Conferência da Rede Hemisférica Feminina 2024 ocorre no Brasil no mesmo momento em que o tema ‘autonomia econômica’ é selecionado como um dos três mais relevantes pelo inédito Grupo de Trabalho de Empoderamento de Mulheres do G20
Em que medida as decisões das 20 maiores economias do mundo podem ter reflexos positivos na carreira e no mercado de trabalho das mulheres? Foi buscando a resposta para essa pergunta que aconteceu nesta sexta-feira (21), em São Paulo/SP, a Conferência da Rede Hemisférica Feminina (WHN) de 2024, organização do Council of the Americas que incentiva e inspira mulheres a alcançar cargos de liderança e permanecer no mercado de trabalho. O evento ocorreu no Brasil concomitantemente à presidência brasileira do G20 e à Coordenação do Grupo de Trabalho de Empoderamento de Mulheres pelo Ministério das Mulheres.
Representando o MMulheres, a secretária-executiva e coordenadora do GT, Maria Helena Guarezi, abordou o impacto da agenda G20 para a autonomia econômica das mulheres no Painel 1, que teve como focoos principais tópicos das agendas dos grupos de engajamento da sociedade civil Women20 (W20), Business20 e Startup20 relacionados ao mercado de trabalho para as mulheres. Foram debatidos temas como fomento ao empreendedorismo feminino, meios de acesso a financiamento e políticas de incentivo que promovam a equidade e igualdade de gênero nas diferentes esferas de trabalho.
“Precisamos colocar as mulheres no centro da economia. Queremos milhares delas falando sobre economia, para que seja inclusiva, para que todos estejam nela. E para que o cuidado seja o mote desses debates, porque o cuidado é a sustentação da economia e não está sendo considerado dentro desse sistema e desse processo”, destacou a secretária-executiva.
A secretária-executiva falou ainda sobre as três prioridades propostas pela pasta para o GT de Empoderamento de Mulheres quando o Brasil assumiu a presidência do G20, sendo uma delas a igualdade no mundo do trabalho. “Acessar, permanecer e ter uma carreira que nos leve a todos os lugares, precisa estar no debate, mas também a questão do cuidado, que está exclusivamente nas mãos das mulheres. E não é tarefa das mulheres sustentar a economia e o mundo com o trabalho do cuidado”, afirmou.
Com o objetivo de explorar a interseção entre as experiências individuais das mulheres em suas carreiras e as dinâmicas econômicas e sociais discutidas no âmbito do G20, também participaram do Painel a coordenadora do grupo W20 e fundadora da Rede Mulher Empreendedora, Ana Fontes; a líder de mulheres, diversidade e inclusão do B20 e presidente de Pagamentos Globais do EBANX, Paula Bellizia; e Ingrid Barth, coordenadora do grupo Startups 20 e presidente da Associação Brasileira de Startups (ABStartups). A mediação da mesa ficou à cargo de Cecília Tornaghi, jornalista e diretora sênior de Política na Americas Society/Council of the Americas (AS/COA) com foco no Brasil.
Para Ana Fontes, as medidas implementadas e recomendadas no G20 têm um poder importante, porque os países do grupo se olham, trocam informações e números, e quanto mais avançadas as recomendações, maiores as possibilidades de os países conseguirem implementar.
“Acredito que temos, neste ano, com a presidência do Brasil no G20, chances de implementar ações que façam a diferença na vida das mulheres em vários aspectos. O alinhamento de grupos como o W20 e o B20 dão uma chance enorme de conseguirmos colocar as pautas fundamentais para mudar a vida das mulheres”, explicou.
Fontes explicou ainda que, para as mulheres que têm um negócio, e para as microempreendedoras, os grupos trabalham por uma recomendação para que elas tenham acesso a capital, crédito, linhas de inovação e políticas inclusivas. “Para que consigam espaços e vender mais. Para mudar a vida, especialmente, das mais de 10 milhões de mulheres empreendedoras nesse país.”, afirmou.
Além do Painel com participação do Ministério das Mulheres, também foram debatidos a liderança de mulheres em setores estratégicos e o papel delas para a pauta do desenvolvimento sustentável com convidadas como Tarciana Medeiros, presidenta do Banco do Brasil; Cassiana Fernandez, chefa de pesquisa econômica da América Latina da JP Morgan; Cristina Palmaka, presidente na América Latina e Caribe da SAP; Priscila Oliva, vice-presidente e diretora geral do CAS da Torre Americana; entre outras.
Ineditismo do Brasil
O GT de Empoderamento de Mulheres reúne-se como grupo de trabalho oficial pela primeira vez neste ano de 2024 apontando um consenso importante dos países membros de que a perspectiva das mulheres é importante o suficiente para pautar um debate deste porte uma vez que as desigualdades entre mulheres e homens se assemelham nas diferentes culturas e sociedades. Antes disso, o tema de mulheres era debatido no âmbito do grupo de engajamento social, paralelo ao G20, Woman20, desde 2015.
Sobre o WHN
A Conferência da Rede Hemisférica Feminina foi lançada em 2012 com o apoio de Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile, e Margarita Zavala, ex-primeira dama do México. O evento reúne líderes dos setores público e privado para debater sobre inovação, empreendedorismo, inclusão financeira e trabalho de cuidados, entre outros temas.
Fonte: ASCOM/PR