Amigos, familiares, militantes sociais e políticos de diversos partidos lotaram o auditório do shopping Paço Alfândega, no centro histórico do Recife, para homenagear o ex-governador Eduardo Campos, que nesta segunda-feira (10) completaria 50 anos.
Por mais de duas horas, se sucederam discursos de governadores, presidentes de partidos, parlamentares e familiares. Entre um e outro pronunciamento, poesia e arte. Estiveram presentes a ex-candidata à presidência e ex-senadora Marina Silva, o senador Aécio Neves (PSDB), o ministro da Defesa Jaques Wagner, do PT, e o governador de São Paulo Geraldo Alckmin, do PSDB, seu vice Márcio França (PSB). Primeiro a discursar, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, falou da falta que Campos faz no atual momento de crise política e econômica que o país enfrenta. “Tenho encontrado muitas pessoas em todos os lugares onde vou que dizem: que falta nos faz uma figura como Eduardo Campos num momento de crise como hoje”, disse. Siqueira afirmou que, na oposição ou no governo, como presidente da República, o certo é que Campos teria um papel relevante na busca de superação desta crise. “Disso nem eu nem nenhum brasileiro tem dúvida”, dada sua capacidade de agregar diferentes forças políticas e sociais. O presidente do PSB disse que Campos sonhava com um país desenvolvido, igualitário, “capaz de desenvolver sua economia sem perder o sentido da justiça social, da igualdade de oportunidade para todos”. Esse sonho, afirmou Siqueira, continua a orientar o PSB e a inspirar muitos brasileiros. Mas ressaltou: “Esse sonho é nosso, e continua, mas não é só do PSB, está acima das diferenças partidárias“. A ex-senadora Marina Silva, que assumiu a candidatura à presidência do partido após a morte de Campos, fez um discurso emocionado e defendeu o respeito à Constituição e à democracia. “Quando algo tão dramático acontece em nossas vidas tem que ser para nos tornar melhores e maiores. O que Eduardo pede, com todos os que partiram com ele, é que nos tornemos melhores e maiores. E se não nos tornarmos melhores, também não temos o direito de ser maiores”, disse. “Nesse momento difícil que vive o Brasil, o que poderia nos levar a ser melhores e maiores? Com certeza olhar de baixo pra cima para ver o que está acima de nós. Acima de nós está o Brasil, acima de nós está a nossa democracia, acima de nós esta a nossa Constituição, acima de nós estão 220 milhões de brasileiros que querem um Brasil melhor”, afirmou. Olhar o futuro Candidato a vice na chapa com Marina Silva, após a morte de Campos, Beto Albuquerque lembrou de sua trajetória, desde a juventude no PSB, que coincidiu com a de Campos. “Hoje sinto falta desse líder, desse comandante chamado Eduardo Campos”, afirmou o vice-presidente de Relações Governamentais do partido. Mas, emocionado, Albuquerque aproveitou para fazer uma convocação: “Todos estamos chamados a seguir em frente, sob o legado do jovem Eduardo, que completa hoje 50 anos. Estamos chamados a continuar sua luta, a olhar pra frente como ele, a olhar o futuro, como ele sempre mirou, a pensar no Brasil e nos brasileiros e não noutros interesses”. O presidente da Fundação João Mangabeira, o ex-governador Renato Casagrande, disse que a “sensação de ausência se amplifica muito neste momento”. Para ele, se eleito presidente da República, “Eduardo Campos, com certeza, seria capaz de conduzir o Brasil pra fazer essa travessia difícil”. Casagrande lembrou de como a militância no PSB os aproximou e permitiu criarem “uma relação baseada na franqueza, na lealdade e na determinação e vontade de melhorar a vida das pessoas”. “Comemoramos seu cinqüentenário e lembramos com tristeza sua partida. Vida curta, mas muito intensa, o que faz com que seja sempre uma referência para nós”, disse. Durante a homenagem, foi lançada uma coletânea de discursos do ex-governador, em oito volumes, organizados pelo jornalista Evaldo Costa. Sensibilidade Intensidade e sensibilidade no trato com as pessoas foram citadas pelo prefeito do Recife Geraldo Júlio como diferenciais de Eduardo Campos. “Eduardo deixa uma saudade imensa em todos nós. E essa saudade vem por conta da intensidade que Eduardo tinha, na vida política brasileira, na vida política pernambucana, no governo, na vida com os amigos, na família, na vida do povo”, afirmou. Outra qualidade do ex-governador era a sensibilidade que tinha de entender as pessoas, lembrou o prefeito. “Muitas vezes, uma pessoa queria dizer alguma coisa a Eduardo, mas não encontrava palavras. Ele, somente no olhar, pelo comportamento dessa pessoa, sabia exatamente o que ela estava sentido e o que estava pensando dizer. Veracidade O economista Paulo Rabello de Castro defendeu a prática de uma nova política, fundada em novos valores e por homens capazes de ser verazes, citando Eduardo Campos. Como fez o prefeito Geraldo Júlio, em seu discurso, o economista também escolheu uma palavra para simbolizar o ex-governador: a veracidade. “O Eduardo era veraz, tinha amor de dizer aquilo que era de fato, e nisso não tapeava ninguém, não fazia a política da dissimulação, a política da mentira. Não fazia a política da falsa euforia, de um país preso ao ciclo de commodities, tirando uma onda de desenvolvido, de grau de investimento, quando nunca atingiu este patamar”, afirmou. Rabello de Castro disse que o país vive a “mais grave crise financeira autoinflingida desse início de milênio”. “Podemos sair dela, porque estamos embalados por aquele lema deixado por Eduardo: Nós não vamos desistir do Brasil”, ponderou. Família Ao encerrar a cerimônia, a viúva Renata Campos se emocionou ao falar na companhia dos cinco filhos. “Ontem passamos o primeiro Dia dos Pais sem Dudu. Hoje, celebrar seus 50 anos sem sua presença física é muito doído, a saudade é enorme”, disse ela. “Mas saber que sua vida, suas ideias, suas bandeiras, sua história nos trazem até aqui, nos mantêm unidos e vivos, é muito confortante, é sinal da presença dele. Celebrar com os amigos a vida de Dudu, com tantas histórias pra contar, nos anima e dá força pra seguir adiante”, afirmou. “Ele tinha uma grande vontade de transformar a vida das pessoas. Sempre dizia que a melhor obra que poderia fazer era inaugurar vida na vida das pessoas. E isso ele fez muito, apesar da vida tão curta. Viveu intensamente”, lembrou. Ao final, um vídeo foi exibido em telões mostrando momentos do ex-governador em família e de sua trajetória política. |
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