Atletas comemoram a paridade de gênero nas Olimpíadas, mas destacam os desafios que ainda persistem
Atletas femininas que participaram de um desfile de moda em Paris para celebrar a paridade de gênero nas Olimpíadas marcaram o avanço alcançado nos jogos, mas ressaltaram que ainda há muito a ser feito para melhorar as condições de trabalho, salários e visibilidade das mulheres nos esportes.
Entre as atletas destacadas, estavam a medalhista de ouro do vôlei de praia Natalie Cook, a corredora de BMX Sarah Walker e a corredora de meia distância norte-americana Athing Mu. Elas desfilaram com camisetas estampadas com mensagens como “Paridade em Paris” e “Eu Sou”.
Esta edição das Olimpíadas é a primeira em que há um número igual de homens e mulheres competindo em geral. No entanto, a divisão ainda varia significativamente entre países e esportes. Paris, onde as mulheres participaram pela primeira vez em 1900, quando apenas 22 mulheres representavam 2% do total de atletas, agora reflete um cenário muito mais equilibrado.
“Sinceramente, é preciso trabalhar mais para proteger as mulheres nos esportes”, afirmou Ebony Morrison, que representará a Libéria nos 100 metros com barreiras. Ela destacou desafios como a adequação das roupas, o assédio online e a falta de segurança com pessoas que deveriam apoiar as atletas, como médicos e treinadores.
O interesse do mundo da moda nas atletas mulheres aumentou antes dos Jogos de Paris, com a velocista americana Sha’Carri Richardson na capa da Vogue e a revista Marie Claire lançando uma edição especial sobre Mulheres no Esporte com a jogadora de basquete A’ja Wilson.
Mais da metade do conteúdo no site Olympics.com e nos canais de mídia social das Olimpíadas é dedicado às mulheres, conforme revelou o CEO da Olympic Broadcasting Services, Yiannis Exarchos. “Não acho que existam muitas plataformas esportivas, especialmente grandes plataformas esportivas como as nossas, que tenham esse equilíbrio de gênero”, disse Exarchos.
Ainda assim, para cada mulher atleta olímpica que consegue estar sob os holofotes, muitas outras enfrentam dificuldades financeiras, como observou Natalie Cook, cinco vezes atleta olímpica pela Austrália. “Eu nunca quero ouvir um atleta dizer que abandonou o esporte por falta de dinheiro, e descobrimos que a maioria desses atletas são mulheres.”
A Austrália está buscando paridade de gênero não apenas entre atletas, mas também entre treinadores para as Olimpíadas de Brisbane 2032, conforme explicou Cook, que faz parte do conselho de diretores dos Jogos.
Sarah Walker, medalhista de prata em BMX nas Olimpíadas de Londres 2012, desfilou grávida de seis meses. “Vou ter uma menina, e já tenho uma menina de dois anos também. Quero mostrar a elas que não importa o que pensemos sobre nossos corpos ou como eles devem ser, elas podem fazer coisas incríveis, serem atletas olímpicas e até participar de um desfile de moda em Paris”, afirmou Walker, que também destacou a necessidade de aumentar a representatividade feminina entre treinadoras.
O desfile também contou com a presença da nadadora do Catar Nada Mohamed Wafa Arakji, uma das primeiras mulheres a competir pelo Catar nas Olimpíadas de Londres 2012, quando tinha apenas 17 anos. Este ano, apesar de uma delegação de 14 pessoas, o Catar conta com apenas uma atleta mulher, Shahd Ashraf, que fará sua estreia olímpica nos 100 metros.
Fonte: Agência Brasil