário, morro de orgulho.
MC: E tem o fato de a política ser criada pelos homens e para os homens. Com a maior entrada de mulheres, esse cenário não muda nada?
AF: É o que a Vilma Reis [socióloga] fala: precisamos mudar a fotografia do poder. Só que a Francia Márquez [vice-presidente da Colômbia] rebate e diz – com carinho, porque são duas mulheres negras que trabalham junto –, não basta mudar a fotografia, tem que mudar também o poder. Não adianta estarmos na fotografia se a gente não vai ter o poder de decisão. E mudar o poder significa ter mais de nós – principalmente mulheres negras – em todos os lugares de protagonismo.
MC: O que falta para o Brasil ter uma mulher negra entre os 11 ministros do Supremo?
AF: Primeiro, a gente tem defendido a presença de uma mulher negra no STF. Não seria eu se não falasse que essa é a minha opinião. Minha opinião é que a gente indicaria, sim, uma mulher negra. A sociedade não está pronta ainda para muitas coisas: ver mulher negra no STF, ver mulher negra enquanto ministra, como presidenta de banco. A gente ainda tem enfrentamento para fazer, e acho que isso vai se dar com o letramento, vai se dar também com a comunicação antirracista mais eficiente.
MC: O aborto faz parte da vida das brasileiras. Uma em cada três mulheres até os 40 anos já realizou o procedimento no país. Há agora a chance de descriminalizar o aborto através do STF. Qual é a sua posição?
AF: Eu, enquanto mulher, acho que a gente tem que ter direito ao nosso corpo. É inadmissível sempre um monte de homem decidir sobre os nossos corpos.
MC: O assassinato de Marielle é considerado, também, um feminicídio e uma violência política de gênero. Hoje é a senhora que está em um cargo político. Como a violência política de gênero chega na senhora, cotidianamente?
AF: Hoje são xingamentos na internet. O ataque presencial não sofro tem tempo, graças a Deus. A última vez foi há três meses, dentro do aeroporto. As pessoas xingaram, tiraram foto e gravaram, dizendo “aquela feminista de merda”, “irmã da abortista, maconheira”, “vagabunda”. Eu estava vindo de Belém e indo para o Rio.
* Dias depois desta entrevista, Anielle Franco acionou o Ministério da Justiça contra ameaças e ataques de ódio recebidos nas redes. Como medida de proteção pessoal, a ministra da pasta da Igualdade Racial também também pediu escolta enquanto durarem os ataques, que foram engatilhados com a repercussão da agenda de enfrentamento ao racismo nos esportes: a assinatura de um compromisso inédito entre o Ministério da Igualdade Racial (MIR), do Esporte (MESP) e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF); e a ação de divulgação do Disque 100 para denúncias junto com o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, durante a final da Copa do Brasil, em São Paulo.
Em nota, o MIR afirmou que a final da Copa do Brasil foi escolhida para a realização da ação de divulgação pelo alto número de pessoas presentes no estádio e pela grande audiência, típica de uma final de campeonato. E disse que a utilização do voo da FAB (Forças Aéreas Brasileiras) para uma missão institucional é praxe em deslocamentos para ações ministeriais e de governo.
“É muito doloroso receber ameaças de morte e violência por ser uma mulher na política e perceber que desde a minha irmã, nada mudou. Essa investigação é importante para que possamos seguir com o nosso trabalho e a construção das políticas públicas para o povo brasileiro. É para isso que eu trabalho todos os dias”, disse Anielle Franco em nota oficial.
MC: Quais são as suas ferramentas para lidar com isso? Por exemplo, já precisou se medicar para lidar? Medita? Sai para correr ou simplesmente ficou anestesiada?
AF: Já liguei um foda-se. E tenho as minhas ferramentas que não abro mão. Adoro comer – e como como! Não deixo de cultuar minha fé em hipótese nenhuma. E, sempre que possível, transo, não é? Porque não tem como ficar nesse mundo sem transar, beber e jogar vôlei.
MC: Tivemos avanços recentes nas investigações do assassinato de Marielle e de Anderson. Acredita que saberemos o mandante do assassinato de Marielle em breve? Quanto breve?
AF: Espero que a gente não precise esperar mais seis anos para saber quem mandou matar. O porquê é algo que pra mim, realmente, não sei. Se era pelo que representa, se era pelo que entendia, se era pela postura. Mari tinha num único corpo lutas plurais, representava muita coisa, era grande. Confesso que tem um lado meu que tem esperança de que vão descobrir [quem mandou matar], mas tem um lado que às vezes perde um pouco dessa esperança. Não vou mentir, não. Porque tem muito tempo já, sabe?
MC: Pode fazer um balanço desse primeiro ano de Pasta? O que conseguiu fazer que foi uma conquista?
AF: Estou orgulhosa deste primeiro ano. A gente chegou para reestruturar, sabe aquela coisa de capinar do zero para florescer equipes, florescer programas e tal. A pauta e a parte da educação, que pra mim é primordial, como a revisão da Lei de Cotas, e isso agora já está no Senado… Depois, tem as cozinhas solidárias, um programa que a gente tem olhado com muito carinho com o ministro [do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome] Wellington [Dias], não só para a produção de alimentos em favelas, periferias e comunidades, mas para a empregabilidade das mulheres que já lidam com isso. Esse é um projeto pelo qual tenho carinho e a gente está tentando fazer.
A gente foi na ONU discursar na abertura do Fórum Afrodescendente, um discurso feito em inglês. As entregas das bolsas de estudo, os intercâmbios… No mais, nunca antes existiu um Comitê Técnico de Saúde da População Negra. É a primeira vez que o Ministério da Saúde topou a ideia, que era uma demanda histórica do movimento negro.
MC: Onde estaria Marielle agora se não tivesse sido morta há cinco anos?
AF: Sempre me pergunto isso quando chego ao Congresso. Olha, ela já teria alçado voos maiores. E no futuro poderia ser a primeira presidenta negra deste país.