Presidente do diretório municipal da legenda em São Paulo, Fernando Alfredo acusa ala tucana de golpe
O presidente do diretório municipal do PSDB de São Paulo, Fernando Alfredo, diz que uma ala da sigla trabalha no que chamou de “golpe” para tirá-lo do posto e convencer a deputada federal Tabata Amaral, do PSB, a migrar para a legenda tucana mirando as eleições de 2024 em São Paulo. A ideia, com isso, seria que a sigla lançasse um candidato próprio forte e não apoiasse a tentativa de reeleição do atual prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB). Tabata, até o momento, conta com o apoio do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, do mesmo partido. Mas, segundo Alfredo, três membros específicos do PSDB têm comparecido “várias vezes por semana” no gabinete da pré-candidata à prefeitura da cidade: Paulinho Serra, prefeito de Santo André; Xexéu Trípoli, vereador de São Paulo, e Orlando Faria, ex-secretário municipal de Habitação.
Fernando Alfredo afirma que Orlando “vai ao menos 3 vezes por semana” ao encontro da deputada, enquanto Xexéu vai “semanalmente”. Para ele, uma mudança de partido “facilitaria a vida” de Tabata, que atualmente está em um partido considerado de esquerda e terá que concorrer com Guilherme Boulos (PSOL). “Se ela migra para o PSDB, que é de centro e importante em São Paulo, pode ganhar força e prejudicar Ricardo Nunes”, explica. Alfredo afirma que o grupo encabeçado por ele é o único que vem “atrapalhando” os planos do trio. “Sou o único entrave, o único obstáculo para que o partido seja levado para a Tabata”, diz. O presidente do diretório municipal do PSDB defende o apoio à candidatura de Nunes, acordo costurado quando Bruno Covas, falecido em 2021, concorreu [e ganhou] a eleição em 2020. “Eu vou lutar até o final, não abro mão de cumprir o apoio feito pelo Bruno. Não temos motivos para não cumprir o acordo feito, o Ricardo [Nunes] cumpriu com a gente”, completa, afirmando que o PSDB ainda tem os cargos majoritários na gestão da cidade.
CONVENÇÕES
Para minar o grupo que defende que o PSDB não deve lançar um candidato próprio e sim apoiar Nunes, Alfredo afirma que Paulinho, Xexéu e Orlando estão forçando uma narrativa contra ele. Recentemente, Fernando Alfredo foi acusado de cometer irregularidades, como expulsar arbitrariamente militantes que lhe faziam oposição interna – e corre o risco de ser afastado e até mesmo expulso da legenda. Ele nega as acusações e diz que é vitima de armação. A crise piorou no último domingo, depois que ele foi reeleito presidente do diretório da capital por mais dois anos. A convenção tinha sido suspensa pelo diretório estadual da sigla, sob pretexto de investigar Alfredo. “Estão tentando dar um golpe no diretório municipal. Eles não montaram uma chapa para concorrer comigo. Tiveram todas as oportunidades de participar dos processos internos de disputa no partido e nem tentaram”, afirma. Enquanto isso. Fernando Alfredo segue na presidência municipal do PSDB. Já a outra ala da legenda ameaça nomear um presidente provisório. Alfredo garante que não vai deixar a sigla. “Entrei no PSDB aos 13 anos, me filiei aos 16. Não vou sair do partido.”
DISPUTA NACIONAL
Alfredo falou, ainda, sobre a situação do PSDB nacional, que recentemente sofreu uma determinação da Justiça para afastar o governador gaúcho Eduardo Leite – atual presidente da sigla – do cargo, e realizar novas eleições. De acordo com o presidente do diretório municipal do PSDB de São Paulo, Paulo Serra, Xexéu e Orlando são ligados a Leite, e podem perder força se ele realmente deixar a Executiva Nacional em breve. Os nomes do senador Tasso Jereissati e do deputado federal Aécio Neves são cotados para assumir o posto.