O PSB afastou nesta quinta-feira (21) a possibilidade de um acordo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Paulo para ter um palanque único com os petistas no primeiro turno, e redobrou a aposta na pré-candidatura da deputada Tabata Amaral. O presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, afirmou que “não há razão” para retirar a pré-candidatura de Tabata e apoiar o deputado federal Guilherme Boulos (Psol), lançado por Lula com apoio do PT.
“Não vejo razão para um acordo no primeiro turno”, disse Siqueira ao Valor. “Nem de longe há qualquer possibilidade de a Tabata desistir”, afirmou. Siqueira disse ainda que a pré-candidatura do PSB em São Paulo é “para valer”. “Ela quer ser candidata e tem apoio do partido”, disse.
Siqueira reuniu-se com Tabata na quarta-feira (20) em Brasília, para tratar da estratégia eleitoral na capital paulista. No mesmo dia, durante a reunião ministerial, Lula deu um recado para o vice-presidente Geraldo Alckmin e para o ministro Márcio França (Empreendedorismo), ambos do PSB, que o governo federal não pode ter dois palaques em São Paulo.
Lula tem atuado diretamente para costurar apoio para Boulos. O presidente quer filiar a ex-prefeita, ex-petista e secretária municipal de Relações Internacionais da capital, Marta Suplicy, ao PT, para ser vice do pré-candidato do Psol. Ontem, Lula indicou que agora deve agir para tentar atrair o PSB.
Em 2022, na disputa pelo governo de São Paulo, Lula articulou a retirada das candidaturas de Guilherme Boulos e de Márcio França para que Psol e PSB apoiassem Fernando Haddad (PT), atual ministro da Fazenda. Depois de sair da disputa, Boulos foi lançado por Lula à Prefeitura paulistana. França ganhou um ministério: primeiro foi o de Portos e Aeroportos, e agora, o do Empreendedorismo.
O presidente nacional do PSB descartou que o partido desista novamente para apoiar o candidato de Lula em São Paulo. “A situação era completamente diferente. Agora estamos vivendo tempos de normalidade”, disse. “Temos que nos acostumar com a democracia”, afirmou. “Ninguém quer barganhar nada”, disse o dirigente.
Segundo Siqueira, a eventual aliança poderá ser feita no segundo turno, com o candidato do campo progressista que estiver na disputa.
O presidente do PSB afirmou que ainda não foi procurado por Lula nem por ninguém da pré-campanha de Boulos para discutir um eventual acordo.
A deputada Tabata disse que “entende e respeita” o pedido feito por Lula a Alckmin e França, mas rejeitou a possibilidade de desistir para apoiar Boulos no primeiro turno. “O PSB tem um projeto sólido e independente e isso não vi mudar”, afirmou a parlamentar, em entrevista à Rádio Bandeirantes.
Tabata preside o diretório municipal de São Paulo do PSB e na terça-feira filiou o apresentador José Luiz Datena ao partido, em cerimônia em Brasília, com a presença de Alckmin e França. Datena é cotado a vice da deputada, mas ainda não definiu se participará das eleições de 2024. Hoje, a deputada reforçou os elogios ao apresentador ao dizer que ele tem “história” e “vai contribuir muito” se compuser a chapa. “O PSB precisa apresentar um projeto alternativo à polarização”, disse Tabata.
A capital paulista pode ter uma reedição do embate entre lulistas e bolsonaristas em 2024. Lula lançou a pré-candidatura de Boulos no ano passado, em março de 2022. O ex-presidente Jair Bolsonaro ainda não definiu seu candidato na cidade, mas tem sido cortejado pelo prefeito e pré-candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), que tenta ser o candidato do bolsonarismo na cidade.